O SILÊNCIO II
É incontestável o valor do silêncio no mundo
barulhento de hoje. Antes silenciosas, as coisas hoje fazem barulho como nunca,
assim como as pessoas, que são por demais barulhentas. O silêncio ganha cada
vez mais significado, o que se perde quando se trata da ausência da palavra. E falar
é a forma do ser humano transmitir seus pensamentos, comunicar-se com os demais.
Há muito deixou o homem de ser
aquele selvagem, que se comunicava por sons guturais, ou através de sinais. O
significado que ainda têm os sinais, mas é com a palavra falada e escrita que se
aprende a comunicar-nos uns com os
outros, em primeiro lugar. Diz o ditado que “Para o bom entendedor meia palavra basta”. Ou até palavra nenhuma, pois
quando a gente vê, ou toca uma pessoa alguma coisa é dita. E que bom André ter
chegado, mesmo que estivesse ali ao lado dela em silêncio, a quietude dele em
consonância com tudo em volta.
A comunicação através das palavras,
o que realiza o homem civilizado no seu dia a dia. Marta podia arriscar a
pergunta ao seu noivo silencioso: “O que você está pensando?” Tinha, todavia, receio
de ser atrevida, de querer invadir o pensamento do outro, e ele mesmo
podia não estar pensando em nada, tem pessoas assim. Não era assustador,
parecia natural aquele silêncio, como se não houvesse nada a fazer senão ficarem
os dois calados um ao lado do outro. Falar não ia ter nenhuma consequência,
tudo ia acontecer do mesmo jeito, já havia sido decidido anteriormente, predeterminado
a ser assim.
O noivo silencioso e a noiva evitando o atrevimento em falar-lhe. Próximos, mas nunca íntimos antes das núpcias, quando ficariam mais próximos. No dia das bodas ele
ficou ao lado dela silencioso como sempre. À noite ela simplesmente ficou
parada olhando para ele, até que o vê abre uma folha de papel e começar a
declamar palavras de amor e fé. Ela pensou: Um
construtor de poemas é sempre confiável.
E por tudo aquilo que já foi e continua
sendo, gratidão.
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