ISSO MESMO!
GIZ
DIA E NOITE
Ela
reflete sobre a alegria e a tristeza, sobre o prazer e a dor, que são como o dia e a
noite. O dia, cuja luz surge timidamente
e se expande, e a noite escura, não totalmente. Dia e noite, que se
revezam, como os sentimentos. E ainda que não tenha acabado um, ou permaneça o sofrimento
antigo, já começa o outro.
Vão-se os dias e as noites deixando ao tempo presente luzes e sombras dos
momentos que se foram. Fica a memória. E
se reflita os nossos dias de hoje, com toda essa luz, também mais que nnunca sombrias nossas atuais noites. O aqui e agora de luzes e trevas sem precedente. Resta
pensar no futuro que desses elementos se alimenta.
CINZAS
TEMPO, TEMPO, TEMPO!
Um dia não vamos mais voltar para a casa em que vivemos os primeiros anos de nossas vidas. E é certo que alguns de nós deixarão para sempre a cidade natal. Todos aqueles momentos vividos no passado vão se transformar em memória, boas de recordar. Um tempo também sofrido, como todo tempo, que passa, enquanto a pessoa cresce, aprende, amadurece. Evoluímos com o tempo que passa, e a regra da vida é não ficarmos parados no tempo. Recordar com gratidão o tempo vivido, lembrar as pessoas com quem convivemos e foram importantes em cada etapa da nossa vida. Guardar no fundo do coração os que partiram para sempre, deixando saudade. E se nos perguntarmos o que a vida quer de nós, a resposta é fé e esperança para acolher cada novo tempo de viver.
Entra pela velhice com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores,
Que despertem
lembranças do passado,
Sonhos de glórias, ilusões de amores.
Do que tiveres no pomar plantado,
Apanha os frutos
e recolhe as flores;
Mas lavras, ainda, e planta o teu eirado,
Que outros virão colher quando te fores.
Não te seja a velhice enfermidade.
Alimenta no espírito a saúde,
Luta contra as tibiezas da vontade.
Que a neve caia, o teu ardor não mude.
Mantém-te jovem, pouco importa a idade,
Tem cada idade a sua juventude...
Manuel de Bastos Tigre
O CONCERTO
Jean de Vermeer faz parte da extraordinária pintura holandeza do
século XVII, um pintor de Delft, que na sua cidade natal, pinta as mulheres na prática dos exercícios individuais da leitura, da
escrita, da música, e que também interagem socialmente, de acordo com a nova situação republicana e reformista da Nação. Pinturas que dizem respeito à universal condição feminina, dotadas que são as mulheres de sensibilidade no sentido da elevação da alma, ou da vida, em suma. No quadro
O
Concerto duas jovens, certamente da próspera burguesia citadina, recebem aula de música com um mestre, até mesmo
um maestro, encarregado de ensiná-las. O instrutor está sentado em frente ao
piano e de costas, com o rosto oculto, para quem de fora observa a lição, tendo à
esquerda uma das moças ao piano, enquanto a outra, a sua direita, canta seguindo
o que está escrito no papel que tem em suas mãos.
As mais nobres ações humanas, às melhores técnicas, os sábios conceitos, as artes, tudo que a mente humana cria para enfrentar percalços, amenizar dores, até mesmo exorcizar os demônios vindos da modernidade, que então se inicia, assim como a República, que acaba e ser implantada no país. A vida urbana também requer mudanças, que vão bneficiar, em especial, as mulheres, o que Vermeer apresenta em seus quadros, e neste mostra duas jovens recebendo aula em uma sala de música. Na parede estão penduradas duas telas de paisagens, em frente aos personagens encenados, além da paisagem, pintada no tampo do piano, dando sentido dúbio ao concerto. Uma das telas tem a vegetação escura e selvagem, com apenas um terço do céu em azul. A outra tela é um esboço de A Alcoviteira pintada por Dick van Baburen, pertencente à sogra de Vermeer. A obscura natureza, o irracionsl, que leva inquietação à alma, enquanto a luz nas mesmas telas lembra o orfismo.
ORGULHO SEM PRECONCEITO
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Ela nunca sentiu
vergonha da situação econômica da família, em comparação aos novos-ricos, com a
ilusão que o dinheiro é tudo na vida. Privilegiada por uma educação, inclusive religiosa,
que fazia a diferença. A jovem sentia orgulho da avó na confecção
de doces para festas, o que lhe podia rebaixar o nível social, conforme
o preconceito à época. Ao contrário, acrescentava dignidade e prestígio à viúva em plena
mocidade, o que só conquistaram as mulheres com seu trabalho nas gerações seguintes.
Naquele
tempo, se as coisas davam certo o crédito ia para a sorte, mas era culpa da
pessoa qualquer coisa que desse errado. E havia um tão grande sentimento de
vergonha, que uma jovem acabou por cometer
suicídio pela nota abaixo da esperada no boletim escolar, em vez da máxima. Ano
em Getúlio Vargas tirou a própria vida com um tiro certeiro no coração,
deixando uma Carta Testamento, em que
dizia: Sai da vida para entrar na
história. O político não suportou a vergonha da lama jogada sobre si vindo
de pessoas próximas. Vergonha, que falta aos políticos de hoje.
Quanto
à jovem suicida, faltou fé em si mesma, sem ter consciência da vida inteira que
tinha pela frente. A igreja católica com sua especial forma de transmitir essa
fé, que está alicerçada na fé em Deus e na vida. Necessária essa força especial,
para não fraquejar e seguir em frente, em especial, ter esperança. A
transformação pessoal que a crença em Deus promove. E jamais a pessoa envergonhar-se
da sua crença, que acredita na hóstia com o corpo de Cristo, considerando-se o quanto se ganha com a
Comunhão.
Vergonha
é matar, o caso do aborto, pecado mortal. Já os pecados, chamados veniais, que
a pessoa sinta arrependimento, e não
volte a cometer aquele erro. Perdoar-se.
ESCURIDÃO
SOPRO
DE VIDA
Quando um sopro de ar entra nos pulmões dá
início ao funcionamento do corpo humano, que reage como o primeiro vagido do
recém-nascido. Não há vida sem o ar, combustível dessa nossa máquina
maravilhosa. Ar que se aquece nos pulmões, produz energia para fazer o sague correr nas veias, e se dirigir
aos demais órgãos. E a prova de que
estamos vivos é o ar que sai dos pulmões pela boca, sopro de vida. E quanto de vida há no interior do nosso corpo,
— faz parte da essência de Deus, o
Criador. O passo a passo da criação acontecido há milhões e milhões de anos no planeta Terra, que gira na imensidão do espaço
infinito.
SER GENTIL
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A PAZ DE UM CAIR DA TARDE |
A vida cumulou Aurora
com doses de gentilezas, que lhe cabem como uma luva, assim como a fez suportar
uma dura realidade, da qual ninguém escapa. E ela tenta imaginar quem era nas várias faces
da vida, ou o que pensa de si mesma e do mundo ao redor. O que não podia era ver
a sua frente, as idas e vindas, as chegadas e partidas, os nascimentos e
mortes, a vida em suma. Justa, ou injusta a distribuição das alegrias e das dores,
tratando-se, todavia, de aprendizado para a pessoa de hoje, que não é a mesma
de antes.
E mesmo que nossa personagem ficasse parada, que andasse devagar, ou depressa, as coisas iam acontecer. A vida indo devagar, depois acelera o ritmo, a ponto de virar de ponta a cabeça. Não mais uma virtude ser bem-educado, até mesmo um defeito. Passa a valer os gritos de protestos como forma de comunicação, ou reivindicação. Mundo agressivo esse de tantos países em guerra, assim como as pessoas são agressivas, até contra si mesmas. Aumentam os casos de doenças mentais.
O segredo da cura é ser gentil, em especial, consigo mesmo.
DECIDIR - EIS A QUESTÃO
OREMOS PELA SAÚDE DO PAPA!
CURIOSIDADE
Os escritores conterrâneos, Dostoievski
e Tolstoi eram também contemporâneos e rivais. Mentes e almas grandiosas, mas
díspares, jamais quiseram se encontrar. O autor de Crime e Castigo nasceu sete anos antes do escritor de Guerra e Paz, que o ultrapassou em 19
anos. Ambos escreveram suas duas obras primas, seguidas uma da outra; quando o
primeiro terminou a sua, o outro deu início ao seu magnífico trabalho literário.
É de se imaginar que Ressurreição, última obra de Tolstoi, diz respeito a seu oponente, cuja
morte muito o entristeceu, e constatou o quanto eram próximos.
HOMENAGEM ANTECIPADA
8 DE MARÇO — DIA DA MULHER
MÃE CARMEM
Uma mesa de doces sempre recebe
atenção especial nos aniversários, casamentos, ventos sociais — do menos ao
mais badalado. Podem os doces até mesmo a competir em beleza com a
aniversariante, com a noiva, com as celebridades presentes à festa. Hoje em dia
uma boa doceria faz parte do sucesso
dos Cafés, que se espalham pelas cidades, tanto no nosso país, como em todo o mundo. E numa reunião
de amigas a degustação dos doces serve, inclusive, para confirmação das
amizades.
A
vocação do ser humano para os encontros festivos vem de priscas eras, e foi
assim que teria surgido o doce, como arte.
Em S. Luís, capital maranhense, na segunda metade do século passado, o
nome de Carmem Dias destacou-se na
arte de confeccionar doces para festas, por sua criatividade e bom gosto. O
empreendimento teve início em sua casa na Rua das Hortas, de onde se avistava a Biblioteca Pública,
chamado Bolo de Noiva de tanta beleza. E como eram belos e doces aqueles dias. Minha
avó, uma pessoa afeita ao trabalho doméstico, embora, por seus múltiplos talentos,
sua educação e cultura, pudesse destacar-se em profissão de maior realce. Seu
empreendimento transmitido para as gerações seguintes;
É fundamental
para o homem ter uma profissão, e nem sempre foi assim par a mulher, que hoje
em dia se profissionaliza sem problema. No presente momento, Daniela, a bisneta
dessa avó materna, resolveu publicar um livro em homenagem de Mãe Carmem, contendo
algumas de suas receitas, onde também serão revelados alguns dos segredos da
doceira afamada. O legado de uma mulher incansável, por trabalhar praticamente sozinha
no seu fogão a lenha, de onde saíam para o deleite de uma clientela fiel os
mais saborosos doces. E que da casa e da família não descuidava. Em especial, uma
pessoa de retidão de caráter.
Iniciativa
de um livro que é aguardado com alegria por seus descendentes, sabedores do quanto Carmem Dias é uma representante exemplar do sexo feminino, considerada referencial da família.
NÃO MORRA!
Sou
eu mesma, como aquelas casas em ruína, abandonadas, antes de dar a volta por
cima, o que fiz quantas vezes foi preciso. Já a cidade, que aos poucos se desfez,
parece estar definitivamente relegada a um triste fim. À primeira vista parece
que o tempo dela já passou, mesmo que ainda sejam fortes seus alicerces, com as
paredes da frente das casas e sobrados de azulejos quase intactos. Ela mesma
jamais imagina a morte de S. Luís onde viveu parte da sua história e a da
própria cidade. E se existe ganho com a construção da nova cidade do outro lado
da ponte, o quanto se ganharia com a preservação da antiga. Mesmo que nunca seja
a mesma após a reforma, vale a pena
investir nos valiosos bens que se possui por herança, além das
conquistas pessoais.
A Rua
das Hortas desemboca na Praça Deodoro, e no lugar da antiga meia–morada da família, transformada
em bangalô pela sanha reformista dos governos, ergue-se um prédio comercial, assim como a
casa ao lado. A quadra inteira sem os escombros em que se transformaram as casas desabadas nas outras quadras da rua, só uma ou outra salva das garras
do tempo. Atravesso a ponte e já estou na cidade nova, consolando-me com o belo por do sol que vejo da sacada do Hotel em frente ao mar. O mesmo mar onde
jaz Gonçalves Dias, cujo navio
naufragou na entrada de S. Luís, quando o poeta retornava de Europa com seu
canto de saudade: ”Minha terra tem
palmeiras onde canta o sabiá...Não permita Deus que eu morra sem que volte para
lá...” Esse mesmo mar onde também repousa
o comandante das tropas holandesas, que em retirada da cidade após a derrota
para os portugueses teria se jogado no mar, não sem antes proferir a famosa
frase: “Só o mar é um túmulo digno para
um almirante batavo.”
“Não morra!” Digo de coração para a minha amada S. Luís antes de retornar a Brasília. No meu próximo aniversário estarei de volta, como faço todo ano para comemorar o passado, o presente, e a torcer pelo
futuro. Amem!
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PRAÇA GONÇALVES DIAS |