quarta-feira, 22 de junho de 2022

 


                              

                               BONS ESPOSOS

 

PRAÇA GONÇALVES DIAS - S. LUIS MA


O que mais se espera dos jovens é que se apaixonem. Corações e mentes prontas para fazerem suas escolhas, o que se espera. E não se desfaçam os laços tão facilmente, o que acontece com os casais modernos. Gente nova, cheia de vida, livre e descontraída a reclamar que havia “romance” demais na nossa história passada.

O mundo deixou, sim, de ser aquele testado pelos mais velhos. Os esposos hoje com menos sorte de perseverarem nas promessas de para sempre se amarem. Mas  saibam que o segredo das famílias de tempos atrás era a devoção que desabrochava em cada um, a despeito das ofertas mundanas. Nos dias atuais, em vez da piedade, inúmeras benesses ofertadas, algumas tão falsas quanto desastrosas, que podem levar à impiedade, afastar o ser humano de si mesmo e de Deus.

Bem verdade que as mães, hoje em dia, estão mais alegres e joviais, divididas entre cuidar da casa e se dedicarem ao trabalho fora, profissionais requisitadas, além das solicitações mundanas que cumprem a contento. Os pais, como sempre, preocupados com os negócios, atentos ao que acontece na política, e tudo o mais que eles atendem na sua moderna ambição de sucesso. Os benefícios da ciência, e as pessoas gozando de mais saúde e vida prolongada. Maravilhas tecnológicas surgem a toda hora, sem a qual não se pode mais viver.

— Não sei, realmente, onde vamos parar.

Maria riu das palavras da avó, que segurava um vaso de planta que acabara de regar, analisando-o bem, antes de colocá-lo de volta sobre o aparador da sala. O genro da filha acabara de chegar e reclamava do aumento dos preços do combustível. Vinha buscar a mulher que fazia uma visita aos parentes próximos. Mas antes do casal ir embora ia “fazer uma boquinha”, ou seja, degustar a sopa, a melhor refeição da tarde com um frio que fazia nos últimos dias. Todos se dirigiram à cozinha, de onde vinha aquele cheiro característico. A sopa de lentilha.

O casal ainda sem filhos, de volta para casa, no carro, Maria falou para o marido:

— Tive uma conversa com mamãe, contei a ela sobre como eu ando nervosa, agitada. E quem mais sofre com minhas arrelias é você, meu marido.  Sei que não há razão para eu estar tão fora dos eixos, como me acho. Peço desculpa, e que você me ajude a sair dessa.

Em casa da mãe Maria havia escutado da avó:

— Maria, você é o sol da família, não se feche em seu mundo, esteja atenta ao que se passa com as pessoas que estão ao seu lado, dê a eles mais amor e se preocupe menos. Deixe de criar problema em sua cabeça, tudo isso afeta você e os seus familiares. Tenha uma vida mais leve e descontraída. Seu marido é uma pessoa sensata, pode achá-la tola, quando o que todos querem é que você seja mais agradável e menos reclamona.

Suspirou Maria para si mesma: "Pobre Mário, como o tenho negligenciado".  

Em sincronia com a mulher aos eu lado ele pensa: "Pobre Maria, devo tratá-la com mais afeto."

Mesmo longe dos grandes conflitos mundiais, as pessoas sofrem suas consequências. Um mundo avançado no conhecimento, mas em nada mudara no sentido da paz. E o muito havia piorado quanto aos conflitos pessoas e às guerras. A sonhada paz embelezadora da vida, enquanto a feia guerra só destrói. Os artefatos cada vez mais belicosos, com alto poder de destruição. As mentes cada vez mais afiadas para desafiar o outro. E quando uma nação, como a Rússia, avança no espaço da vizinha Ucrânia, despedaça as famílias na sua crueldade, e são as mulheres e crianças as  pessoas mais prejudicadas. A renitência dos males, que, com maior incidência, invade o século XXI.  

O carro está parado no sinal, Maria chama a atenção do marido para dois jovens esposos que saiam da igreja onde acabaram de se casar. Fala que certamente estão sonhando com um mundo melhor, e que parem as guerras de perturbar suas vidas. E se encontre o mais rápido caminho da paz e prosperidade duradoura. Cada um em seu lar olhando para o outro com mais afeto e menos cobranças, basta o que acontece lá fora.

 

 


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