segunda-feira, 8 de novembro de 2021

 


                                 MEU TIO JÕAO





 

Meu tio João era engraçado, tinha sempre alguma história para contar, e acho que rir para ele seria uma saída para as horas de tédio, ou algo assim. Década de cinquenta, os habitantes de S. Luís, na quase totalidade, estavam nas ruas para acompanhar em procissão a imagem de N. Senhora de Fátima, vinda de Portugal, que visitava o Brasil pela primeira vez e estava na capital maranhense, um grande acontecimento.  Findo o evento, todos em casa reunidos comentavam o sucesso do acontecimento religioso que emocionou a cidade, encheu os corações de fé e esperança, só comparável à visita do papa João Paulo II, décadas depois. O tio  era um católico relapso, como o mesmo dizia, mas estava presente naquele dia memorável, assim com os demais membros da família. Contou então que ao seu lado iam duas senhoras contrita acompanhando a reza, até que começaram a reclamar dos empurrões, da falta de educação dos presentes àquele acontecimento especial de devoção, merecedor de maior respeito dos maranhenses. De repente, uma das senhoras foi empurrada e caiu sobre a outra, que revidou revoltada: “Você também, Camélia,...que tal, que bruta!”

A gargalhada foi geral.  


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