ESTILO E HISTÓRIA II
Falar em estilo e sofisticação muita coisa entra ainda em pauta, além do poder aquisitivo tem a educação e a cultura de cada pessoa, que consome um número infindável de produtos colocados no mercado. Tem gente por trás disso tudo, ganhando rios de dinheiro. Há os que consomem e os que criam e e produzem, quem na realidade dita as regras do jogo para os vaidosos e preocupados em aparecer. Festas e mais festas que acontecem, assunto que remete ao século XVII, ao rei da França Luís XIV, quando começou a era do luxo e da ostentação. Um jovem belo e carismático rei alçado à condição de lenda pela imagem fabricada junto com a do seu país. A lendária imagem vendida para o exterior, na realidade um mercador da vaidade, que se lançava no mercado, ao lado dos produtos por ele consumidos.
Nada acontece por acaso, ou da
noite para o dia, a França estava preparada para dar esse passo, ao lado de
pessoas altamente capacitadas para a
missão de criadores da moda, os artesãos de toda sorte de produtos que se tornaram famosos, quase como o próprio soberano. O suprassumo
da vaidade imperava na ocasião. Foi quando aconteceu a invenção do champanhe
por um monge beneditino, Dom Pierre
Pérignon, responsável pela adega da abadia de Hautvillers, que nunca imaginou ser celebridade. Mas foi o
que aconteceu, quando o estourar de um
champanhe passou a ser a melhor forma de demostrar o quanto uma ocasião é
especial. Para os que podem pagar pelo caro produto, lógico. Mas assim como tem
os súditos do rei no passado, atualmente há os súditos dessa ou daquela figura
famosa.
O champanhe ainda hoje é um produto caro pelo especial insumo,
modo de fabricação e ser uma bebida que requer garrafas de vidro mais resistente
que o utilizado no vinho comum, para se manter hermeticamente fechado e
preservar as borbulhas. O famoso estouro do champanhe, como um caro regalo. Um casamento
regado a champanhe é o máximo, e tem gente que chega a abolir a popular cerveja
na sua festa, por ostentação, ou até mesmo para preservar o ambiente dos
excessos da bebida popular. O champanhe que é simplesmente um vinho espumante, e,
como já foi dito, remonta ao tempo de Luís XIV, quando a França praticamente
inaugurava um novo modo de viver, sob a égide da elegância, uma bebida que cintilava à luz
dos espelhos do palácio de Versailles. Luxo, tipicamente francês, oportunamente adotado
no mundo todo.
O Champanhe surgiu na hora exata para
beneficiar um daqueles momentos transformadores de hábitos e garantir a maré de mudanças e seu sucesso. Antes conhecido
como “vinho de Pérignon”, até que outro abade
beneditino partilhou o segredo do
vinho espumante da abadia de Hautvillers com sua família de vinicultores que ,
em 1729, fundou a primeira empresa
conhecida como maison,
devotada à exclusiva produção de champanhe (Maison Ruinart, que ainda hoje produz
champanhe). Quanta história por trás do champanhe, que passou a ser grafado com
letra minúscula! E no momento em que começou a ser consumido era adquirir
um status, como se não fosse um vinho, mas o segredo de um estilo de
vida. Novidade que foi satirizada nos palcos franceses da época. Jean-François Regnard na virada do
século, em 1700, coloca a champanhe no
centro de cada uma das suas comédias na qual retrata a esbanjadora juventude dourada de Paris, que gastava dinheiro ostensivamente, consumindo o ”vinho
que espuma”. E o que dizer do Brasil, em pleno século XXI, que dá ao espumante produzido no Brasil o
apelido de champa? Mesmo assim para o bolso de poucos. Sugerir ao povo que consuma o tal champa no lugar da popular cerveja é proceder como Maria Antonieta ao
mandar o povo — a quem faltava pão —, que comam brioches.
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