MÃOS
Por do sol da minha janela em Brasília |
Costumamos
dizer que “os olhos são espelho da alma”, palavras que
expressam nosso ver e sentir. Eles
têm correspondência com as mãos, que realizam o trabalho, e também podem exprimir
amor, devoção, e por aí vai. Lembro-me
das mãos da minha mãe escrevendo cartas com sua bela caligrafia, as mesmas mãos
que nos seus últimos dias as tive entre as minhas, como a dizer-lhe que não
partisse, mas ela já estava fraca, com mais de cem anos, mas suas mãos eram as
mesmas macias das doces caricias de sempre. Já as mãos da minha avó recordo delas
cuidando do seu jardim, assim como
cuidava com esmero dos docinhos para festas, além dos demais labores que
realizava, e não eram poucos, sendo
admirável crocheteira .
Devota
do silêncio, minha tia era muito linda, mas tinha desgosto das mãos magras, e mantinha
suas unhas sempre pintadas no vermelho
vivo da moda, mãos que também vejo acenando
nas partidas, por mais perto que a gente fosse, e que apertavam calorosamente
nossas mãos nas chegadas. As envelhecidas
mãos da madrinha parece que tinham sido
feitas para se juntarem em oração. Da prima Aurora via suas mãos sempre segurando
um cigarro, mãos calejadas, que também falavam do trabalho na roça. Já as mão
da menina cega que tocava piano na casa em frente a nossa, na Rua das Hortas,
eram como mãos de um anjo.
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