BRAVO POVO BRASILEIRO
Sob jugo dos desejos é
como vivemos hoje, o que constitui uma descida aos infernos, quando a
tendência é abraçar os sete pecados capitais, não apenas os do capitalismo, mas
de um tempo novo, onde os impulsos são os mais comezinhos. Se condescendemos
com o pecado, se queremos satisfazer desejos a qualquer custo, isso pode nos
levar à perda do sentido da própria vida. Uma pergunta se impõe: Ainda queremos
ou podemos ser felizes? A juventude brasileira parece querer mudar, daí os
movimentos dos últimos dias, mostrando que eles podem se reunir para torcer
pelo futuro da nação e o próprio, e não apenas pelo time de futebol e outras coisas que não lhe dizem respeito. Dão os jovens prova de que podem se indignar, em vez de apenas se alegrar nos estádios, se
embebedarem nas boates. Saíram os jovens em passeatas pelas ruas pedindo
honestidade e mais competência dos políticos. Certamente porque eles também
estão dispostos a ser mais responsáveis, nem todos, pois há os baderneiros. A
coisa partiu da internet onde se fala de tudo, inclusive de religião, como se estivéssemos
na idade média, onde estamos mesmo. Mas a fé de verdade está perdendo sua
força, o espírito numa espécie de queda livre para o abismo da imanência, ou
transcendência emergencial.
Os novos filósofos propõem
a transcendência na imanência, o que viria através da família moderna, em
combinações diversas. A família, núcleo da nossa transcendência, nascida da
necessidade terrena, e não mais da Igreja ligada ao céu, a quem se propõe
armações de toda sorte, maquinações diversas, para tentar salvar o homem da dor
moral em que se consome. Mundo incongruente o nosso, onde o global é o
absoluto, o universal, o público. E na eternidade de nossos desejos retornamos
ao elementar, fazendo emergir um monstro nesse paradoxal acordo universal,
global. O mundo exterior satanizado, que se alia ao particular, ao privado, ao
familiar, onde o rei já se sabe quem é, satã. Será que a comunicação, feita
virtualmente nas redes é coisa boa ou, simplesmente, perniciosa? Se fazemos amizades
com estranhos, se abrimos o coração, o próprio lar, sem que se conheça o rosto
desse alguém que se passa por quem não é de verdade, o que acontece? Uma falsa
comunicação, particular e prejudicial, que atrasa a vida de tantos jovem e
moços que deviam estar dedicados mais aos estudos, ao bem, mas se abrem para o
mal, até se deixarem levar pela conversa de um criminoso que só está ali para
enganar, roubar, e mesmo prostituir. As
crianças, os jovens, horas e horas frente ao computador se expondo, dando informações
sobre a vida pessoal, fato que constitui perigosa invasão de privacidade. E
assim cada vez mais aumentam os crimes na internet, um veículo tão importante e
mal utilizado.
De repente os
brasileiros resolveram mudar de foco. Há duas semanas que a sociedade vive
momentos de tensão, e tudo começou com um protesto de jovens contra o aumento
das passagens e a favor do “passe livre”. O movimento parece ter emergido do
nada para ao caos, com os baderneiros aproveitando para tumultuar. Já os milhares
de jovens arregimentados na internet para protestar, pedem com veemência o combate
à corrupção dentro dos governantes que tenham mais cuidado como os gastos do
dinheiro público, que invistam no que é necessário para a população. Muitas outras
coisas passaram para a pauta das reivindicações. São os novos revolucionários,
que sentem no bolso e na vida os desmandos que acontecem, por conta de erros em
políticas públicas adequadas ao bem estar dos brasileiros. Mas que não se esqueçam
dos próprios erros, quando se aproveitam irresponsavelmente das benesses que
lhes chegam. Chegou a hora dos estudantes estudarem mais e respeitarem os
professores, contribuindo para o progresso da nação. Em duas semanas, os
protestos se estenderam no tempo e no espaço, e o congresso não para de
trabalhar, acaba de rejeitar a Pec 37, que só beneficiava os corruptos. A corrupção passa a ser considerada crime
hediondo. Bravo congresso... Bravo povo brasileiro!