conto
AMIGA NATUREZA
"A verdadeira felicidade vem da alegria de atos
bem feitos, do saber criar coisas renovadas."
Antoine de Saint-Exupéry
Grande a expectativa das três amigas quanto à realização dos seus planos para o futuro. Elas haviam concluído o segundo grau no colégio Santa Teresa, ficaram amigas. Nos últimos meses daquele ano, Maria passara estudando com afinco para o vestibular de biologia, já Célia e Ana Beatriz preparavam-se para o concurso do TCU. Maria foi a primeira a falar, dando início à conversa no jardim das freiras, antes das provas:
— No
início do ano eu mesma via tudo tão distante e já estamos numa nova
jornada. E não posso deixar de agradecer por tudo que vivenciei, nada comparável
ao que vem por aí, é o que pressinto. Olho para aquele cajueiro, que esteve
o tempo todo ali nos vendo passar por ele, ou conversando à sombra de
seus frondosos galhos. Acreditem, foi quando prometi a mim mesma seguir a
carreira que tem laços com a natureza.
Palavras
da vestibulanda, que as duas amigas “concurseiras” ressentiram-se, mas tinham
depoimentos a fazer naquele momento.
— Pode
ser que eu me sinta mal amanhã se não me sair bem nas provas do concurso para
funcionária pública — falou Célia — mas é certo que enquanto as flores estiverem
brotando nos canteiros das freiras, não vai acontecer o fim do mundo. Tenho consciência
que fiz o melhor que pude, e o quanto aprendi na labuta dos estudos. Doce cajueiro, juro que
nunca vou perder contato com a natureza.
— De
minha parte, deixei de ir em festas nas últimas semanas — acrescentou Ana
Beatriz — e posso não obter sucesso agora, mas tem o próximo ano para tentar
outra vez, e mais outra, até atingir meu intento. E você, Maria, que prefere ser
bióloga, eu lhe dou parabéns por essa vocação, tão especial.
— Meninas,
não vamos mais falar de estudo por hoje — interveio outra vez Maria. E sem esquecer a
natureza chamou a atenção para aquele belo dia:
— A vida que floresce banhada por tão maravilhosa luz”.
Célia
quis acabar de vez com a preocupação das provas do dia seguinte, e indagou às amigas:
— O
que vocês vão usar no aniversário de Joanir no próximo sábado?
Nada
como a moda para animar a conversa das moças, e foi o que aconteceu. Maria, todavia,
ficou em silêncio, o olhar fixo no verde à frente. E, enquanto o astro rei brilhava lá no alto, ela teceu um almejado futuro com os fios dourados do otimismo. Os anos vindouros lhes pertenciam, e
todo ano era um buquê de sonhos a serem realizados.
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