quarta-feira, 15 de maio de 2024

 



 

 

            NO CAMPO DOS SONHOS





Infância, juventude, mocidade e velhice, são as quatro fases da vida.  A infância é início do plantio; a juventude é tempo de sonhar com a futura safra; a  velhice é o fim da colheita. Entre deux âges, como dizem os franceses — entre o início e o fim — há o tempo do meio, da mocidade, tempo de planejar e plantar, e esperar que os frutos estejam prontos para serem colhidos. A busca vai ser sempre por superação de uma fase para outra.

A velhice é a fase de maior peso.  Ainda em plena mocidade, ou idade da razão, também dos arrojos, da impulsividade, do cultivo no campo dos sonhos. Se planejarmos bem e plantarmos no tempo certo vamos ter o que colher. E quando chegam os primeiros cabelos brancos é prenúncio da velhice. E o domínio sobre sobre nós memso, sinal que envelhecemos. Daí para frente a  contenção e a fé, que nos acompanham desde sempre,  e proporcionam  amparo espiritual à idade. O tempo da velhice é da pacificação. 

E se a velhice nos chega por fora, por dentro estamos mais vívidos que nunca. O passado não passou, está presente em nós. Indo do fim para o princípio, voltamos  às dores e aos albores da infância, que tanto nos marcou . Assim como retornamos à rebeldia dos verdes anos, não mais para destruir, e sim restaurar o que soçobrou às intempéries.  Tempo  da velhice, de reconstituir a vida em um patamar das "insignificâncias", que tanto significado têm, superior às coisas, que se supõe ser de maior valor.

 

 


  


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