RECADO PARA A IRMÃ
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IRMÃS VAMPIRAS |
Ela confessa para a irmã. Quando éramos jovens, por curiosidade eu te seguia de longe, te via sem saber o que se passava contigo, vivias com nossa avó materna. E porque não estivemos perto uma da outra, eu desconfiava de ti, e tuas amigas católicas, enquanto as minhas eram protestantes, e se tramei contra ti, peço que me perdoes. De repente eu me perguntava: "Para onde será que foi aquela minha irmã mais velha? Hoje sei que não estavas a passeio em outras terras, mas tentavas construir teu futuro. E retornaste para casa antes de alcançares teu intento, a saudade mata, inclusive, as ambições. Daí foi eu que parti, também por pouco tempo, mas se foi a oportunidade de termos uma convivência mais estreita. Já estavas casada.
Tinha o jardim da casa da avó, e era para onde todos queriam ir, só tu moravas ali, mas sei que ela vivia ocupada com suas encomendas de doces, precisou trabalhar depois de perder o marido tão cedo. Eu ia lá em visita de médico, entrava e sai rapidinho, só dava uma espiada básica. Te via estudando, foi quando notei ao teu lado aquela cobiçada caixa de lápis de cor, do que nunca me esquci. Não parava de ir da minha casa para a casa da tia, e também ia à casa dessa avó. Tinha ainda a casa de uma amiga, que era como irmã, onde me sentia em casa na casa dela, e ela na minha. Tuas amigas também gente boa de verdade. E o silêncio que se estendia sobre as coisas horrorosas que aconteciam.
Findos os ciúmes, as desconfianças mútas, eu declaro meu amor por ti, e te chamo, minha irmã. Vem depressa, vem contente, que eu também posso ir correndo ao teu encontro. Não precisas fazer nada, dizer nada. Vem com calma, vem com tua doce presença. Sei que isso pode acontecer, pois estamos vivas, graças a Deus.
Irmã vampiras, nós? Não, carismáticas, com certeza!
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