ELEGÂNCIA
Maria detecta em sua gênese familiar
um elegante histórico. Gerações de memorável bom gosto no vestir e se
comportar, que gozavam de respeitabilidade pela elegância no trato pessoal e na atenção ao social.
Nos novos tempos, ao desprezarem os valores familiares, as pessoas passaram a se
sentir um quase nada, e optaram pela transgressão. Um pertencimento aleatório passou a dizer tudo sobre fulano, e menos sobre quem ele é de verdade. A
distinção pessoal sendo medida pelas roupas, viagens e tudo mais consumido e
exposto para inflar o ego. O tal consumismo, e os moços “estilozos” em
exposições ambulantes de mau gosto. Uma apoteose sugando o viver.
Certo que no passado havia excesso de
restrições, a mulher vivenciando um estado absurdo de opressão, cujo maior
sonho era ganhar liberdade de ser e agir.
Não dava para continuar sentindo vergonha dos seus anseios, inclusive,
sexuais. Daí que surgiu a pílula anticoncepcional, para dar início à revolução
nos costumes. A princípio condenada, por limitar a natalidade, que estava no
auge. Pairou no ar o medo de faltar gente para trabalhar e pagar os
aposentados. Ainda no início do processo libertário, o cantor Tom Zé cantava
para as mulheres um refrão: “Parem de tomar a pílula.”
As grandes transformações que
ocorriam não davam impressão de que progredíamos. Aflição geral. O conhecimento
se dilatava no tempo e no espaço, com o inacreditável pouso na lua, enquanto minguava
a consciência do homem sobre si mesmo. “Nada será como antes” diziam aos quatro
ventos. Lulu Santos escancarando: “Nada do que for será do jeito que já foi um
dia...” Quedamos irreconhecíveis diante de nossos próprios olhos, a tatear no
escuro.
Como todos sabem o homem é um animal
político, e o mundo polarizou-se numa direita conservadora e uma esquerda mais
para destruidora que qualquer outra coisa. Os brasileiros por mais de uma
década com a triste experiência de uma deselegante e enganadora mentalidade esquerdista.
Eis que foi substituída por uma direita atípica, também sem elegância, isso por
pouco tempo, acaba de sair de cena. E em retrocesso é como se encontra a política
brasileira no momento.
Resta a saudade de um tempo em que
era óbvio o certo e o errado, normalíssimo que as pessoas prezavam a elegância,
que significa respeito aos valores universais. Estudo, trabalho, amor à vida, dando
medida às realizações. Que bom se avançássemos no tempo sem perder a dignidade,
sem abandonar a compostura.
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