UMA SIMPLES HISTÓRIA DE AVÓ
Cora
Coralina, poeta do interior das Minas Gerais, exorta a coragem: “Importante é
decidir”. Suas palavras podem ser completadas por Goethe: “Antes distinguir
para poder decidir”. A professora e poeta de Goiás Velho e o destacado membro
da República de Weimar nos lembram que temos de decidir sobre nossa vida e a
agir com responsabilidade. Ou então ficar sujeito ao que der e vier. Temos de
nos desenvolver, não apenas em habilidades para sermos criadores de coisas, mas
crescermos em mente e espírito. Os desentendimentos e desilusões, que não nos
tirem a paz interior! Admitir que, conviver bem consigo mesmo, só faz melhorar a vida
com os demais.
Era uma vez uma avó, que morava na rua das Hortas, mas ela não tinha uma horta, e sim um lindo jardim, e também fazia doces para festas! A mais trabalhadora e sábia das avós, com quem Maria foi morar, aos sete anos, e para sua felicidade também seu bom e inteligente irmão mais velho, João.
A vida deles bem diferente da lenda "João e Maria", abandonados na floresta, e que acabam por encontrar uma casa de doces, cuja dona era uma avó/bruxa. Que horror essa história, adaptação de
Perraut. A avó, jogada no forno por seus netos, suplica:
“Água meus netinhos.” E recebe como resposta: “Azeite minha vozinha.” Há muita
coisa por trás dessa lenda, que diz respeito ao tempo em que havia mulheres
queimadas como bruxas.
Maria nunca sofreu grandes abalos na
vida, feliz em sua infância e por ter gozado uma juventude sem grandes percalços, mesmo que de algumas decepções ninguém esteja livre. Maria intuía que a vida era do
jeito que tinha de ser, que o bem sempre vence o mal. A falta da mãe, que ela amava, e
ama, mas pouca tinha por perto, era compensada por uma mãe em dobro. Não havia espaço
para a maldade. As rejeições serviam para impulsionar a vida, basta saber o que fazer na hora certa no momento certo.
Maria pensa nas mudanças em sua vida. Casada, ela e o esposo podiam, por
exemplo, ter se fixado em alguma cidade, onde moraram por algum tempo. Mas era como se fossem impelidos a seguir em frente, e lá se iam. Evoluir deve ser
isso, não parar, às vezes, recuar para poder ir adiante. Maria lembra disso, quando
olha para o passado com todo o respeito, inclusive para com as pessoas que
cruzaram seu caminho. Nem fuga, nem covardia, muito menos guerrilha, que a vida
não é uma aventura qualquer, requer atuação de forma arrazoada, prevalecendo
a vontade de acertar e ser feliz. Eis uma história simples de vida!
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