FALAR E CALAR.
No passado, não muito
distante, o casal compartilhava um silêncio respeitoso, quase constrangedor. Acontecia
com quem ficava junto para sempre, raras as exceções do casal separado, uma
pecha para a mulher. Sobreviviam assim as relações pessoais e as famílias, cada
um guardando a sete chaves seus segredos, e quem estivesse insatisfeito,
sentindo-se vulnerável, por esse ou aquele motivo, fossem reclamar para o papa...
O amor coisa tão banal! Para que gastar tempo em dirimir dúvidas, superar
carências? Assim era mantida a união homem e mulher num patamar de respeito
mútuo, ou do poder de um sobre o outro.
Negar a palavra à pessoa que nos é
mais cara acontecia por insegurança, em princípio. Acreditar que tudo está bem,
ou que vai ficar bem um dia, só calar e ter paciência. Os bonzinhos pensam
assim. Também os sádicos acham bom tudo ficar como está, nada mude. A ilusão de
que o amor permaneça o mesmo até o fim. Ou até que os cabelos embranqueçam, os
sentimentos morram de vez e a alegria de viver vá embora. Se bem que a
capacidade de regeneração por si mesma existe, sim, se um dos dois não morrerem
antes. Acontece que ninguém casa com a pessoa certa, o que escutei dias atrás,
e sabendo disso, o casal entenda que deve haver respeito pelo compromisso assumido,
boa vontade pelo projeto de vida a ser cumprido. Era o que as pessoas
acreditavam no passado, ou levadas a acreditar, pela religião, família e
sociedade.
As coisas são como têm de ser, para
que mudar? Isso antes, quando as mulheres ainda não gozavam da independência
financeira, como profissionais. Depois tudo mudou, elas tornaram-se donas do
nariz, também verborrágicas. Falam que falam, que sempre é bom falar, pois calar
hoje é considerado veneno letal para as relações, sejam elas quais forem. No
trabalho, com a família, com os amigos, falar sempre. Quem cala consente, dito
popular, que não é recente. O que não se deve é compactuar com o erro, e tem
caso de necessitar de denúncia às autoridades, quando houver maus tratos.
Bem verdade que só com o tempo se
entende muita coisa, mas é essencial a comunicação verbal, pois na barbárie o
pau canta, e ponto final. Questão de civilidade
expressar-se bem em palavras. Mas muito blá, blá, blá, também pode ser
desgastante para a relação. Tem que haver afinidade em quase tudo entre as
pessoas que buscam o amor ou a amizade, para que não haja conflitos maiores. Essencial
a diferença entre os sexos, homem e mulher diferentes em pensamento palavras e
obras, riqueza que deve ser bem administrada. Pouco, ou nada interessante,
viver com um clone, essa união entre pessoas do mesmo sexo, de uma pobreza só.
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