sexta-feira, 14 de outubro de 2022

 



                           A VIDA É COMBATE

 

IGREJA DOS REMÉDIOS -S. LUÍS  - MA



Lembro quando criança da brincadeira preferida do meu irmão, também minha, que era negociarmos nossos pertences e as coisas da casa,  vendidas um para o outro e para os familiares. Uma tábua servia de balcão, com os  produtos para a venda.  O dinheiro em pedaços de papel, desenhado pelo futuro artista plástico. A atividade de compra e vende o homem exerce desde tempos imemoriais, quando a troca era o meio de negociar. A produção de bens para o consumo como forma de promover ganho financeiro às pessoas individualmente. A criatividade que enriquece o mundo.

As mulheres grandes negociantes de seus produtos caseiros, antes da era industrial. Ainda não se falava em poder feminino, conquanto a produção artesanal das mulheres constituísse fonte de renda da família, às vezes a única. Antes das fábricas, que vieram para torná-las operárias. O trabalho fora com relevante importância, além do trabalho em casa. A ancestralidade da atividade de negociar, que se desenvolve com a invenção da moeda e com os bancos, onde o dinheiro é negociado. Negociantes sempre os há nas famílias, tenho primos bem sucedidos nesse ramo de atividades.

No livro “A Vergonha” de Annie Ernaux, ganhadora do Nobel da Literatura de 2022, obra autobiográfica, como toda a literatura da laureada. O texto tem início com a autora fazendo escárnio do pequeno comércio dos pais, que também são escarnecidos. Mescla de estranhos e constrangedores fatos da vida pessoal ao  coletivo, aliados nessa sua chamada “autobiografia impessoal”. Filha única de pequenos negociantes, a escritora pôde estudar em colégio religioso particular, do qual critica a religiosidade. E no afã de ser combativa opta por uma linguagem seca e desprovida de lirismo. Em suma, a Suécia, que acaba de colocar no poder a extrema direita em eleição democrática, faz homenagem à França da esquerda  democrática de Macron.

A VIDA É COMBATE.

 


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