A GRANDE FAMÍLIA
No passado as famílias moravam em casas
espaçosas, e era comum os filhos continuarem residindo com os pais depois de
casados, geralmente por necessidade, ou mesmo comodismo. O casal, ou os casais,
permaneciam nessa situação por muitos anos, até a vida toda. A coisa aceita como
norma, e todos se dando bem em família. Por falta de dinheiro, também porque a
mulher era induzida a casar muito cedo, e sem maturidade para arcar sozinha com a
responsabilidade do novo lar, cuidar do marido e dos filhos. Era o que a
família original pensava. Havia casos em que o novo par assumia a direção da
casa e tudo ficava numa boa, os pais felizes por terem quem cuidasse deles na
velhice. Havia abusos de poder, mas tudo bem, valia a pena pela família, que permanecia
unida.
Ou melhor seria que cada um casasse e fosse
morar em sua própria casa? O alerta veio em boa hora, que os casais começaram a
se desentender, cada um querendo puxar a brasa para sua sardinha. É uma brasa,
mora? Roberto Carlos que o diga, com casamentos um atrás do outro, incentivando
a moçada. Não apenas ele, especialmente a turma dos psicólogos. Acomodar-se
em casa dos pais, ou partir para a experiência mais importante da vida que é
ter seu próprio lar? A ruptura foi drástica, e muita gente saiu de casa para
morar sozinha, que o barato, mesmo, era estar livre, leve e solta. A
profissionalização foi a mola mestra da mudança. E o pleno emprego da época, que os mais
novos deixavam de depender financeiramente dos mais velhos. E emocionalmente?
Ninguém queria pensar nisso.
Longe da casa e do controle, que se
dizia burguês, as pessoas foram viver suas experiências. A tecnologia dava
condições para que a vida fosse cada vez mais confortável, mais fácil. A expectativa era grande, e a desconfiança idem, na mesma data, que a família sumisse, ela que vinha se deteriorando. Mesmo assim a nova
geração era reverenciada como se tivesse atingido o ápice da evolução, os mais velhos, vistos como primitivos habitantes da terra, e alguns eram assim mesmo. Mas
o que estava ali para todo mundo usufruir era fruto do trabalho e do saber,
acumulado geração após geração, gente que acreditou no progresso e foi leal aos bons princípios. Não entender isso é navegar em águas turvas, e
todo mundo sabe disso. O certo é que, hoje, para se ter uma grande família, não
precisa que ela seja numerosa em número de filhos, nem é conveniente que seja assim, mas se exija dos seus
membros respeito e cooperação.
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