sábado, 25 de janeiro de 2025

 



 

 

                             QUE TEMPO GRANDIOSO ESSE!

 

 


 

          Ela caminha por aquela rua, tão familiar quanto estranha, vê uns poucos prédios em processo de restauração, enquanto a maioria continua em ruínas, como que destruídos por um bombardeio.Apesar de longe das guerras as residências foram simplesmente abandonadas, enquanto o tempo tratou de fazer seu trabalho. O calor envolve a cidade, que Maria não se lembra de ser assim quando na juventude caminhou por aquelas calçadas estreitas, difíceis de andar. Pensa numa lufada para que tudo voltasse a ser como antes, em vez dessas misteriosas casas fechadas com cadeado, como se alguém quisesse habitá-las. Mas ninguém quer morar ali. Falta o vento do progresso, só o  calor abrasador, e aquelas ruínas. O suor escorre  por sua face misturado às lágrimas.

                   Está no meio da ladeira, fantasmas passam por ela, como se vivessem ainda aqueles preciosos dias de antanho. Quanto mistério, que ela não pode de todo decifrar. Restam as lembranças das pessoas especiais que povoaram sua infância e juventude, e merecem toda gratidão. Do outro lado da ponte vive-se hoje um tempo soberbo, graças aos generosos dias dessas pessoas devotadas, e com sua vida exemplar deram a largada para o futuro, e legaram aos herdeiros tudo de bom e de belo que existe. Que tempo grandioso esse! Bom lembrar, pensa Maria. Mas o passado ficou obsoleto para a moça dos novos tempos, que fuma e bebe, pensa que suas roupas decidem o valor que tem, e o dinheiro é mais importante que sua paz de espírito. Já as crianças com os olhos postos nas telas do computador e celular trocam a atenção dos pais pelo mundo virtual.                

                   



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