ANDOU MUITOS DIAS
Atravessou o umbral da casa, partiu
do lar onde viveu segura com seus pais e irmãos, principalmente onde aprendeu a amar a vida
como poucos amam. Você, mãe, aluna aplicada, que via o bom e o ruim como parte da vida. A família seria um útero,
habitado por Deus. Ao sair de casa já uma “menina crescida”, mas ainda não de
todo pronta para enfrentar os embates do dia a dia, o que sua mãe achava. Mas importava
amadurecer sem perder o prumo, não se entregar a um viver ordinário.
Achar que Deus guarda o significado da vida, era a sua fé, a
indicar-lhe o caminho a seguir com esperança. Como não crer em Deus, se Ele era
misericordioso, se a colocara para viver no tempo certo e no lugar certo? Uma
mãe entregue a esse especial viver, como é o viver de cada ser humano, basta a
creditar. Cinco seus filhos, herdeiros da sua alegria de viver, mãe. Do pai
sentíamos a presença de uma pessoa decente, os filhos homens de idênticas
feições.
Pela palavra começamos a viver
de verdade como ser humano, e da boca da mãe saiam sempre boas palavras, as
pessoas confiavam nela. Uma luz emanava do olhar daquela mulher que andou
muitos dias por sobre as estreitas ruas de pedras da cidade de S. Luís. Nem
lenta, nem apressada, o passo firme. A suprir
os filhos de confiança, regando os canteiros de flores para que não murchassem.
Nos dias de calor, a água escassa. A mãe era a fonte, nunca vazia. A avó materna um referencial da
família.
A mão macia da mãe para jamais esquecer. Com a idade perdera os dentes, mas jamais se deixava ficar como terra
arrasada, quando havia reparação para todo desgaste, até o final. Nada havia do
que se envergonhar na brancura do seu corpo, nunca profanado. Vocacionada para
ser mãe, tivera os filhos que gerara no casamento por amor. Filhos que ela
quis ter, sua recompensa, seu consolo. Sabia disso.
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