QUE TEMPO GRANDIOSO ESSE!
Ela caminha por aquela rua, tão
familiar quanto estranha, vê uns poucos prédios em processo de restauração, enquanto
a maioria continua em ruínas, como que destruídos por um bombardeio.Apesar de longe
das guerras as residências foram simplesmente abandonadas, enquanto o tempo tratou
de fazer seu trabalho. O calor envolve a cidade, que Maria não se lembra de ser
assim quando na juventude caminhou por aquelas calçadas estreitas, difíceis de andar.
Pensa numa lufada para que tudo voltasse a ser como antes, em vez dessas
misteriosas casas fechadas com cadeado, como se alguém quisesse habitá-las. Mas
ninguém quer morar ali. Falta o vento do progresso, só o calor abrasador, e aquelas ruínas. O suor
escorre por sua face misturado às
lágrimas.
Está no meio da ladeira, fantasmas
passam por ela, como se vivessem ainda aqueles preciosos dias de antanho. Quanto
mistério, que ela não pode de todo decifrar. Restam as lembranças das pessoas especiais
que povoaram sua infância e juventude, e merecem toda gratidão. Do outro lado
da ponte vive-se hoje um tempo soberbo, graças aos generosos dias dessas pessoas
devotadas, e com sua vida exemplar deram a largada para o futuro, e legaram aos herdeiros tudo de bom e de belo que existe. Que tempo
grandioso esse! Bom lembrar, pensa Maria. Mas o passado ficou obsoleto para a
moça dos novos tempos, que fuma e bebe, pensa que suas roupas decidem o valor que
tem, e o dinheiro é mais importante que sua paz de espírito. Já as crianças com
os olhos postos nas telas do computador e celular trocam a atenção dos pais pelo
mundo virtual.
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