OS TONS CINZAS DO RESSENTIMENTO
Reflexão para quarta-feira de cinza
Por incrível que pareça, mas é
verdade, vivemos ressentidos, e geralmente temos motivo para isso. Acontece, todavia, certas pessoas terem uma
contabilidade afetiva feita de forma a creditar na conta dos outros suas
expectativas. Multiplicam as cobranças, enquanto diminuem suas ofertas. Pessoas há que possuem aquela eterne sensação
de que perderam algo para alguém, sempre insatisfeitas. Almejam o suprassumo da
felicidade, mesmo já tendo alcançado um patamar de satisfação para qualquer ser
normal. Mas parece que na pós-modernidade não há satisfação possível, e que o
inferno é o limite. E o sentimento que nos aflige é de pertencer a uma civilização
prestes a desaparecer, em que a perseguição aos cristãos dá o tom mais escuro
da catástrofe iminente.
Existe ainda tanta coisa a fazer no
nosso mundo superpovoado, carente, onde a fome e a ignorância são um flagelo em
muitos rincões do planeta, de que toda a humanidade se ressente. No que diz respeito ao crescimento
demográfico a coisa se reverteu, não dependemos mais da sobrevivência da
espécie, há excedente, a tal ponto que o papa Francisco aconselhar os próprios
católicos a reduzirem o número de filhos a limites razoáveis. Entendamos melhor
as palavras do chefe da igreja católica, quando ele alerta que o homem não tenha
como missão apenas fecundar a mulher e trabalhar para sustentar a prole. Nem a
mulher deve viver em função da fecundação. Serem os cristãos especialmente fecundos
nos bens ofertados ao mundo, que vão além da procriação.
Que homens e mulheres se disponham a
doar seu tempo ao próximo, por exemplo, cuidar dos que mais necessitam de
atenção, de amparo. E nada melhor que a infância e a velhice amparadas, e
nenhuma civilização pode ser digna desse nome enquanto houver velhos e crianças
abandonadas. Tem que haver compromisso de quem recebe toda sorte de benefícios.
Os pais, e quem mais for, não se obriguem a satisfazer os capricho de uma
geração, parte dela, acostumada a ter o que quer nas mãos. Estejamos todos compromissados, sim, com o
bem, para transmitir esse sentimento aos filhos, pois do bem cultivado vai
depender o equilíbrio pessoal, também do mundo. A pessoa humana não é esse ser ressentido,
ou sádico, que prenuncia o fim dos tempos, visto em escândalos na mídia, ou no
livro best-seller “Cinquenta Tons de
Cinza”, com um filme baseado na obra, figuras midiáticas que não nos representam.
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