MUROS MÍTICOS
Os muros
altos das antigas casas de São Luís, como vemos na foto, têm história. Ao olhar
aqueles dois muros, um diante do outro, separados por uma rua estreita da capital maranhense, ocorreu-me decifrar
o que eles nos dizem. Ainda no século XX
falava-se em “cidade de muro baixo”, no sentido dos seus moradores estarem
sujeitos aos olhares curiosos de fora, ao “disse me disse”, em suma. No caso, não
havia dinheiro para erguer muros mais altos, o que só as cidades ricas e seus
moradores possuíam, para melhor se protegerem, não só dos curiosos, mas principalmente
dos ladrões que podiam invadir suas residências.
A
cobiçada capital maranhense, fundada por franceses na colônia portuguesa, daí o
seu nome, também foi invadida por holandeses, que transpuseram os muros da
cidade, e lá permaneceram por três anos. Já no tempo do império, livre das
invasões estrangeiras, a cidade de São Luís foi urbanizada, a exemplo de
Lisboa, em quarteirões, com ruas retas e bem traçadas, quando então os
moradores endinheirados passaram a erguer muros em suas casas como proteção de
“invasores” locais, também dos olhares curiosos de fora, certo? Costume que perdura
até hoje nos casarões das grandes
capitais, o que não é o caso da pobre capital maranhense, que teria de há muito
virado cidade de muro baixo, o que se lastima. Não a falta de muros altos, mas
a pobreza.
A
modernidade trouxe consigo a ideia de derrubarem-se os muros que separavam as
pessoas, as culturas, consequentemente a liberdade de pensamento, de costumes.
Tinha que acontecer, bom que aconteceu, não fossem os problemas advindo da falta
de compostura, que torna as pessoas por demais vulneráveis. O excesso de exposição
da pobreza, material e moral. A televisão que não se cansa de expor as mazelas
nacionais, principalmente as da política. Na internet, temos os usuários que se
expõem, ou são expostos indevidamente, por falta maior proteção ao indivíduo. Que
voltemos então a erguer muros, os da censura, por exemplo? Não, apenas que todos
tenham uma vida mais respeitosa, que os políticos tenham pudor de cometer ação tão
indigna, de roubar seus eleitores no que há de mais importante que é o direito a
uma vida digna. No Brasil da Copa, ano também da eleição presidencial, votar em
quem? Os eleitores da Dilma já sabemos quem são. Quanto a nós outros, dúvida cruel!
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