Compartilhando com Ildes Pimenta e Diva Pimenta
Destinos Que se Atraem
O Bosque de Berkana
Carlos Mascarenhas Pires
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO IV
deWilliam Shakeskeare
Excertos do livro "Breve Estudo" de Maria Vima Muniz Veras
Excertos do livro "Breve Estudo" de Maria Vima Muniz Veras
Justifica-se Puck, o gênio da floresta e da confusão,
ao rei das fadas e da ilusão, que foi ele, sim, o culpado de Titânia ter se
apaixonado por um dos artífices que ensaiavam sua peça, o “mais boçal de todo o
bando, o amante da história, transformado em burro”, uma pessoa que não sabe
ser feliz. Um mundo enlouquecido de um
amor burro, por não respeitar os planos. Oberon o poder masculino vai castigar
o poder feminino por seu egoísmo. Enquanto isso, os casais continuam trocados. As
desenfreadas conquistas d`aquém e d`além e seus desencontros é a causa dessa
tragédia. Tudo isso que faz parte do pan-helenismo. O domínio do irracional é
feroz quando Demétrio repudia Helena e corre atrás de Hérmia, enquanto Lisandro
enfeitiçado passa a amar Helena. As coisas ficam confusas na cabeça do civilizado
Demétrio e do bárbaro Lisandro. O renascimento da antiguidade alexandrina ou
helênica no século XV foi de modo extravagante, em que se confunde o
profundamente ético e virtual (Hérmia) com o estético e prático (Helena). No
Sonho, o ideal aristotélico se vê ás voltas com o sincretismo medieval, próprio
do helenismo.
Sempre folgazão, Puck tira a cabeça
de burro de Fio, príncipe dos artesões, a nova classe, dos artífices e
comerciantes, e diz: “Acorde como burro ao natural”. A filosofia aristotélica
da natureza ainda não estava bem assimilada. O tecelão desperta antes da festa das
bodas de Teseu e Hipólita, da civilização conquistada pela força e coragem. Ele
vai encenar no palco junto com os companheiros a própria arte, a criação
artística, tanto religiosa e suas imagens arquetípicas, como a historiografia
literária e seus paradigmas. No mundo hegemônico, de Egeu, do encontro do
Oriente com o Ocidente, do Novo e o Velho mundo, os casais Hérmia e Lisandro,
Helena e Demétrio estão desencontrados, coisas que acontecem nos níveis em que
a arte e a vida se manifesta, mas que se acertam, adquirem nova postura no
contexto humanista, no plano material e espiritual, ético e estético. Até certo
ponto eles estão aptos a seguir para Atenas, que está em qualquer lugar, ou
tempo, onde a civilização se renova. Mesmo
não de todo civilizado, Oberon, símbolo do conquistador dos mares, ao lado de
Titânia, as forças terrenas, ordena que se toquem os festejos. Teseu, o novo
poder civilizador, lastima, entretanto, ter entrado a espada na conquista, e acha
bom a comédia, ou drama, encenado pelos artesãos, por sua “simplicidade e
desvelo”, merecem todo o respeito. Expressam o mundo moderno, a nova civilização
da ciência e da técnica. Acontece que o casal de nubentes, assim como os demais
nobres, interferem o tempo todo durante o desenrolar da apresentação
bufônica.
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