MEU
TIO JÕAO
Meu
tio João era engraçado, tinha sempre alguma história para contar, e acho que
rir para ele seria uma saída para as horas de tédio, ou algo assim. Década de cinquenta, os
habitantes de S. Luís, na quase totalidade, estavam nas ruas para acompanhar em
procissão a imagem de N. Senhora de Fátima, vinda de Portugal, que visitava o Brasil pela primeira vez e estava na capital maranhense, um grande acontecimento. Findo o evento, todos em casa reunidos
comentavam o sucesso do acontecimento religioso que emocionou a cidade, encheu
os corações de fé e esperança, só comparável à visita do papa João Paulo II, décadas
depois. O tio era um católico relapso,
como o mesmo dizia, mas estava presente naquele dia memorável, assim com os
demais membros da família. Contou então que ao seu lado iam duas senhoras contrita
acompanhando a reza, até que começaram a reclamar dos empurrões, da falta de
educação dos presentes àquele acontecimento especial de devoção, merecedor de
maior respeito dos maranhenses. De repente, uma das senhoras foi empurrada e
caiu sobre a outra, que revidou revoltada: “Você também, Camélia,...que tal,
que bruta!”
A
gargalhada foi geral.
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