PORQUE A DOUTRINA CATÓLICA É A MELHOR
Maria Scott
Muniz
O cadinho cultural que era Roma nos
primeiros séculos, fez com que a fé cristã se consolidasse em bases universais.
Paulo foi o genial ideólogo do
cristianismo, seguido pela inteligência privilegiada de Agostinho, que vai livrar a fé das heresias que ameaçavam uma
doutrina tão bem arquitetada, dando solidez a seus alicerces. Com o
cristianismo o espírito evoluiu, marco civilizatório, extraordinário trunfo nas
mãos dos romanos, que ergueram no
Ocidente uma nova civilização, depois dos bárbaros indisciplinados, que em
ondas anárquicas destruíram o Império.
Por sua vocação
maior de agregar, por seu poder civilizador, a fé cristã seria a base da civilização ocidental. A igreja de Pedro intitulada
católica porque é universal; apostólica, dos apóstolos; romana, por sua sede em
Roma. Pedro, o primeiro apóstolo,
considerado a pedra sobre a qual se ia erguer um monumento de
cultura e fé, a partir da concepção
divina na casa de Davi, com o nascimento do filho de Maria numa gruta a caminho
da cidade para participar do recenciamento. Maria
e José chegam a Jerusalém com o
filho predestinado a modificar o mundo. O fenômeno que era o menino Jesus, obediente a José, seu pai
adotivo, com quem ainda criança parte para o Egito em fuga da perseguição de
Herodes. Reaparece já adulto, sua história a do próprio povo hebreu.
Muitas
correntes do pensamento religioso cristão foram consideradas heréticas,
submetidas ao crivo dos concílios que aconteceram nos primeiros séculos, afinal
tinha que haver um consenso sobre o que
seguir, que fosse digno de fé, que elevasse a humanidade mental e
espiritualmente. Heresias não deixam de gravitar em torno do núcleo central do
cristianismo encetado por Paulo, que se distancia do judaísmo, sem renunciar à
herança bíblica. A corrente principal do cristianismo se afasta do gnosticismo
do passado, inferior à gnose platônica seguida pelo bispo de Hipona. Em vez das
revelações anteriores, inclusive a mosaica, uma verdade acessível aos fieis, contida
nos Evangelhos, a de João considerado
uma porta aberta para o gnose.
A intenção da
crença cristã não era atrair a simpatia das autoridades religiosas judaicas,
que prendem Jesus. Pilatos manda o prisioneiro de volta ao povo judeu para que
o julgassem em definitivo. Começa a
perseguição aos cristãos que se escondem nas catacumbas, até a religião tornar-se
oficial. Quando o Império desmorona, os cristãos outra vez se refugiam, dessa feita nos
mosteiros. Para fugir da anarquia a alternativa foi apelar para a solidão
coletiva, onde a fé se resguarda. A elite intelectual não deixa de cultivar o
saber para, à primeira oportunidade, interceder por um mundo melhor, mais
justo. No século XII ocorre o renascimento carolíngio, os mosteiros transformados
em centros de preservação e difusão cultural. Erguem-se catedrais,
principalmente em homenagem à Mãe divina, onde funcionam escolas, que aos
poucos vão evoluir para as universidades.
Até então os
fundamentos da fé alicerçada no platonismo agostiniano. No século XIII a fé se
vale da escolástica, que tem como base o sistema científico e filosófico
aristotélico, ideal religioso superado no século XIV por intelectuais como Petrarca e Boccacio, que serão os precursores do humanismo do século XV,
quando retorna Platão. Os ensinamentos
dos neoplatônicos Marsílio Ficini e Pico della Mirandola se baseiam em Hermes Trimegisto, Zoroastro, Moisés, Orfeu,
depositários de uma mesma verdade oculta. A ideia era de que o futuro luminoso
para a humanidade se devia buscar no conhecimento de antigas culturas, onde se
encontram verdades ocultas, o conceito é de uma “revelação primordial”.
No século XVI
um cisma religioso vai abalar a cristandade, com a Reforma de Martinho Lutero, monge agostiniano,
professor de teologia da Universidade de Winttenberg, cujas meditações sobre
Paulo e Agostinho o levam a considerar a predestinação individual de salvação, ou justificação, unicamente pela
fé, descartando as obras. O movimento protestante veio a calhar para os
príncipes que não queriam mais aceitar a autoridade papal, e adotam a nova fé, que
logo se difundiu. Por sua vez a fé católica organiza sua própria reforma, intitulada
erroneamente de Contrarreforma. Reformas que marcaram o advento dos tempos
modernos. Os germanos, que pertenciam a heresia ariana antes de serem
evangelizados pelos missionários católicos Ulfila
e Bonifácio, agora são protestantes.
Com a descoberta
de novos territórios e expansão comercial,
os missionários católicos e protestantes para amenizar os efeitos da
colonização, ou exploração, e preservação da fé cristã, criam uma elite escolarizada, o caso da América,
onde os povos pagãos foram convertido nem sempre de modo dócil, até com
violência, devido a ambição, principalmente de poder. Mas os resultados das Missões
religiosas são alvissareiros, também na China e Japão, onde os missionários
plantaram sementes da fé cristã por algum tempo e em poucos lugares. Na África
as missões de evangelização tiveram grande sucesso, tanto protestante quanto católica.
Algumas
culturas indígenas sobreviveram aos colonizadores, as que ficaram isoladas, o
caso dos ianomames, por exemplo. O
que resta é pura figuração do que foram um dia, culturas hoje utilizadas por
aventureiros, exploradores de plantão. Os povos da floresta com uma crença
baseada no espírito dos ancestrais, partícipes da vida social dos vivos. Para
eles a alma humana pode continuar existindo depois da morte física para
assombrar os vivos, ou causar-lhe benefícios. A crença é que existe um
reservatório de substância psíquica no qual a alma retorna a um estado
indistinto. Lógico que essa é uma explicação racional para o mistério, e tem correspondência
com as ideias de certas seitas gnósticas conhecidas.
O xamanismo
dos índios da América do Norte, que não é uma religião, mas um conjunto de
métodos extáticos e terapêuticos, cujo objetivo é manter contato com o universo
paralelo, invisível, em que os espíritos
atuam sobre os humanos. Isso nos faz acreditar que os antigos habitantes do
continente chegaram aqui pelo estreito de Bering, quando trouxeram o xamanismo
dos mongóis e dos povos do ártico, que foram convertidos a várias religiões
universais como o budismo, judaísmo, zoroastrismo, maniqueísmo, cristianismo,
islamismo. A instituição do xamanismo no presente seria um resgate do passado autóctone,
cuja história se desenvolve em relativo isolamento. As pinturas rupestres dão
pistas de um passado remoto, xamânico.
A riqueza do
catolicismo romano é incomensurável, sua doutrina constitui um bem cultural da
humanidade, do que ela vivenciou no campo espiritual e mental, seus
conceitos universais. O conhecimento filosófico entra como grande auxiliar na
empreitada da fé católica para se assimilar a ideia de Deus, transcender para o
amor em nível superior, divino. Meio necessário para viver bem consigo mesmo, se
relacionar melhor com os semelhantes. A fé católica é a que melhor toca o
coração da humanidade, enquanto outras crenças, no mais das vezes produtos de
mentes individuais, são veículos com motor possante, mas descarrilhados.
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