quarta-feira, 1 de novembro de 2023


FICÇÃO

                                         ENCONTRO DE NOVEMBRO 

 

 

S. LUÍS - MA

 

             O primeiro programa de Maria para o início de novembro é o encontro no café Mimo com as amigas. Ainda que a turma não esteja completa, apenas uma faltou. Olga está de volta após uma viagem a Fátima, em Portugal, para pagar uma promessa, é dessas pessoas que ainda fazem e pagam promessas, o que espanta as demais. É servido o lanche, conforme reivindicado por cada uma, que têm seus gostos, ou impedimentos por questões de saúde. Algum tempo depois, as xicaras já vazias, Marta, a escolhida para trazer um assunto para a pauta daquele encontro, inicia a conversa sobre o Feminismo:

             — Início do século XX, as mulheres reivindicam direitos, a começar pelo sufrágio, quando então G. K. Chesterton declare: “Eu daria ás mulheres, não mais direitos, mas mais privilégios”, e em seu livro “O Que há de errado com o mundo” acrescenta: “Ao invés de mandá-las buscar a liberdade notória nos bancos e fábricas, eu lhes projetaria especialmente uma casa em que pudesse ser livre.” O medo das mulheres entrarem na política sendo apenas “grande amadora”. O filósofo da ortodoxia católica estaria absolutamente certo?

           Maria tem uma resposta:

           — Nada de privilégios, e seja levada em consideração a realidade, que homem e mulher têm necessidades e direitos que lhes são próprios, além do que comungam, como o direito universal de se profissionalizarem para obterem independência financeira. O mundo lá fora, reino selvagem dos negócios, e paterno, seria impróprio para a mãe, dona da consciência civilizada e religiosa da família, o que pensa filósofo católico, e que a mulher só fica segura e feliz dentro de casa, ou seja, na dependência. Nascidas para princesas, casando-se com algum príncipe encantado. Ou encontrar um provedor qualquer. Quando elas têm direito de ter sua própria vida em liberdade, para ir em busca de um lugar ao sol.

            Laís, a feminista da turma, fala a seguir:

       — Nós feministas, há décadas lutamos com unhas e dentes contra coisas que paralisam e falseiam a vida das mulheres. Antes havia a ideia de ser perigoso o voto feminino, com a possibilidade delas ganharem o homem e perderem o jogo, inclusive, em casa. Há ainda o equívoco quanto à feminilidade que entraria em declínio, com o enfraquecimento do homem, até então o poder supremo, com a submissão das mulheres, como foram suas mães. A questão agora é não estar a mulher sujeita à imposição masculina, pela simples razão de ser um lado que fala grosso. 

              Olga entra no debate:

          — As mulheres em sua natural parcimônia e seu escrúpulo, do que as feministas exigem renúncia, para que elas possam melhor quebrar o rolo em cima do homem, um ser por natureza opressor. Pobrezinha da mamãe!...Temos que nos vingar, prega o feminismo radical.

             Maria acrescenta:

— Acabe a tirania que está em cada um, e em toda parte, o que requer tempo e boa vontade. O certo é que as mulheres são grandes negociadoras, sempre o foram. E trabalhadoras, nem se calcula o quanto são boas em seus ofícios. Mas que não percam as mulheres o senso de realidade. Restaure-se o amor, a esperança, a fé, dons femininos por excelência.

Conclui Marta:

—Não há mágica, só com a educação pode o mundo resolver de vez esse drama causado pela modernidade, do trabalho feminino, ao lado do masculino fora de casa, ao qual ela não estaria vocacionada. Certo que com apoio mútuo e o devido respeito acertam-se as coisas entre homem e mulher, como deve ser.

Despedem-se as amigas numa tarde de primavera, muito quente para o mês de novembro. Os shoppings já engalanados para o Natal, ainda distante, mas não para as pessoas que têm pressa em ver a vida sorrir com o nascimento do Filho de Maria. Há esperança de paz, mesmo com as guerras, que matam e ferem, não só os envolvidos na contenda, mas todo o mundo civilizado. Oremos!

 

  

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