UMA NOVA LEI ÁUREA?
O serviço doméstico considerado
como uma espécie de semiescravidão, que a dona de casa dividia com sua
empregada dentro do lar, as duas mulheres solidárias e amigas, principalmente
devido a procriação. Desde priscas eras as mulheres sujeitas ao trabalho, dito
inferior, que é cuidar do lar e da prole, as mais aquinhoadas contando com as
empregadas, em condição favorável para ambas as partes. Ou mesmo desfavorável
quando a empregada não tinha condições de assumir tal tarefa, em sua maioria. A
nova lei anunciada pelo presidente do Senado dá direitos às empregadas
domésticas, como qualquer trabalhador, com horas extras e outras coisas mais,
que serão contabilizadas nos custos desse empregado. A pretensão é fazer
justiça a uma classe esquecida e requer cautela do outro lado da mesa, não
apenas das refeições, mas das negociações.
A mulher que tem filhos pequenos
e precisa trabalhar fora não pode prescindir de ter uma empregada, enquanto
estiver ausente, até mesmo para pagar a empregada. Um ponto crucial, também
para a outra parte. Se a lei das domésticas for para valer, tem de furar a
resistência arraigada em certos costumes do brasileiro. Se a família não puder
arcar com as despesas, a mulher vai ter de ficar em casa, ou então o marido. Um
acordo entre homem e mulher que tem de existir. A sociedade que promove igualitarismo
geral e irrestrito. Verifica-se nos comentários masculinos na imprensa e de
boca em boca, que são eles, homens, os mais intrigados com a PEC das domésticas.
O bom é que a nova lei pode, inclusive, promover
a cooperação da família na divisão das tarefas do lar, no que for necessário, abolindo
a distinção, coisa atípica para o machismo brasileiro. A própria mulher não se
sente muito à vontade com o homem na cozinha, ou fazendo a cama. Acerto que acontece
na relação de trabalho entre empregador /empregada doméstica, que passa a ser
menos pessoal e afetiva, e mais profissional.
O lar gerido com competência, como deve ser. Que assim seja! É ver para crer.
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