“ QUEM NÃO DEVE NÃO TEME...”
Tempos
atrás vivia-se no purgatório do disse-me-disse, as notícias espalhavam-se como
rastilho de pólvora, principalmente as más. E veio a nós a internet. Na era da
internet e suas redes sociais estamos todos conectados, e a maledicência nossa
de cada dia corre como foguete. Sempre há o lado bom e o obscuro das coisas,
sendo assim, em vez do céu, teríamos adentrado o inferno da comunicação via
satélite.
Todos hoje em dia gozam do prazer de se
comunicar, até mesmo podem sair do anonimato. O ideal seria a pessoa ter
critério em transmitir aos outros o que valha a pena, mas nem sempre é assim.
Infelizmente o detestável também acontece. Enquanto o mundo gira, a internet gira, tudo
gira, a gente gira e pira. Virar notícias nas redes sociais, que
coisa mais doida. Gente que pode ser promovida a celebridade de uma hora para
outra, ou, ao contrário, ter sua reputação jogada por terra.
Na pior que cair na tentação de agir e falar de
forma inapropriada, até mesmo criminosa e a coisa ir parar nas redes numa
velocidade incrível. Um velho jornalista, profissional com anos de estrada levando
a notícia para o público televisivo, de repente, vítima da execração pública. Disse
e repetiu uma frase apenas: “É coisa de preto”, ao reclamar sobre uma buzina
insistente quando ia entrar no ar. Captada sua fala idiota, sem que se possa
afirmar que o cara seja racista. O desastre consumou-se, e ele virou notícia ao lado de outros famosos e endeusados diretores e artistas do cinema
americano, denunciados por abuso sexual e estrupo de pessoas vulneráveis.
O sol já não nos protege, furamos a
camada de ozônio, assim como furamos o filtro da nossa própria vida. Na ânsia
de aparecer podemos ser engolidos pela turba, que está pronta para endeusar,
quem quer que seja, ou massacrar. O debate público, que não acontece como devia,
foi desviado para outros fins, e acabou no insulto, no abuso. A divulgação de
notícias falsas é viral, gente que aproveita para extravasar seu ódio, suas
frustrações, via internet.
O homem contemporâneo sofre as
consequências da sua febre de inventividade. Impossível fugir da ditadura da
internet, que avisa pelas redes sociais: “Quem não deve não teme”. E eu me
pergunto: “Quem se salvará”? Estaríamos todos para sempre condenados? A
tecnologia é o que há de melhor para esse nosso mundo superpopuloso, mas que
haja consciência do seu valor, e se entenda que a técnica pode muito, mas não
tudo. Individualmente menos ainda. A tecnologia não está cima do bem e do mal. A
conscientização começa por aí.
Adotemos o Dia da Consciência Humana.
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