“SE CONHECE
PELOS FRUTOS”
Adão e Eva eram recém-chegados ao paraíso terrestre, com Deus ao lado do
casal atendendo suas necessidades, só com uma ressalva que não provassem do
fruto da árvore do bem e do mal, e ela estava no centro daquele pomar de
delícias. Racionais pela evolução nossos primeiros pais tinham adquirido o
direito de fazer suas escolhas. Enroscada naquela árvore estava a serpente que passou
a seduzir a mulher, e ela levasse o homem à experiência do fruto proibido. A
serpente do desejo, que foi atendido, e de imediato provocou a ira de Deus.
Poder avassalador, majestade intolerável, para aqueles dois seres em desolação,
por se verem nus. Envergonhados fogem do lar paterno, e como criadores, tratam
de vestir-se. Mais ainda, cobriram-se de todos os adornos, de todos os saberes,
engalanaram-se, longe da presença divina.
O centro da vida ia deslocar-se, o
que seria em benefício da própria vida, menos inocente e mais consciente para ambos. A
razão como um fruto verde que devia amadurecer. Deus havia ordenado aos nossos
primeiros pais: crescei e multiplicai. Ordem divina anterior ao pecado original,
o que ficou valendo para sempre. Do paraíso ao jardim das aflições, vai ser o
itinerário do ser humano, que seguiu seu destino, ou melhor, seus desejos, cada
vez maiores, assim como suas necessidade. E mesmo que não estejam traindo sua
natureza, são os desejos que passaram a comandar as ações do homem. Quanto
maiores os desejos, mais as necessidades. De posse do saber bíblico o homem passou
ter noção da moral, da contenção, imperativo para que se religue a Deus.
Ressentimento, falta de confiança, desamor
e destemor acompanha o ser humano ao longo da sua jornada na terra, mas sempre
com o desejo de gozar outra vez da presença divina, de retornar ao paraíso. Ressentidos,
mimados, que quer comprar, em vez da salvação, a perdição. Basta no entanto que
deixe de apostar em sua idiotice, nos seus delírios, e respeitar o legado
recebido como dádiva divina. Ao sentimento de abandono acreditar em seu lugar privilegiado
no universo, e que para todo privilégio tem a contrapartida da
responsabilidade, muitas vezes fora dos interesses imediatistas.
Maturidade, teu nome é autoconfiança,
autocontrole, que resulta em bem estar para cada um, e no bem comum. Sendo que o
começo da felicidade é gostar de si mesmo. E quando as escolhas não são boas, péssimos
serão seus frutos, o que acontece na atualidade, quando o que se produz são
modos de se perder, em vez de libertação e salvação. Imprudência, impetuosidade,
desamor, são frutos da imaturidade moral que existe nesse nosso mundo
contemporâneo. No contexto atual, o que fazemos é retornamos aos primitivos
arroubos, ao comermos outra vez o fruto proibido, ou os frutos, muitos dos que
são oferecidos por aí, venenosos, mortais, fruto da irracionalidade, da
imaturidade moral.
Uma vida plena se conhece pelos frutos, os
bons frutos que a razão produz, suas raízes profundas e não planta rasteira,
erva daninha, de uma modernidade na inconveniência dos desejos, no descontrole
dos afetos, sempre fora do paraíso, longe da presença de Deus. É mister a busca
por uma forma universal de comportamento que premie a ética e a moral, e que nosso
mundo possa ser mais justo e coerente, como nós mesmos.
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