PARA NOSSA ALEGRIA
A igreja
católica acaba de divulgar a exortação apostólica do papa Francisco, Evangelii Gaudium (A Alegria do
Evangelho). O foco está na desigualdade entre pobreza e riqueza, o que fez a revista
Veja (edição 2.350) apontar para o modo divergente como é vista a riqueza nas
duas manifestações religiosas do Cristianismo. A religião protestante defensora
da liberdade econômica e do capitalismo a partir da Reforma do século XVI, o
que mudou a visão do Cristianismo. Enquanto a fé católica coloca na riqueza o
“estigma da imoralidade”, ao defender os menos afortunados, segundo a revista. Acontece que, ao
longo do tempo, a Igreja Católica nunca se omitiu quanto à riqueza, hoje
acumulada em grande escala, sem que se alcance um nível satisfatório
de bem estar social para todos. O papa segue a doutrina social da igreja, e não há como mudar isso.
Inegável
que o trabalho produtivo e o capital são os fatores do progresso material, que teve como base a religião protestante. Em contrapartida o
catolicismo tornou-se o fiel da balança, em defesa do trabalhador, do salário
digno, para que a riqueza cumpra seu papel e não provoque desigualdade social, que existe desde a Era Industrial. Foi quando o papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas). A pobreza que se
perpetua até os dias de hoje, mesmo com tanto progresso material. O catolicismo
é acusado de fazer apologia da pobreza, mas, na verdade, se volta contra a
exploração do trabalho para gerar riqueza a qualquer custo, acumulada nas mãos
de uns poucos, segundo Francisco no sua Evangelii Gaudium.
Valorizar juntos
trabalho e riqueza é o espírito da fé católica, como da ética protestante. Não
há valor a ser dado à riqueza sem o trabalho, essa é a questão. Dissociar
riqueza e trabalho é antiético e fere os preceitos cristãos, quer católicos,
quer protestantes. O valor maior da riqueza é o bem estar social, para o qual
ela deve ser gerada. Se a religião
protestante pavimentou o capitalismo e sua ética, segundo Max Weber, a opção católica
é pelo direito de todos aos bens amealhados. Defender os pobres é diferente de
fazer a apologia da pobreza, mas tem gerado confusão.
A Igreja
Católica não é pobre, graças a Deus. É rica nas ciência e nas artes. Tem bens
materiais, e os maiores valores espirituais da humanidade são de suas hostes. Nos
mosteiros católicos, nas suas universidades, prosperaram as ciências e as
artes, o trabalho sempre valorizado. O que fez progredir o mundo, hoje menos
religioso, e mais empobrecido de valores, onde desmedidas ambições materiais queimam
tudo numa fogueira de vaidades. Será que o papa Francisco condena o livre
mercado, ou apenas a liberalidade em excesso e a falta de ética, desse mesmo
mercado? Isso não é bom para ninguém, nem paras as grandes riquezas que de
repente somem, levando grandes investidores ao desespero e até à morte. Prega
Francisco no deserto, como diz a Veja, ou contra a selva, em que o mundo se transformou, com tendência a piorar?
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