AQUELA PRAÇA, AQUELE BANCO
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Quase
toda tarde, quando eu voltava do curso que fazia na Escola de Serviço Social, dirigida
pelas Irmãs do Cristo Redentor, via um casal sentado em um banco da Praça da
Alegria, que ficava perto da minha casa. Os namorados não estavam aos beijos e
abraços, mas liam e estudavam, pelo que pude observar. Eu ia me casar em poucos
meses, e também estivera na mesma praça, no mesmo banco, com meu noivo, que
agora estava em outra cidade, onde ele morava, e eu sentia magoa pela
distância. Importante que se tenha bom entrosamento antes do casamento, e
quando não acontece é necessário se desdobrar depois para acertar os ponteiros.
A moça era minha conhecida e sei que ela ficou noiva e se casou com aquele
rapaz, depois que passaram no concurso para o qual os dois se preparavam, como
para uma união bem sucedida.
Não
era costume os namorados ou noivos se relacionarem dessa forma liberal, naquele
tempo o casal de namorados ou noivos deviam estar em casa sentados em um sofá, no
máximo de mãos dadas e vigiados por alguém de confiança da família. Pouca
conversa, um silêncio respeitoso, e reza, para as coisas se ajustarem depois da
união, se não, é seguir adiante, que a sorte não era para todos. Quanto a mim, que saí da terra natal, pude ter
um vida rica de experiências, mas não resta dúvida que sempre faz falta o berço
para melhor embalar os sonhos. Às vezes compensa, sim, e que não falte coragem
para arriscar. Forte é a voz do coração, também da razão.
Passados
mais de cinquenta anos, vejo reformada a Praça da Alegria, das muitas existente
na cidade de quatrocentos anos, com seu belo casario. Voltei a pensar no casal que
teriam percorrido um caminho sem grandes percalços, mas não posso saber ao
certo. Quanto à antiga praça, no centro funcionava um Jardim de Infância, local
que ficou inapropriado para a função, e foi reservado para atrações turísticas,
em especial aquelas flores, tão belas flores, que estariam ali em
substituição àquelas que floresciam anteriormente no local. Estou
de viagem para S. Luís, e terei oportunidade de obter um belo buquê de flores
para minha mãe que está prestes a fazer cem anos e ainda mora alguns passos
adiante.
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