quarta-feira, 11 de dezembro de 2013



              LAICO NÃO SIGNIFICA ATEU
         
      


       A união entre Estado e Igreja vigorou por séculos, as cidades que surgiram em torno dos mosteiros, com a fé cristã, que desse modo forjou a civilização, educou a alma ocidental. Veio a modernidade, o progresso material, cujas raízes estão lá longe. Ao Estado, e aos poderes constituídos democraticamente, foi dado zelar pelo bem comum, pelos direitos à cidadania. O intitulado Estado laico, ou secular, é coisa recente. Laico significa que não há uma religião oficial, mas comporta, por parte do Estado, respeito a toda confissão religiosa, isso no regime democrático. Em nosso país a Constituição Federal adota o Estado Laico, conforme o art. 103.  Estado laico não quer dizer Estado ateu, o que seria admitir um lado perverso para a questão. Acontece em alguns países laicos o governo criar dificuldades para manifestações religiosas em público, onde se rejeitam qualquer forma de relevância política e cultural da fé, procurando ignorar as religiões, até denegri-las. Um absurdo adotar tal procedimento em nosso país, quando somos cento e vinte e sete milhões de católicos, ou seja 65% da população. Fora os evangélicos e outras crenças. Por conta desse expressivo número de pessoas que adotam a fé, calcada na ética e moral cristã, é perfeitamente justificável que esse contingente tenha voz na sociedade quanto a seus princípios.
        Foi aprovada na Câmara dos deputados a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição nº99/11 pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que segue para votação em plenário no Congresso.  Se aprovada, as instituições religiosas de âmbito nacional serão incluídas na lista das entidades que podem impetrar ação direta de inconstitucionalidade, ou declaratória de constitucionalidade, como acontece com os sindicatos, e outras entidades. Garantir às instituições religiosas o direito de se acautelar contra o arbítrio do Estado, em temas que lhes são pertinentes.  Algumas pessoas nunca receberam orientação religiosa, e se justifica que sejam indiferentes, até mesmo rejeitem essa ou aquela religião. A nós outros é chocante, todavia, a ignorância e prepotência dos que se declaram ateus. A fé requer humildade, compromisso com o ser humano, constituído de corpo e alma. Como pode alguém se declarar ateu, se não pode provar a inexistência de Deus? Na dúvida, o que no caso é mais pertinente, melhor se declarar agnóstico. Mas certas cabecinha se julgam donas da verdade. Ó, coitados!
        O professor de história Rainer Sousa, membro do Educa Brasil na internet, cita Erasmo de Roterdã, dos primórdios do iluminismo, época em que a razão se impõe, sem que fosse apartada da humanidade a fé em Deus. “No presente, o homem se faz através da posse da razão. Se as árvores e bestas selvagens crescem, os homens, creia-me, moldam-se(...) A natureza, ao dar-vos um filho, vos presenteia com uma criatura rude, sem forma, a quem deveis moldar para que se converta em um homem de verdade. Se esse ser moldado se descuidar, continuareis tendo um animal; se ao contrário, ele se realizar com sabedoria, eu poderia quase dizer que resultaria em um ser semelhante a Deus.” Erasmo defende a razão por compreender ser a responsável pela aproximação do homem à figura de Deus, diz o professor, que aconselha aos demais professores de história façam os alunos perceberem essa tentativa de conciliação entre razão e fé.  Acredito que o mundo contemporâneo se tornou mais consciente de Deus, depois que o comunismo fracassou no seu afã de sucesso, banindo os anseios humanos de espiritualidade, a fé acusada de ser o ópio do povo. Isso para que a coletividade fosse conduzida exclusivamente pelos chefões do Partido e seus interesses escusos.   

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