FELIZ DIA DAS MÃES!
conto
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BOLO DE NATA
Ela lembra bem quando casou,
ainda bem jovem, não tão jovem como se casa hoje, ou seja, se inicia a vida
sexual, sem a exigência do casamento. Não sabia de nada, nem cozinhar o básico.
Não tardou a aprender, inclusive economizar, que não significava poupar
dinheiro para render no banco, e sim para o casal viver com os recursos que possuía.
A mulher não trabalhava e o marido de
Maria, bancário, bem diferente de banqueiro.
Nem sonhava
Maria com a bolada de dinheiro da mega-sena acumulada, aposta que ainda não existia. Acalentava
outros e melhores sonhos, enquanto fazia seu bolo de nata. Com paciência e determinação ela colhia a
nata do leite que consumiam em casa diariamente, o suficiente fazia um bolo doce
e gostoso para a família. Pela nata é que se sabia a qualidade do leite. Os sonhos
também colhidos como a nata, e reservados no coração, que os resultassem em bom
alimento para satisfazer o apetite e digno de admiração.
Maria
já tinha noção de como fazer um bolo, que via a mãe confeitar com arte os gostosos
bolos que a avó fazia. A nata (ou a manteiga), o açúcar, a farinha, acrescidos
do fermento para fazer crescer a massa, ingredientes misturados com a colher de
pau, por mãos divinas, que faziam tão leves e gostosos bolos. Produção caseira,
hoje uma raridade, os bolos e doces industrializados, que deliciam uma gente
que não sabe mais fazer bolo, nem precisa
colher a nata. Todas as delícias diante dos olhos, pronto para o
consumo.
Sedutores
doces em grande quantidade enfeitam as prateleiras das confeitarias, muitos
deles de sabor duvidoso, de bonita aparência, ou nem isso. Simplesmente fazem
as pessoas serem consumidoras compulsivas. Um dos grandes males da humanidade é
a compulsão. Acabamos sem apreciar o gosto que as boas coisas da vida têm.
Criam-se novas receitas para seduzir e viciar, enquanto padece o coração da
falta que o ideal e o inefável fazem. Os costumes moldados na pressa do aqui
agora, que rouba um bom tempo de sonhar.
Hoje,
contestam-se a nobreza e a excelência do ser humano, sua doçura e
altruísmo sob suspeita. Não seríamos nada mais que criaturas sôfregas por forrar o estômago e satisfazer os
instintos elementares. Nada mais que bárbaros, que criam mecanismos para sair
da barbárie, embora cada vez mais se afoguem nela, tudo justificado pela lei e
pelos costumes. A estrutura social não mais
moldada pela filosofia e pela religião, cujos preceitos buscam o ideal de vida para o homem e para a civilização.
A
batalha continua, que a massa está sendo mexida, e se não for usado o fermento
do bom pensamento filosófico e da fé religiosa o bolo vai solar.
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