O AMADO CLEMENTINO
conto
Quais seriam os limites para as escolhas? Pode-se especular que há
no nosso mundo moderno a tendência de algumas pessoas fugirem da realidade social e acadêmica, que seria por demais desgastante. Menos saber e
mais viver a que se dispõem alguns, em estoicas e paradoxais intenções, para não
se comprometerem muito com o mundo em volta. Pessoas que passam a se preocupar
mais com a própria felicidade, inconscientemente, tramando contra ela. Todavia
pode ser apenas prova de insegurança, ou deslavada covardia. Tempo estranho, em
que vicejam incompetentes para serem realmente felizes. Quando ainda jovem Clementino tornou-se herdeiro de uma fortuna, quis viver
perto da natureza, depois fechar-se em seu lar, para ser feliz ao seu modo
Cheio de romantismo Clementino casou-se com uma mulher nada romântica, acostumada a fazer sucesso, principalmente com suas roupas e calçados
de grife, agora com um troféu, o marido ao lado. Cinco filhos não foi pouco, criados na fartura de bens materiais e pouco afeto. O caminho que eles seguiram não podia ser outro, a rebeldia, para não caírem no
desfrute puro e simples, com os pais na retaguarda, que ninguém é bobo de sair
por ai de máscara na cara para reclamar contra Deus e todo mundo sem apoio holístico. A filha mais
nova comediante, a vida artística com intenção de curar sua hereditariedade familiar. Dizia: “No palco curamos nossa esquizofrenia”. A arte, às
vezes, esquizofrênica, era como falava o radiologista, dr. Filogônio no século
passado.
Com o que se vê hoje, o mundo teria enlouquecido, e poucos escapam
da sua bipolaridade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário