MINICONTO
CONVERSA NO CAFEZINHO
Avó e neta estavam no shopping
tomando um cafezinho depois das compras, o que costumavam fazer no último sábado de cada mês.
Conversavam sobre a chuva que ainda caia forte na cidade, época de já ter ido
embora dando lugar à secura, típica de Brasília. Mudando de assunto a neta comentou
sobre a falta de amor entre as pessoas. A
avó aproveitou para falar-lhe:
— Na geração
passada jamais desejamos ser amados, como se deseja hoje em dia, as pessoas
queriam mais ser respeitadas, que amadas. No fim contou-se com o devido respeito,
e o amor não faltou. Quanto mais amor queremos, menos recebemos, essa a
verdade. O desejo é muito grande hoje de amar e ser amado, talvez pela falta
desse sentimento tão essencial à vida.
— Vó,
parece que não mais existe amor entre as pessoas, muito menos respeito. Em
certas ocasiões e lugares, até mesmo nas redes sociais, criado para as pessoas se comunicarem, mas a impressão que alguns querem dar é de ser um lugar onde se sabe mais da vida do outro que o titular. Um modo estranho de ser, mas é assim mesmo hoje em
dia.
E a avó:
— Sim, tem gente que parece não fazer outra coisa a não ser vasculhar a vida alheia, sente orgulho de saber tudo sobre todos e conhecer todo mundo, chega a ser ridículo, quando não maldade mesmo. Desacatam, humilham, sem a mínima noção de respeito.
Depois
dessas palavras a neta de dona Marta lembrou de algum tempo atrás, quando era
presença obrigatória em todos os lugares badalados, sempre querendo estar rodeada
de gente, agora o que mais queria era ficar quieta no seu canto.
Tinha acabado um longo relacionamento, sem casamento oficial, e descobriu que amava estar consigo
mesma. A avó, sua confidente, retrucou:
— Não
é bom se esconder, nem querer aparecer demais, um segredo para se viver melhor,
e evitar ansiedade, um mal destes novos tempos.
— Não
estou fugindo do amor, nem estou ansiosa para amar, vou deixar acontecer no
devido tempo e com a pessoa certa. Tive um bom relacionamento com Filipe e
espero que o amor aconteça novamente, darei tempo ao tempo, que ele é um
mestre.
— Acredite,
minha querida Luana, a vida retribui o amor aos que amam, e percebo o quanto é
dura as lições que dá aos que não sabem amar. Amar não é passatempo, é coisa
séria.
Terminado
a conversa no cafezinho, neta e avó despedira-se, com afetuoso abraço. Haviam cumprido uma missão de amor.
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