HONESTIDADE SEMPRE
Na hora presente de ameaças à
democracia, o governo tenta apagar incêndios, recolher os cacos das
quebradeiras nas ruas, ou da desesperança dos brasileiros. Tempos caducos, dementes,
não em idade, mas pela razão que se perde em certos momentos. Brigas, mortes, sem
que sejam apresentadas soluções para os graves problemas do país. E sabemos que
é preciso avançar na democracia para sobreviver a tudo isso, desde a miséria
que aumenta, em termos materiais e morais. Nosso país ainda precisa amadurecer,
para que possa superar os traumas do passado e resolver os atuais desafios,
andar para frente com confiança e determinação. Acontece que um dia sim e outro
também vemos manifestantes nas rua, a maioria jovens, meio perdidos em suas
reivindicações, alguns perturbadores da ordem pública, atacando e matando com
rojões, e sendo atacados por policiais. É como o povo se manifesta, sem que haja
uma boa liderança, e recebe o revide das autoridades. Dizem que a coisa está apenas
começando, alternativas perigosas não faltam. Isso é retrocesso, a que nós
outros, pacatos cidadãos dessa sofrida nação, temos que esclarecer. Buscar
ajuda aonde? Para manter a fé e a esperança só vemos uma luz no fim do túnel: a
igreja católica, que sempre foi a bússola nessas horas, haja visto o papel que
ela desempenhou na luta para a democratização do nosso país. É preciso lutar
por direitos, sim, sem ódio de classes, bem entendido.
Nossa democracia ainda tateia para se
tornar adulta, com uma população jovem, que vive numa nação que não amadurece e
pouco avança. Se não aprendemos a ser
livres, se não evoluímos como pessoas civilizadas e responsáveis, o perigo é
cair em armadilhas. A igreja, pela sua maturidade, pode ajudar na resistência
ao opressor, a começar por nós mesmos. A
relação governo brasileiro com o povo é construída, atualmente, na ilusão de
que a felicidade nos pertence por direito, nesse país continental, de riquezas
mil, do qual seríamos felizes herdeiros. Teríamos direitos pré-adquiridos, e
ponto final. O certo é que nosso lugar no mundo – nosso direito à felicidade –
deve ser conquistado. Há nações e
pessoas que podem até ser mais bem aquinhoadas de bens materiais e mesmo
predispostas à felicidade, o que não acontece de modo geral. O mal que faz o governo,
por exemplo, ao iludir os eleitores que eles têm direito à felicidade sem que haja
esforço nesse sentido. Assim como os pais devem proceder honestamente para com eles
próprios e os filhos, do mesmo modo os governos devem agir, não roubar o
direito às pessoas de conquistar sua felicidade e vitórias. E derrotas, por que
não? Dar oportunidade e exigir responsabilidade. Grave erro comete a nação,
através dos seus governantes, quando tenta iludir o povo como faz o pai
irresponsável para com o filho. Falar a verdade, ser honesto, sempre, ou seja,
avisar que temos direito àquilo que conquistamos e mais nada. Impor regras,
limites, sem os quais as pessoas tornam-se inconsequentes, confusas, violentas.
Governo e eleitores a se estranharem em cobranças, assim como ocorre com pais e
filhos.
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