O SILÊNCIO
S. LUÍS- MA |
Muito se afirma que o silêncio é de ouro. Acontece do mesmo perder valor quando é negada a palavra a alguém, em vez de falar-lhe. E que se diga o quanto a pessoa vale uma para o outra. O bem que há em dizer a coisa certa no momento certo à pessoa
certa. Não há dúvida que em certas ocasiões o melhor é ficar calado, não dizer
nada.
Esperar atenção de alguém e receber
em troca apenas o silêncio é estranho, pensou Maria ao ser chamada para passar uns dias em casa de uma pessoa, que fica o tempo todo em silêncio. Ou a noiva do seu melhor amigo era sempre assim, o que não dava para saber já
que acabara de conhecê-la. Parece aquele filme com
Júlia Robert. Mas a história é bem diferente em essência. Maria então se pergunta:
O que se passa na cabeça de alguém silenciosa?
A gente sempre fala uma coisa ou
outra, pensa Maria, que tem esse costume. E mesmo constrangida não queria que a outra achasse que tinha
má vontade, ou qualquer tipo de coisa ruim. Arriscou dizer alguma coisa, e o mais oportuno era dizer algo sobre o tempo, que o dia está bonito, diferente da chuva do dia anterior, e concluiu:. "Não é mesmo, amiga?" Sem obter
resposta, apenas recebe um olhar, como a dizer que era melhor ficar calada. Logo Maria, que gostava de opinar sobre quase tudo.
Sim,
é preciso dizer alguma coisa a alguém ao seu lado, ou vai parecer que a gente
não quer falar por orgulho, descaso, sabe-se lá o que mais. Só dava para Maria pensar
que aquela noiva estava apreensiva em mudar de vida, uma pessoa que
não gosta de mudanças, soube depois. Ou que outra razão teria? Alguém que se vê
de repente em uma situação, e não está feliz, como devia. A noiva a se sentir prisioneira aos 17 anos, enquanto a outra na mesma idade estava ali livre, leve e solta, inclusive pra viajar de
férias. Solta não, diga-se.
Foi quando Maria abriu os olhos para saber que as duas nunca seriam as melhores amigas, mas que não fossem ruins uma com a outra. A noiva podia estar insegura, com medo de dizer algo que a
comprometesse, mas que não houvesse qualquer tipo de mágoa. As coisas não muito claras, nem poderiam àquela altura da vida
dos três: o noivo, a noiva, e a melhor amiga do noivo. Maria arriscou falar
outra vez: "Os dias passam depressa". A outra confirmou com a cabeça. E continuaram a não se falar até o dia seguinte, da partida de Maria, que pensava o quanto a vida era boa de se viver apesar dos percalços, ela bem sabia disso. O futuro de impensáveis mudanças aguardando por todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário