VINTE ANOS
O que ela poderia dizer dos seus
20 anos? Estava sonhando casar, encontrar o céu na família que ia formar. Casou
e foi cuidar da casa e dos filhos que chegaram, além de costurar, bordar,
cozinhar, lia, estudava, pois havia deixado a faculdade com a gravidez. O chão firme em que pisava, a vida doce e amarga ao
mesmo tempo, por melhor que estivesse situada. A Igreja e seus movimentos sociais
acompanhados com simpatia, por ela e pelo marido, sem efetiva participação da
parte deles. Até que as três crianças tornaram-se jovens praticamente
autônomos. A vitória nesse campo estava assegurada. Haviam transcorridos quinze
anos que não sentiu passar, mudando algumas vezes de cidade, no desejo de
mudança, de ver novas paisagens, em busca do novo olhar.
Nada mais novo e promissor que Brasília, onde
o casal chegou em 1971, quando então pode realizar o desejo de trabalhar, outro sonho de juventude que ficou para trás. Fez concurso público dos mais
cobiçados, passou nos primeiros lugares e por dez anos foi feliz como
funcionária pública. O marido aposenta-se, pois havia entrado ainda jovem no BB,
e ela resolveu deixar o emprego bem remunerado, afinal não havia problema
financeiro que fosse necessário a sua contribuição. Luxo nunca fez parte da suas
ambições, mas a realização pessoal. A vida sempre a dar-lhe oportunidade de
mudar para melhor, continuar desbravando
horizontes.
Novamente em casa, dedicou-se aos estudo em
várias frentes, inclusive sobre os mistérios da fé religiosa, mística.
Shakespeare lhe chamou atenção justamente por isso, e começou por Romeu e
Julieta, o que queria dizer o maior intelectual
inglês, que viveu o tempo mágico, o rico período elizabetano. O marido como
intelectual, fundou uma revista literária que ela auxiliou na sua concretização
e durou dez anos. Hoje tem um blog. Septuagenária, continua com a mesma vontade de viver e
aprender, o que sempre irá fazer!
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