quinta-feira, 10 de abril de 2025

 


 

 

                                            GIZ









                 Apontada como a sexta rua mais bela do país, a Rua do Giz,  em S. Luís, tem  32 degraus de pedras de cantaria, para ser vencida a ladeira que liga a parte baixa à alta da cidade.  Um conjunto arquitetônico, vindo do apogeu da capital maranhense, ladeia a rua, que guarda vestígio do colonizador. As pedras cobertas por giz, daí o nome dessa rua. Branco como a neve, o giz é feito da mistura do calcário, gesso e água. O calcário retirado das rochas sedimentares muito antigas, de milhares de anos, que se decompõem em pequenos pedaços e se acumulam nos rios e mares. Com o tempo as águas secam no local, restando apenas pedaços endurecidos das antigas rochas. O pó de calcário também é aplicado na indústria para obter cal viva, que é muito utilizada para pintar muros e paredes. Estamos falando do Centro Histórico, onde as construções antigas desabam, abandonadas por seus antigos donos, após o tombamento. Enquanto suas praças reformadas carecem de autenticidade, e são como sepulcro caiados, sem vegetação  e tudo o mais que lhes davam vivo encanto. 

  

 

 

 

 


quarta-feira, 9 de abril de 2025

 


                                                       

                                                        SÃO PANTALEÃO



 

                   “Minha terra tem palmeira onde canta o sabiá”, diz o poeta maranhense Gonsalves Dias, muito embora as palmeiras e os sabiás pouco sejam vistos  hoje em dia por lá. Além da reconhecida beleza histórica, há mistérios em minha terra, e um deles é a devoção a um santo pouco conhecido, mas venerado na capital maranhense com uma secular e imponente igreja erguida em sua homenagem. E pelo que se saibe só há outra igreja dedicada ao santo, em Veneza, Itália. A Igreja São Panteleão da capital maranhense está localizada na tradicional Rua São Pantaleão, percurso do saudoso bonde São Pantaleão, que levava passageiros às suas casas azulejadas, e também ao tradicional Hospital Geral, até hoje o melhor hospital da cidade, no Centro Histórico de S. Luís, cidade tombada. O santo era médico, o que justificaria a devoção naquele ponto estratégico,  hoje com o nome de Hospital Carlos Macieira, reconhecido como exemplar em cirurgias de risco. além dos outros hospitais localizado bem perto da igreja. O santo nascido em Nicomédia, atual Turquia, no século XIV, seu nome  significando "homem totalmente compassivo." Padroeiro das parteiras. Quanto mistério !....


POSTADO EM 9.04.25

 


 


 

 

                                                     DIA E NOITE

 


 

Ela reflete sobre a alegria e a tristeza, sobre o prazer e a dor, que são como o dia e a noite. O dia, cuja luz surge timidamente  e se expande, e a noite escura, não totalmente. Dia e noite, que se revezam, como os sentimentos. E ainda que não tenha acabado um, ou permaneça o sofrimento antigo, já começa o outro. Vão-se os dias e as noites deixando ao tempo presente luzes e sombras dos momentos que se foram. Fica a memória.  E se reflita os nossos dias de hoje, com toda essa luz, também mais que nnunca sombrias nossas atuais noites. O aqui e agora de luzes e trevas sem precedente. Resta pensar no futuro que desses elementos se alimenta.

 


segunda-feira, 7 de abril de 2025

 







VERDADE!


 


                                                                   CINZAS



                          Naquela tarde estávamos em Copacabana, sentados no banco da calçada de costas para o mar, lembra? Ainda havia vestígios do carnaval, e os garis tinham acabado de limpar a praia da esbórnia da terça feira de carnaval. Nem imaginávamos o que ia acontecer em poucos minutos. O céu de um azul anil, quando saímos da Barra, agora estava ameaçado por uma imensa nuvem cinza, que avançava veloz, vinda de trás dos morros.  Próxima de onde estávamos havia um  Igreja, para onde corremos em busca de abrigo contra a intempérie. Hora da missa, e foi assim que cumprimos a devota obrigação de receber as cinzas naquela quarta feira. Início da Quaresma, que significa tempo de penitência, pela fragilidade humana em suas paixões, e a necessidade de conversão. A humilde intenção de manter-se fiel no caminho da devoção cristã.  Mas nunca vimos tempestade igual a que caiu logo a seguir, naquela quarta-feira de cinzas.


domingo, 6 de abril de 2025

 

GRACIOSA CASA PORTUGUESA, COM CERTEZA!



 TEMPO, TEMPO, TEMPO!



     Um dia não vamos mais voltar para a casa em que vivemos os primeiros anos de nossas vidas. E é certo que alguns de nós deixarão para sempre a cidade natal. Todos aqueles momentos vividos no passado vão se transformar em memória, boas de recordar. Um tempo também sofrido, como todo tempo, que passa, enquanto a pessoa cresce, aprende, amadurece. Evoluímos com o tempo que passa, e a regra da vida é não ficarmos parados no tempo. Recordar com gratidão o tempo vivido, lembrar as pessoas com quem convivemos e foram importantes em cada etapa da nossa vida. Guardar no fundo do coração os que partiram para sempre, deixando saudade.  E se nos perguntarmos o que a vida quer de nós, a resposta é fé e esperança para acolher cada novo tempo de viver.


sábado, 5 de abril de 2025

 



 

 ENVELHECER

 

Entra pela velhice com cuidado,

Pé ante pé, sem provocar rumores,

Que  despertem lembranças do passado,

Sonhos de glórias, ilusões de amores.

 

Do que tiveres no pomar plantado,

Apanha  os frutos e recolhe as flores;

Mas lavras, ainda, e planta o teu eirado,

Que outros virão colher quando te fores.

 

Não te seja a velhice enfermidade.

Alimenta no espírito a saúde,

Luta contra as tibiezas da vontade.

 

Que a neve caia, o teu ardor não mude.

Mantém-te jovem, pouco importa a idade,

Tem cada idade a sua juventude...

                     

                                  Manuel de Bastos Tigre

 

 

 


quarta-feira, 2 de abril de 2025

 



Não poucas vezes falamos algo que acaba por ter uma repercursão inesperada,  quando nossas  palavras são mal interpretadas. Mesmo sem termos a intenção de prejudicar alguém,         importante correr para consertar o erro. Nem sempre é fácil sanar o dano, melhor ter cuidado com o que se fala, e depois só ter que lamentar o já feito.

 

      

     FORAM-SE OS BONDES E O VERDE DE S. LUÍS DEIXANDO SAUDADE!  

     

INÍCIO DOS BONDES ELETRICOS LIGADOS AO PROGRESSO - DÉCADA  DE 20. 


 


BOM RECORDAR .


ANTIGO LARGO DO CARMO - S. LUÍS-MA

 

 

PELAS DORES VIVIDAS SUPERAÇÃO,

POR AQUELAS QUE HÃO DE VIR

FÉ E CONFIANÇA NO CORAÇÃO.


terça-feira, 25 de março de 2025

 



                   


          O CONCERTO










 

 

               Jean de Vermeer faz parte da extraordinária pintura holandeza do século XVII, um pintor de Delft, que na sua cidade natal, pinta  as mulheres na prática dos exercícios individuais da leitura, da escrita, da música, e que também interagem socialmente, de acordo com a nova situação republicana e reformista da Nação. Pinturas que dizem respeito à universal condição feminina, dotadas que são as mulheres de sensibilidade no sentido da elevação da alma, ou da vida, em suma. No quadro O Concerto duas jovens, certamente da próspera burguesia citadina, recebem aula de música com um mestre, até mesmo um maestro, encarregado de ensiná-las. O instrutor está sentado em frente ao piano e de costas, com o rosto oculto, para quem de fora observa a lição, tendo à esquerda uma das moças ao piano, enquanto a outra, a sua direita, canta seguindo o que está escrito no papel que tem em suas mãos. 

            As mais nobres ações humanas, às melhores técnicas, os sábios conceitos, as artes, tudo que a mente humana cria para enfrentar percalços, amenizar dores, até mesmo exorcizar os demônios vindos da modernidade, que então se inicia, assim como a República, que acaba e ser implantada no país. A vida urbana também requer mudanças, que vão bneficiar, em especial,  as mulheres, o que Vermeer apresenta em seus quadros, e neste mostra duas jovens recebendo aula em uma sala de música. Na parede estão penduradas duas telas de paisagens, em frente aos personagens encenados, além da paisagem, pintada no tampo do piano, dando sentido dúbio ao concerto. Uma das telas tem a vegetação  escura e selvagem, com apenas um terço do céu em azul. A outra tela é um esboço de A Alcoviteira pintada por Dick van Baburen,  pertencente à sogra de Vermeer. A obscura natureza, o irracionsl, que leva inquietação à alma, enquanto a luz nas mesmas telas lembra o orfismo.

          A primeira obra lírica encenada em teatros europeus foi “O Orfeu”, de Claudio Monteverdi (1607), inspirada no mito de Orfeu, o primeiro homem a receber a revelação de certos mistérios divinos, e os teria transmitidos a alguns iniciados em forma de poemas musicais. Mesmo diante da  decadência dos costumes e declínio da moral, sempre haverá esperança de superação. O esforço de cada um em particular e a capacidade de interagirem. Pessoas que se irmanam através das mais nobres ações humanas, das melhores técnicas, dos sábios conceitos, das artes, em suma; almas que se unem para enfrentar percalços, amenizar dores, até mesmo exorcizar os demônios,  ou mesmo as instintivas e cruéis ações do homem. E por ser apoteótica, quase selvagem, a extraordinária música de Wagner seria utilizada no futuro como propaganda do nazismo. A tragédia que foi Hitler para a humanidade. E é bom lembrar a descrença que ronda o nosso século XXI, uma modernidade que começou lá atrás, quando se passou a confiar como nunca na racionalidade. Mas em especial, acreditou-se na também humana capacidade de superação dos males, colocada a crédito, principalmente, dos valores preconizados pelos Cristianismo.

 

 

 

 

 

 

 


domingo, 23 de março de 2025

 NICOLAU NO ENCONTRO DOS CAVALIERS EM  BRASÍLIA





 


 

 

                         ORGULHO SEM PRECONCEITO

 



 

Ela nunca sentiu vergonha da situação econômica da família, em comparação aos novos-ricos, com a ilusão que o dinheiro é tudo na vida. Privilegiada por uma educação, inclusive religiosa, que fazia a diferença. A jovem sentia orgulho da avó na confecção de doces para festas, o que lhe podia rebaixar o nível social, conforme o preconceito à época. Ao contrário, acrescentava dignidade  e prestígio à viúva em plena mocidade, o que só conquistaram as mulheres com seu trabalho nas gerações seguintes.

Naquele tempo, se as coisas davam certo o crédito ia para a sorte, mas era culpa da pessoa qualquer coisa que desse errado. E havia um tão grande sentimento de vergonha, que uma jovem  acabou por cometer suicídio pela nota abaixo da esperada no boletim escolar, em vez da máxima. Ano em Getúlio Vargas tirou a própria vida com um tiro certeiro no coração, deixando uma Carta Testamento, em que dizia: Sai da vida para entrar na história. O político não suportou a vergonha da lama jogada sobre si vindo de pessoas próximas. Vergonha, que falta aos políticos de hoje.

Quanto à jovem suicida, faltou fé em si mesma, sem ter consciência da vida inteira que tinha pela frente. A igreja católica com sua especial forma de transmitir essa fé, que está alicerçada na fé em Deus e na vida. Necessária essa força especial, para não fraquejar e seguir em frente, em especial, ter esperança. A transformação pessoal que a crença em Deus promove. E jamais a pessoa envergonhar-se da sua crença, que acredita na hóstia com o corpo de Cristo,  considerando-se o quanto se ganha com a Comunhão.

Vergonha é matar, o caso do aborto, pecado mortal. Já os pecados, chamados veniais, que a pessoa sinta arrependimento, e não  volte a cometer aquele erro. Perdoar-se.


segunda-feira, 17 de março de 2025

quinta-feira, 13 de março de 2025

 

CASA DE NOVELA

Paquetá RJ


 

 

 

                                

                                    ESCURIDÃO



 






              Décadas atrás os apagões eram constantes na cidade, as pessoas dentro das casas sem ter o que fazer no escuro, e mais o intrigante silêncio das crianças.  Do lado de fora também escuro, sem lua. Na casa da Rua das Hortas a avó sem poder escutar a novela “O Direito de Nascer”, o rádio estava mudo  como uma porta, e de volta para a cozinha, via que crepitava a lenha ainda acesa do fogão, uma tênue luz na escuridão. Mesmo que procurasse dormir, ela não ia conseguir, tinha um sono pesado, e se por sorte conseguisse dar apenas um cochilo ia acordar assustada, melhor ficar de olho aberto. A falta de luz acontecia quando ela começou a ler “Os mais Belos Contos de Terror”, que o tio comprara no Rio, e ficara fascinada com as duas primeiras histórias. Muito segura de si falou para o irmão ao lado, o que ele certamente não queria ouvir, que os mortos podiam aproveitar aquele breu para se libertarem da tumba e vir dar uma voltinha na cidade, até nas casas para matarem a saudade. Foi quando um ruído estranho — o que todos os sons se tornam numa tal ocasião, ou seja, ruídos ameaçadores. Os irmãos saltam do sofá e correm em busca de um local mais seguro, perto da avó, que indaga para si mesma: “Por onde Mariana Rosa andará àquela hora, naquela escuridão?” Medo de ladrão, ninguém tinha, coisa rara, os crimes eram passionais.  A tia-avó das crianças chega falando da lua, que não era vista por estar cheia d`água, sinal de chuva.  Deu um abraço nos dois, que mesmo assim continuaram imobilizadas no seu medo.




quarta-feira, 12 de março de 2025

 

SAIU DE ALGUM CONTO DE FADA

CURITIBA


 


 

 

 

                         

 

                                                     SOPRO DE VIDA

 


Quando um sopro de ar entra nos pulmões dá início ao funcionamento do corpo humano, que reage como o primeiro vagido do recém-nascido. Não há vida sem o ar, combustível dessa nossa máquina maravilhosa. Ar que se aquece nos pulmões, produz energia  para fazer o sague correr nas veias, e se dirigir aos demais órgãos.  E a prova de que estamos vivos é o ar que sai dos pulmões pela boca, sopro de vida.  E quanto de vida há no interior do nosso corpo, —  faz parte da essência de Deus, o Criador. O passo a passo da criação  acontecido há milhões e milhões de anos no planeta Terra, que gira na imensidão do espaço infinito.


terça-feira, 11 de março de 2025

 


 

 

 

                                              SER GENTIL

          


A PAZ DE UM CAIR DA TARDE

              A vida cumulou Aurora com doses de gentilezas, que lhe cabem como uma luva, assim como a fez suportar uma dura realidade, da qual ninguém escapa.  E ela tenta imaginar quem era nas várias faces da vida, ou o que pensa de si mesma e do mundo ao redor. O que não podia era ver a sua frente, as idas e vindas, as chegadas e partidas, os nascimentos e mortes, a vida em suma. Justa, ou injusta a distribuição das alegrias e das dores, tratando-se, todavia, de aprendizado para a pessoa de hoje, que não é a mesma de antes.

              E mesmo que nossa personagem ficasse parada, que andasse devagar, ou depressa, as coisas iam acontecer. A vida indo devagar, depois acelera o ritmo, a ponto de virar de ponta a cabeça. Não mais uma virtude ser bem-educado, até mesmo um defeito. Passa a valer os gritos de protestos como forma de comunicação, ou reivindicação. Mundo agressivo esse de tantos países em guerra, assim como as pessoas são agressivas, até contra si mesmas. Aumentam os casos de doenças mentais. 

            O segredo da cura é ser gentil, em especial, consigo mesmo.


sábado, 8 de março de 2025

sábado, 22 de fevereiro de 2025

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

 

                                          DECIDIR - EIS A QUESTÃO



                             Todos nós um dia temos que decidir, tomar uma direção, um processo pessoal que será da maior importância para nossa vida. Além do exemplo da poeta de Goias Velho, olhemos para o caso de outras duas pessoas famosas, que acertaram nas suas escolha, o que nem sempre acontece, mas temos de assumir o feito.  É importante estar preparado  para decidir o que fazer. O papa Francisco, ainda jovem, depois de um encontro com amigos, de volta para casa, o fato de ter entrado na igreja, que costumava frequentar, decidiu sua vida, e em vez de ir ver a noiva, tomou a direção do seminário decidido a ser padre, era sua vocação. De vocação quase oposta a do papa, mas nem tanto, Dercy Gonçalves sentiu o “borbulhar do gênio” artístico quando o circo passou  por sua cidade natal, e ainda bem jovem saiu de casa para seguir aquela trupe, com quem se identificou. 

OREMOS PELA SAÚDE DO PAPA!


 

MAIS UM MEZANINO LINDO DE VIVER




 


 

CURIOSIDADE


Os escritores conterrâneos, Dostoievski e Tolstoi eram também contemporâneos e rivais. Mentes e almas grandiosas, mas díspares, jamais quiseram se encontrar. O autor de Crime e Castigo nasceu sete anos antes do escritor de Guerra e Paz, que o ultrapassou em 19 anos. Ambos escreveram suas duas obras primas, seguidas uma da outra; quando o primeiro terminou a sua, o outro deu início ao seu magnífico trabalho literário.  É de se imaginar que Ressurreição, última obra de Tolstoi, diz respeito a seu oponente, cuja morte muito o entristeceu, e constatou o quanto eram próximos.

 


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

 


 

HOMENAGEM  ANTECIPADA

8 DE MARÇO — DIA DA MULHER

 

                                  

                                         MÃE CARMEM


 



Uma mesa de doces sempre recebe atenção especial nos aniversários, casamentos, ventos sociais — do menos ao mais badalado. Podem os doces até mesmo a competir em beleza com a aniversariante, com a noiva, com as celebridades presentes à festa. Hoje em dia uma boa doceria faz parte do sucesso dos Cafés, que se espalham pelas cidades, tanto  no nosso país, como em todo o mundo. E numa reunião de amigas a degustação dos doces serve, inclusive, para confirmação das amizades.

A vocação do ser humano para os encontros festivos vem de priscas eras, e foi assim que teria surgido o doce, como arte.  Em S. Luís, capital maranhense, na segunda metade do século passado, o nome de Carmem Dias destacou-se na arte de confeccionar doces para festas, por sua criatividade e bom gosto. O empreendimento teve início em sua casa na Rua das Hortas,   de onde se avistava a Biblioteca Pública, chamado Bolo de Noiva de tanta beleza. E como eram belos e doces aqueles dias. Minha avó, uma pessoa afeita ao trabalho doméstico, embora, por seus múltiplos talentos, sua educação e cultura, pudesse destacar-se em profissão de maior realce. Seu empreendimento transmitido para as gerações seguintes;

É fundamental para o homem ter uma profissão, e nem sempre foi assim par a mulher, que hoje em dia se profissionaliza sem problema. No presente momento, Daniela, a bisneta dessa avó materna, resolveu publicar um livro em homenagem de Mãe Carmem, contendo algumas de suas receitas, onde também serão revelados alguns dos segredos da doceira afamada. O legado de uma mulher incansável, por trabalhar praticamente sozinha no seu fogão a lenha, de onde saíam para o deleite de uma clientela fiel os mais saborosos doces. E que da casa e da família não descuidava. Em especial, uma pessoa de retidão de caráter.

Iniciativa de um livro que é aguardado com alegria por seus descendentes, sabedores do quanto Carmem Dias é uma representante exemplar do sexo feminino, considerada referencial da família. 

 


domingo, 16 de fevereiro de 2025

                                                      


                                                            NÃO  MORRA!


                                           




                   Eu me lembro. Estava em S. Luís, quando me dei conta da pessoa que eu era, tantas vezes desmoronada, mas persistentemente reconstruída. Daí que pensei numa pessoa cuja vida seria idêntica a essas casas, antes belas e fagueiras, numa cidade idem, onde ela vivera quando jovem, e  a via agora em ruínas. É certo que o ser humano pode sozinho se reerguer, diferente do amontoado de tijolos e barro em que se transformaram as casas da tombada da capital maranhense. Pode o ser humano sem demora sair de uma situação difícil, ou ser longo o processo para refazer-se de algum fracasso. Mas não depende necessariamente da boa vontade do outro para voltar a ser como antes, diferente dessas residêencias, que dependem dos políticos interessados, ou interesseiros.

Sou eu mesma, como aquelas casas em ruína, abandonadas, antes de dar a volta por cima, o que fiz quantas vezes foi preciso. Já a cidade, que aos poucos se desfez, parece estar definitivamente relegada a um triste fim. À primeira vista parece que o tempo dela já passou, mesmo que ainda sejam fortes seus alicerces, com as paredes da frente das casas e sobrados de azulejos quase intactos. Ela mesma jamais imagina a morte de S. Luís onde viveu parte da sua história e a da própria cidade. E se existe ganho com a construção da nova cidade do outro lado da ponte, o quanto se ganharia com a preservação da antiga. Mesmo que nunca seja a mesma após a reforma,  vale a pena investir nos valiosos bens que se possui por herança, além das conquistas pessoais.

A Rua das Hortas desemboca na Praça Deodoro, e no lugar da antiga meia–morada da família, transformada em bangalô pela sanha reformista dos governos,  ergue-se um prédio comercial, assim como a casa ao lado. A quadra inteira sem os escombros em que se transformaram as casas desabadas nas outras quadras da rua, só uma ou outra salva das garras do  tempo. Atravesso a ponte e já estou na cidade nova, consolando-me com o belo por do sol que vejo da sacada do Hotel em frente ao mar. O mesmo mar onde jaz Gonçalves Dias, cujo navio naufragou na entrada de S. Luís, quando o poeta retornava de Europa com seu canto de saudade: ”Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá...” Esse mesmo mar onde  também repousa o comandante das tropas holandesas, que em retirada da cidade após a derrota para os portugueses teria se jogado no mar, não sem antes proferir a famosa frase: “Só o mar é um túmulo digno para um almirante batavo.”  

Não morra!” Digo de coração para a minha amada S. Luís antes de retornar a Brasília. No meu próximo aniversário estarei de volta, como faço todo ano para comemorar o passado, o presente, e a torcer pelo futuro. Amem!

 

 

PRAÇA GONÇALVES DIAS