SOLAR E LUNAR
Uma pessoa
alegre, comunicativa, feliz, que age às claras, ou à luz do dia, se diz que é
solar. Já a lunar é triste, pessimista, noturna. Os dois lados com que a
personalidade de cada um atua. Estar solar é quando se aproveita o que de bom
tem a vida, planeja, executa, muda, com lógica, liberto dos entraves à razão. E
sendo assim, sorri do que perdeu, do que ficou para trás. Se há esperança,
persistir, se não, esquecer. Não pensa na morte, muito menos em querer
conectar-se com ela, que os mortos descansem em paz.
“Direis, ouvir
estrelas? Certo perdeste o senso!... E vos eu direi, no entanto, que para
ouvi-las desperto, e abro a janela pálido de espanto.” Olavo Bilac fala dos
poetas, em especial, da alma em espanto diante das estrelas, que brilham no céu,
desde sempre. Brilham indiferentes a nós, poetas ou não, de tão curta vida. Pálido
e alumbrado, o lunar acolhe de coração a dor que não entende, enquanto o solar abraça por vocação a alegria
que surpreende.
A tristeza é tão legítima quanto a alegria. E
não deve sofrer intolerância a dor que precisa ser curtida, assim como a
alegria merece ser cantada. Doce
tristeza, aquela saudade, até de nós mesmos. Humanos que somos para suportar os
dias triste, quando se quer fugir de tudo, e para vivenciar com gosto os dias alegres,
de vida bem vivida, que é tudo de bom. Sem
levar as coisas muito a sério, nem querer mudar por mudar. Às vezes preferir não
fazer nada. Nada vezes nada, o que pode nos salvar de muito sufoco. Mas estar
atenta ao primeiro sinal da depressão, que não é coisa de doido, e deve ser levada
a sério.
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