O ERRO DE NARCISO
Quando, às vésperas do casamento, seu noivo lhe disse para terminarem pois não se amavam o suficiente para casar, ela ficou paralisada, quase desmaiou. Foi então que decidiu ir até à igreja falar com o padre que ia celebrar o matrimônio. Encontra-o atendendo os fieis com todo carinho e dedicação. Foi como se recebesse uma rajada de esperança, para não ficar perdida diante de tão grande decepção. A fé que move as pessoas nos momentos de dor. E faz esquecer as preferências particulares e privilegiar o amor que contribui para a vitória sobre si. A fé que mantém a delicadeza do ser individual para com os outros, que eleva o amor até aquele canto espiritual, que conforta e dá segurança.
Aquela
jovem noiva estava decepcionada no seu amor, mas de pronto entendeu o
sentido do amor. Uma paz invadiu sua alma, que chorou copiosamente. E não
demorou a estar pronta para ir em frente com sua vida, indiferente a qualquer
embaraço, inclusive de um amor equivocado. Sua realização como pessoa dependia
exclusivamente dela mesma. Não ia mais contar com a benevolência de alguém, que
mesmo respeitosamente, tolhesse sua pessoa das boas, ou ruins experiências, da
provação, e redenção.
O
narcisista acha que os outros dependem dele. Não tem a delicadeza de evitar ferir
o amor próprio de alguém. Inclusive da pessoa que ele pensa que ama, mas só
quer subjugá-la aos seus caprichos. Possíveis dádivas nem sempre beneficiam o
receptor e sim o doador. Importa que não haja queixas do abandono, afinal
ninguém está obrigado a amar, nem a ser bom. Mas o mundo atual é do império do narcisismo, ninguém ama, nem quer o bem do outro, o que vai do mais rico ao mais misrável, todos apostando no erro de Narciso.
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