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INAUGURAÇÃO DO JARDIM DE INFÂNCIA |
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A PRAÇA DA ALEGRIA COM SEU JARDIM DE INFÂNCIA... |
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...HOJE UM MERCADINHO DE FLORES NO LOCAL |
A PILAR E O PUDIM DE LARANJA
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VERÍSSIMO E SUA "PILAR", A LÚCIA |
Luís
Fernando Veríssimo acaba de deixar esse mundo, com muita pena de partir, como
ele mesmo dizia, sendo uma pessoa que soube amar, e viver com requinte, como poucos. Partiu para o outro plano na crença dos religiosos, que não era a praia do célebre
escritor. E ao ser questionado sobre a existência de Deus, sendo agnóstico,
como foi seu pai Érico Veríssimo, ou até mesmo ateu, disse ironicamente: “Para mim a única prova convincente
da existência de Deus é o pudim de laranja e a Patrícia Pilar.” Acho que ele
estava certo, e vou explicar. Prova maior da existência de Deus, que habita em
nós, é o poder humano de transformar o que lhe fornece a vida em estado
primitivo, como também a capacidade de fazer surgir da matéria bruta da natureza os produtos para
seu deleitoso viver. E que seja saudável viver para o seu bem. Está nos Evangelhos que Jesus, antes da sua
morte, na última Ceia com os apóstolos, pegou o pão para dar aos seus
discípulos, e disse: “Tomai e comei esse é o meu corpo”. Da mesma forma ofereceu vinho aos presentes, e falou: “Tomai e bebei esse é o meu sangue.” O pão para alimentar
o corpo e o vinho para seu prazer. E foi nas bodas de Caná, que Jesus transformou
a água em vinho, e assim alegrar as pessoas presentes aos festejos, o que fez
por ordem de sua Mãe. Maria o poder feminino superior, que induz o homem a ser melhor, um humano de verdade. E a jovem atriz como um pilar de feminilidade da admiração do escrito.
CARÁTER E GRAÇA
Perdoar,
em primeiro lugar, a nós mesmos, assim como perdoar quem nos fez alguma maldade.
Certo que a maldade existe, e tem gente má, o que é exceção. Mas também não
somos sempre a bondade em pessoa. Impulso, medo, desregramento, contaminam nossas ações, e também
podem ser a causa das nossas omissões. O que abunda é a distração, que não nos
deixa ver o que realmente importa. Por imprudência tropeçamos aqui e ali, a requerer correção
da rota. A vida é um caminho de sonhos
de conquista, bom estarmos atentos, e não sermos surpreendidos por erros que
dificultam nosso caminhar. O peso das nossas culpas aliviadas com a graça do arrependimento e do perdão. Saber que a maior conquista humana é a formação
do caráter na perseverança do bem, graça divina.
ANNE FRANK RETRATADA NA SUA FELIZ INFÂNCIA, QUANDO NÃO PODIA IMAGINAR QUE FICARIA CONFINADA EM UM PORÃO COM SUA FAMÍLIA DEVIDO A PERSEGUIÇÃO DOS NAZISTAS, QUE MANDAVAM OS JUDEUS PARA OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO AGUARDAREM A MORTE NOS FORNOS DE CAZ. NO PERÍODO DE CONFINAMENTE, ANTES DE SER DESCOBERTO O ESCODERIJO, A JOVEM ESCREVEU UM DIÁRIO, PUBLICADO POR SEU PAI, O ÚNICO SOBREVIVENTE, E SE TORNARIA UMA DAS VOZES MAIS PODEROSAS DO SÉCULO XX. A ESCRITORA MORREU DE TIFO POUCO ANTES DE SER LIBERTADA.
Sob inspiração do papa Francisco.
Para ser feliz:
Sonhar com as alegrias, e refletir sobre as
tristezas.
Ter em mente o sucesso, e a cosnciência dos possíveis
fracassos.
Estar feliz pelos aplausos, e mais ainda sentir alegria no
anonimato.
A felicidade não é destino da pessoa, nem a
infelicidade, mas que se tenha o domínio do próprio ser.
Encontrar a alma o seu oases no deserto da vida.
Ter a teimosia do amor próprio para não penar na
insegurança da falta de amor.
Deixar florescer a criatura livre, na simplicidade que há dentro
de si.
Usar as águas que
lhe brotam dos olhos para saciar a sede de paz e justiça.
Utilizar as pedras do caminho para erguer uma vida de fé.
Aproveitar as falhas para moldar a alma na esperança e no
amor.
Ultrapassar os obstáculos à inteligência para erguer uma vida verdadeira.
PRAÇA JOÃO LISBOA - S. LUÍS - MA - SÉCULO XXI
CURA NATURAL
A boa alimentação rsulta em saúde. Evitar comer demias e qualquer outro costume prejudicial, como fumar. A melhor opção para iniciar
o dia é uma boa vitamina, tanto para se energizar, quanto para desintoxicar o
organismo. Com as frutas e algumas sementes podemos obter bons resultados. Algumas
dicas para sarar dos males:
Fígado gorduroso: pedaços
de abacaxi, meio pepino, 1cenoura pequena crua, suco de meio limão e água necessária para bater no liquidificador.
Refluxo: meia batata doce
crua, uma maçã e pequeno pedaço de gengibre, bater cum meio copo de água
mineral. Tomar em jejum.
Constipação: mamão, ameixa
seca, leite de amêndoa, e uma colher de café de chia, água necessária.
Anemia: beterraba, morango,
maçã e laranja.
Reduzir açúcar no sangue: fazer
um chá com uma maçã picada com casca, uma lasca de canela, 1 colher de sopa de
hibisco seco, suco de meio limão.
Fortalecer os ossos e
anti-inflamatório: uma colher de chá de cúrcuma em pó, uma pitada de canela,
uma colher de chá de mel, 1 xícara de leite vegetal (amêndoas, avelã).
Com uma laranja e meio
pacote de gelatina natural batidos no liquidificador, obtemos um calógeno
natural.
ESTAR ATENTO
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RUINAS DE S. LUÍS - DESATENÇÃO |
Sentir a perda de algum bem material de valor não se compara à dor de perder um ente querido, a maior dor humana. Fica a lembrança do que foi perdido, sendo permanente a memória da pessoa querida que nos deixou para sempre. Recordar serve de consolo, mesmo que possa atiçar o sentimento do quanto se perdeu por não ter melhor aproveitado, ou cuidado, desse bem precioso que é o amor e carinho de alguém, a ponta de virar remorso. O consolo é saber que, em algum momento, aquecemos o coração de alguém. Certo que viveremos melhor se pudermos aliviar a dor de alguém, ou salvar uma pessoa de algum perigo, ou até mesmo de ajudar quem precisa, apenas, de um ouvido amigo. Sempre há pessoas que precisam de nós, é bom estar atento.
Não é raro alguém pensar em
suicídio, o que pode surgir na cabeça em um momento de grande aflição. Apenas
um pensamento, e não é um sonho a realizar. Ninguém sonha em se suicidar. Resta
deixar a tristeza passar, e seguir em frente para a sonhada concretização de
algo, por mais difícil que seja. Acreditar que vai conseguir vencer, pois um
sonho não é simples imaginação. E seguir em frente, sabendo que esse nosso veículo
é passível de dar problema, mesmo que esteja programado para dar certo. Fique atento, e se prepare para o pior. Diante dos impasses revelam-se os valores da alma e a solidez da mente. Calibrar as ideias, ter a
boa energia necessária para sucesso dessa viagem, e chegar ao
destino, que é a paz em Deus.
HOMENAGEM!
Caslos
Egert
Presidente
Geral
Diretório
Monárquico do Brasil
“ATELIÊ DO PINTOR”- A BELA E A FERA
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“Não confio em meus olhos quando considero o homem, pois tenho um
critério melhor e mais seguro para distinguir o verdadeiro do falso, cabendo ao
espírito encontrar o bem.” Palavras de Sêneca, que faz pensar se teriam inspirado Vermeer ao pintar o belo rosto feminino que posa como modelo para um feio
e desajeitado pintor em seu ateliê. Tempo dramático de virada para a modernidade. No quadro "Ateliê do Pintor" a modelo representa Clio, a musa da história, bela e luminosa, luxuosamente vestida e carregando um grnde livro e também uma mitológica corneta. Já a figura do pintor remete às lendas, e está diante do seu cavalete, sentado num banco, dando início
à sua pintura. A especial arte de Vermeer,rodeado de coisas, que lhe dão inspiração, maior ou menor, tudo junto e misturados num caldeirão, que fala da postura eclética da sociedad em que vive. como mestre em Delft. No quadro a representação alegórica do conto "A Bela e a Fera"de Challes Perraux, (1628-1703), expressão da arte barroca, e revela as intenções do pintor, eclético em sua arte, e por conta disso está
de costas, apenas vista sua cabeleira gorgônea. Esconde o rosto de “fera” ao lado da “bela” uma vez que há dúvida sobre o que se
anuncia de mudanças, o que expressa apintura. A “bela” por estar posando para o artista, uma “fera’, do
qual desconfia e trata de fechar os olhos, como se não quisesse ver o pintor,
nem o que está exposto ali, e assim volta-se para o interior de si mesma, lugar
mais seguro. O próprio pintor estaria em conflito com ele mesmo e poderia estar em dúvida sobre o julgamento que podiam fazer dos seus quadros, alguns feitos de encomenda, sua obra observada corretamente, ou provoque no observador ideia diferente da sua intenção.
O trabalho artístico na largada para os novos tempos, tempo do gato preto da bruxaria, que cede lugar às ledas, também as histórias infantis como “Gato de Botas” história também escrita por Perraux. Volumosas
meias saem do elegante escarpam,
design moderno, para dar ideia de uma
bota, as “botas de sete léguas” que na lenda protege os pés do gato em
peregrinação para fazer propaganda dos seus senhores, no caso do pintor, seus
patrocinadores. Ressaldo um vermelho,, sinal do sofrido esforço para percorrer o
chão minado da criação humana. O fundador da Nike, Philip Kiniglt: falou :“Ainda tenho os pés no chão, mas uso os
melhores calçados.” Já o também bilionário americano Warren Bufett, considerado
um dos maiores filantropos do capitalismo,
aconselha que não se use grife, mas apenas as coisas em que se sinta bem e confortável. Quanto ao artista, uma de suas mensagens parece ser para as pessoas
prosseguirem na busca pelo conhecimento, pelo trabalho, mesmo sofrido, que pode dar a proteção
financeira através do comércio, cmo do
calçado. Assim caminham juntas a arte e economia em Vermeer, como um
mago, mas no sentido de acreditar no que faz, nos
negócios. O interesse financeiro e tudo o mais que a arte é capaz de proporcionar proteção ao homem, contra as arbitrariedades do poder obscuro, do absolutismo, no momento em
que o iluminismo dava seus primeiros
passos, com o iluminado e ao mesmo tempo iluminista Vermeer
Em Pádua o
renascentista Donatello fez a estátua equestre de Erasmo de Narni, apelidado de Gattamelates, ou “gato melado”, erguida na praça central da cidade, dando
“respeitabilidade clássica ao mercenário”. No quadro de Vermeer o pintor está sentado
num simples banco, como sua montaria de pintor. Nada sacerdotal, mas felino e equestre, diante do cavalete onde exerce
seu ofício de pintar, de algum modo a lembrar o misterioso “gato melado”, ou
até mesmo o lendário gato de botas. A arte do pintor seria superior à clássica
escultura, que enaltece os homens poderosos. Vermer procurando dar destaque à mulher em pintura, no desejo de imprimir
o ideal de feminilidade e humanidade, mesmo humildade. Observa-se que sobre a mesa ao lado do artista está a clássica
escultura de uma máscara mortuária, representando o poder político, em contraponto com a máscara do mistério que o pintor inspira com sua cabeleira
gorgônica. A história do progresso material, que mesmo rude é necesário, e sendo assim, deve ter
o respaldo da arte. Tudo por conta do homem moderno, sua ciência e ambição, a sente-se poderoso, quase divino, mas que deve ter cuidado para não sucumbir ao
demoníaco.
A alegórica personagem feminina parece que olha com desdém para o pintor de estranha aparência, que pinta uma nova mulher para o mundo, conta uma nova história do feminino, da mulher, para que possa ser admirada, tenha modernidade e respeito. Misteriosa arte, misterioso mundo feminino, que não se revela total e claramente, como a própria natureza e seus mistérios. Soberba natureza, e seria uma ilusão afirmar que a mulher, assim como a natureza é possuidora de total beleza e simetria, assim como não há unidade no Universo. Muitas são as diversidades pessoais, sociais, culturais, sendo limitada a capacidade humana para entender e criar condições de amenizar de todo as diferenças entre as pessoas, as nações, culturas, e, em especial, entre o homem e a mulher. A imagem da moça que representa a musa da história, parece desconfiar do pintor em seu aspécto, que faz com que carregue o volumoso livro, e ainda tocar a corneta anunciando um novo dia para a mulher. O volumoso livro pode, inclusive, conter folhas em branco, uma vez que os saberes do passado sairam das cabeças masculinas, e por imensa que seja sua importância, há dúvidas sobre elas. E não há dúvida da superioridade do feminino na história diante da ambição, da vaidade e da fama perseguidosa pelo gênero masculino, tudo que representa a história, não apenas do passado, que estão a sua frente e atrás dela, no caso, o mapa das Províncias Unidas, seu significado econômico, político e religioso.
Sobre o chão do ateliê está posicionado o banco onde o pintor está sentado, estrategicamente colocado sobre uma cruz, feita com as peças negras do ladrilho, em contraste com as brancas. Uma representação da Cruz de Malta, das navegações de Vasco da Gama? Ou seria a cruz do sofrimento prvocado por Lúcifer,, em contraste com a luz divina? No templo de Apolo, no lugar onde a pitonisa fazia suas revelações, existia uma falha na rocha em forma de cruz por onde escapava um gás natural, alucinógeno. O poder que emana da natureza, do sonho humano de se deduzir todo o conhecimento pela revelação, anterior à fé cristã e à ciência, que veda pela cruz essas manifestações do subterrâneo, que não se deixe vagar pelos meandros da imaginação e das paixões, que levam a pessoa a cair no abismo da loucura e da morte. Tales de Mileto absorto em suas reflexões para conhecer a origem do mundo cai em um buraco no caminho. Empédocles pula no Etna, quando intimado a provar-se divino. Nietzsche cai na escuridão da mente. Profundidades que alucinam, assim como a modernidade mercantil e utilitaristas, que pode conter uma maldição.
A análise do pintor calvinista é calcada na síntese, enquanto a antítese levou ao nazismo e à Segunda Guerra Mundial. O místico Santo André foi crucificado de lado, como a Cruz de Santo André, que está gravada no chão do Ateliê, para vedar a superstição, as ambição desmedida, e tudo o mais que racha o chão em que atua o artista, como o do místico, do empreendedor, e pode vedar até mesmo uma herética ciência, sem compromisso com a vida e a moral. O chão em que pisa o homem de ciência, o artista, o artífice e o negociante, deve ser bem pavimentado para que não escape alguma maldição. certo que o lucro, a riqueza, serve de amparo contra a miséria material e social, e mesmo que a arte seja negociada, serve de proteção para o artista livrar-se da pobreza material. E no quadro, as duas figuras humanas, assim como os objeto, representam a pessoa e a coisa em si e serve de metáfora, no sentido mítico, mitológico, místico, histórico. O pintor como o Fausto da história de Christopher Marlowe (1564 -1593), filho de um bem sucedido sapateiro, também ele lembrado no calçado, como bem “calçado” estaria o personagem faustoso, conforme o texto popular alemão, onde um sábio insatisfeito com seus conhecimentos de medicina, filosofia, direito e teologia, busca caminhos alternativos. Fausto de Marlowe faz então um pacto com o demônio, com tempo determinado para acabar, e que logo se esgota, deixando-o mais frustrado ainda com os resultados obtidos, sendo impossível satisfazer sua curiosidade intelectual, ter plenamente realizados seus desejos. O desfecho é a danação de Fausto que a jurar nunca mais querer ler um livro, enquanto é levado pelo demônio.
Alquímicos e cabalísticos poderes, mágicas idéias, desejos de toda natureza, a arte barroca como expressão maior de um tempo e suas ideias. O conhecimento, que a instigar a humanidade, e, em especial, as mulheres nos quadros de Vermeer, em seus embates cotidianos, que não deixam de ser sublimes. Saberes elementares, e abstrações de maior alcance, até que o conhecimento torna-se científico, e a história, como uma ciência social, observa os fatos cientificamente. Da dúvida à certeza, e volta à dúvida, sem que se possa superar de todo a ignorância, que nunca deixou de ser santa, a Santa Ignorância de que fala São João da Cruz. Pecadores e homens sábios - entre eles os santos – habitantes desse mundo que parece nunca superar a adolescência e chegar à maturidade. Os jovens hoje mais confortavelmente instalados na casa dos pais, em dedicados e inocentes, mas também em perigosas caçadas no computador. Ou navegando em mares nunca dantes navegados, sujeitos à intempéries, borrascas, sua frágil embarcação até mesmo ser enngolidos por algum tubarão. Afinal é preciso correr perigo para ir longe, como nossos ancestrais, todavia, mais conscientes do inimigo, o que os moços de hoje ignoram. O ser humano contemporâneo, tendo assesso a uma tecnologia avançada, vendo-se na fronteira entre o selvagem e o civilizado, mas por acredita na sua condição de ser superior acha que não deve prestar contas do que faz, nem pedir auxílio da força divina. E sem recorrer a Deus a vida fica mais difícil.
ARTE- JEAN VERMEER
"ATELIÊ DO PINTOR" - A MODA
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FERNANDA TORRES COM O SEU CHANEL NO OSCAR 2025 |
O estilo solto das vestes femininas passa a ser adotado para livrar as mulheres dos apertados corpetes até então na moda, o que Vermeer mostra em seus quadros, a par dos tecidos preciosos como o da modelo, que representa Clio no quadro Ateliê do Pintor. O barroco Vermeer, cuja arte visava difundir conceitos, e não teria feito uma simples ilustração de moda, como a dos célebres irmãos Bonnart em Paris, que “faziam propaganda das pessoas e roupas, na mesma proporção”, segundo o escritor Jean Dejean, que informa ter sido justamente a moda que fez as mulheres tornarem-se empreendedoras no passado, já no tempo de Vermeer. As costureiras em seus ateliês de alta costura, as cabeleireiras com seus penteados, verdadeiras obras de arte em Paris e adjacências. Já no século XX surge o nomeado mantô, que libertou as mulheres dos espartilhos vitorianos. Roupa mais decente e saudável, ao esconder as formas do corpo e libertar as mulheres dos apertos, e Chanel, a grande stilista parisiense teria criado a veste inspirada nas roupas usads pelas meninas do orfanato onde morou. Paris que ia ditar a moda no mundo ocidental séculoas depois. Uma abordagem que nos leva a Machado de Assis, aliado dos ideais da elite liberal do seu tempo, e que se valeu da revista de moda “A Estação”, para publicar “O Alienista”. Ambos, escritor e o pintor, difundindo sua arte de escrever, ou pintar, ao lado da elegância, do progresso, quando então se passou a utilizar as riquezas, o que se pode dizer, superficial. Vermeer e Machado, aliados das mulheres, para que elas fossem cultas e também elegantes, assim como chamavam atenção para que tivessem parcimônia nos gastos. O escritor chega a internar no hospício a gastadora mulher de Bacamarte por sua exagerada vaidade.
Restabelecida em 1806 a monarquia nos Países Baixos ressalte-se a elegância de Máxima, rainha consorte da casa Orange-Nassau, casada com o rei Guilherme Alexandre. No quadro de Vermeer um suntuoso tafetá cobre a Musa, assim como há chalés de seda caindo da mesa do Ateliê, o que representa os produtos comercializados pelo avô do pintor através da cobiçada Rota da Seda entre a China e a Europa. O mesmo esmero encontra-se nos trages das demais imagens femininas pintadas pelo artista de Delft, desde as mais simples, até as de grande esmero, luxo, o que leva a imaginar que pode, inclusive, ser propaganda de algum ateliê de costura. Mas a intenção de Vermeer como pintor barroco é alertar as mulheres sobre o papel ético feminino, além do bom gosto e elegância, que devem ser cultivados no momento em que o consume se introduz na sociedade. A propaganda que Vermeer faz é do ideal de sociedade que quer exorcizar os demônios da irracionalidade, assim como da racionalidade exaltada, que teimavam em corromper os costumes. A vida liberta das obscuridades, e possa propiciar uma modernidade com pessoas compromissadas principalmente com o trabalho, além do consumo, o que é diferente e questionável o desejo de agradar, ou desagradar, de gozar a vida sem freios. Vermeer está afinado com as melhores cabeças do seu tempo, no desejo que homem e mulher sejam modernos e feliz, ressaltem o bem e o belo em cada um, e se tenha as melhores ideias, adotem-se os bons costumes, que evitam o desalento. Lógico que surgiu o que de longas datas já se temia, uma geração de deslumbrados diante dos grandes avanços científicos e tecnológicas, de uma produção de bens materiais para o consumo.
E ao fazer tombar a
máscara sobre a mesa do seu Ateliê, estaria Vermeer assumindo uma postura frente à história, anunciando o fim de um ciclo, abandonando, inclusive, o ideal
renascentista, clássico, de endeusamento dos poderosos, cujo expoente é a arte
de Donatello. Entra em jogo a pintura artística, que passa a ser
considerada superior à escultura, de visão limitada, conforme afirmação do
próprio Leonardo da Vinci (1452-1519). A clássica máscara mortuária no quadro
se confronta com a máscara do pintor, evidente em sua cabeleira gorgônica, que
esconde sua face, por conta das afinidades infernais que orientam as
investigações nas profundas águas da racionalidade, também da irracionalidade.
O duplo papel do artista de cultor e desbravador, como também de sentinela dos
lugares proibidos.
Vermeer num jogo de
paradoxos, em sua metamorfose, parece pisar chão minado em busca de inspiração
para seu trabalho, e faz sangrar. É o que insinua o vermelho das meias do
personagem, que sofre com suas buscas. O jogo louco, mas loucura no sentido de
paixão pelo que faz, na produção da arte, que negocia, sim, sendo que o
dinheiro pode levar à usura, o que se teme. O drama da civilização, ou da
própria vida, que é um jogo perigoso, quando se pode fazer pacto com o diabo. O
jogo da modernidade, que aposta no progresso, sabendo que o tempo é limitado,
que o momento de felicidade é curto. Acontece com a alma que busca a felicidade
nas profundezas do irracional, onde
reencontraria a unidade espiritual, o caso da alma alemã, gêmea da
holandesa, mas em certos aspectos totalmente diferentes uma da outra, como disse
o argentino naturalizado canadense Alberto Manguel, que nos faz entender um
pouco mais de Vermeer. O pintor mira na História, que, segundo o escritor é capaz, sob certas condições, de curar,
iluminar, indicar caminhos, sobretudo mostrar nossa condição, romper a
aparência superficial das coisas, ou das correntezas e abismos subjacentes: “A
história que pode não nos dizer quem somos,
mas que existimos, e com histórias
para contar, confrontar”. Um dilema para quem se dispõe a verificar as coisas a
fundo, no que diz respeito à natureza humana racional e também irracional. O
fator econômico e o político entram como coringas no jogo, em que o interesse
financeiro é importante, mas que haja bom senso nas decisões.
ARTE - VERMEER
"ATELIÊ DO PINTOR" - O LIVRO E A TROMBETA
No quadro Ateliê do Pintor a figura feminina, que representa Clio, musa da História, tem nas mãos uma trombeta. Estaria anunciando um novo destino para a história humana, que pede socorro da
história, batizada ou coroada pela natureza. A História representada por uma jovem
que posa para o artista, e está vestida com um luxuoso tecido azul-celeste, cuja intenção seria dar maior distinção àquela moça, uma simples
camponesa com sua corneta alpina. O toque da trombeta em alerta contra a heroica e herética modernidade, ou tocada a seu
favor? O sopro da civilização, que também trás a baila o trabalho feminino, a
exemplo da “sopradora” de vidro em outro quadro do pintor? Ou o toque da trombeta é de silêncio? Que se escute o que anuncia o
presente, onde se vive um renascimento das
ideias, a par dos avanços da técnica e da ciência. E não esquecer o som
estridente do instrumento de sopro que pode ferir os ouvidos, ensurdecer, sendo
preciso compatibilizar as diferenças, não exacerbar o que incita a modernidade.
Glória e
também tragédia das civilizações no passado de guerras, que na presente civilização
europeia sai esfacelada das guerras religiosas para anunciar um novo tempo. No
que tange ao político, a trombeta teria o sentido de toque de recolher, e se referir
ao Sacro-Império Romano-Germânico. Luzes que se apagam, como as luzes do
candelabro no mesmo quadro, com as três águias dos Habsburgos. O pintor sentado
à frente da cartografia das ricas províncias sob o governo da Casa de Orange, e
de costas para quem o observa em seu trabalho de propaganda barroca da
reformada República holandesa. E o pintor vai mais além, mas esconde o rosto,
uma brincadeira, e se possa imaginar, por sua vestimenta, o artista espirituoso
e jovial, típico dos antigos camponês burgúndio, os primeiros povos católicos, característica
herdada pelo povo holandês, seu espírito aberto e desinibido.
Após a
invasão da Burgúndia por Átila, rei dos hunos, surge lendas sobre fatos e
feitos heroicos do mundo pagão e cristão ao mesmo tempo, quando os monges
eremitas eram apelidados de marmotas, erguendo
tendas entre árvores ao longo do Reno, como os pequenos seres habitantes
da floresta, e fundaram mosteiros, onde se cultivava o vinho, tornados ricos e famosos, enquanto a
civilização se consolidava. Foi no século VI que o irlandês rude São Columbano,
independente de Roma, realizou a missão de converter os povos, em missões
espontâneas pregando ao longo do Reno, e funda o primeiro mosteiro de Luxeil.
Independente e vitorioso São Columbano seria precursor de Lutero. No século
VIII outro missionário, o inglês São Bonifácio, que comungava sua fé com
Roma, investiu nas missões na região da
Frísia de férreo paganismo, que acabou vítima
fatal dos frísios, convertidos, mas que retornaram a suas antigas crenças e
costumes. Glória e também tragédia do passado, enquanto no presente a
civilização europeia sai esfacelada das guerras religiosas para anunciar um
novo tempo.
No último canto do Paraíso de Dante, a metáfora para o universo é um livro, justamente o Livro Sagrado, chave para o conhecimento da história do espírito, também a história das primeiras experiências humanas. O momento era especial, em que o Ocidente parece sair da barbárie para a vida civilizada, ou passa do macrocosmo da guerra, do poder absoluto e hegemônico, para o microcosmo da família, da individualidade e civilidade. O livro impresso como arma para enfrentar o perigo de retorno à barbárie, ao absolutismo e obscurantismo. Daí para frente que se ignore o que não estiver no livro impresso, e até mesmo se desdenhe dos que não estudam as ciências, nem aprendem nas universidades. No quadro, o volumoso livro que Clio tem na mão tem a cor do sol, do saber, mas que ainda da ideia que suas páginas estejam com as folhas em branco. Uma nova história o mundo vai contar daí para frente, tal qual a mente de um recém-nascido – uma folha em branco para John Locke(1632-1704)onde novas experiências e sensações vão ser registradas.
O luminoso livro nas mãos da musa da História, que pode ser ainda uma coletânea dos lendários, dos contos de fadas, águas doces e tranquilas na aparência, a fazer parte do jogo, vindas do paganismo, de tradições não ortodoxas, que faz contraponto com o volume de aspecto envelhecido, que está semi-aberto sobre a mesa, e pode conter, por exemplo, as obras clássicas, de Virgílio, Tito Lívio e Cícero, entre outros autores dos primeiros séculos. Caudalosa fonte, como a que jorra da mesa sobre a qual além do livro antigo, há uma escultura de Aquiles. Na fonte grega do Estige a mãe de Aquiles mergulhou o filho, a fim de torná-lo invulnerável. O antigo culto à natureza coexistindo com outras formas antropomórficas de religiosidade.
Os olhos semi-serrados de Clio é de humildade, ou desdém? A história, ou o feminino, que, todavia, vai se beneficiar do saber cientifico e tecnológico, do conhecimento, ainda incipiente. A mulher até então apena dedicadas à caridade, e às causas humanitárias passa a contribuir para o progresso de modo efetivo, como membro atuante na sociedade moderna, que tem para a mulher um projeto liberal. Vermeer certamente por suas filhas torna-se mensageiro desse ideal, que está assentado no valor econômica, em colaboração com a ética protestante de que fala Max Weber. O trabalho propulsor do progresso, e os holandeses tenazes trabalhadores para salvar o seu solo das águas. A tenacidade também da fé protestante naquele país ainda afogado no paganismo, e tudo o mais que atrasa, principalmente, a vida da mulher.
Em 1648 foi impresso em Amsterdã o livro intitulado História Naturalis Brasiliae, contendo 429 desenhos, em grande parte retratando a fauna e a flora, bem como os nativos do nordeste do Brasil, obra do médico Willem Piso e do botânico Georg Maregreve. Para Francis Bacon o conhecimento viria da experimentação, tanto no sentido interior quanto exterior, o que marca claramente o fim do saber antigo e o início do moderno. E em livro, o fabuloso Novum Organum, trata o ser humano como ser biológico e cultural, filho da natureza e da cultura. O livro dourado de Clio conteria ainda os sermões e cartas do padre Antônio Vieira (1608-1697), lido e admirado em muitos países. O visionário autor jesuíta de História do Futuro, adepto da cabala judaica, da mística milenarista, e outras fontes, que esteve em visita à Holanda, e logo depois exilou-se no Maranhão, onde passou a defender os índios da exploração dos colonos, instruindo e educando tanto uns quanto outros. Vermeer, peculiaríssimo artista dos pinceis, como Vieira é da pena.