EDUCAR PARA A VIDA
Como avisei em data anterior, estou de férias. Mas li
a postagem de uma internauta em fúria no Facebook contra um casal de idosos que
ela chamou de velhos petulantes, mais isso e mais aquilo, por terem se recusado
de tirar o carrinho de compras que estava em frente ao seu carro no
supermercado. Revoltada, ela falou do costume dos velhos xingarem os moços de vagabundos
e irresponsáveis. Comigo aconteceu também de ter experimentado a fúria de uma
jovem senhora, e nem éramos tão velhos. Meu marido tinha acabado de fazer 70 anos e eu um um pouco menos, ele conduzia nosso Renaux, e íamos entrar no estacionamento externo do
prédio recém-construído onde morava minha filha casada. Havia dificuldade de acesso,
hora do almoço, o trânsito daquele jeito numa via movimentada, tivemos
cautela para entrar. Essa pessoa apitava trás de nós, e ainda caiu de
impropérios, que devíamos ficar em casa e não atrapalhar quem trabalhava. O que
me chama atenção em ambos os casos, o do Face e esse último, é que se tratam de
mães que tinham ao lado os filhos, penso então no sentimento de poder, ao mesmo
tempo insegurança que elas sentem. A grande expectativa das mães para com seus
filhos, que podem frustrar suas ambições, principalmente nos tempos atuais, difícil
de educar e fazer com que os filhos e a própria pessoa tenha sucesso, nesse mundo
atual tão competitivo. Além do mais, aumentou o número de velhos, que passou a
merecer cuidados especiais, com lugar reservado para idosos nos estacionamentos
e nas filas, além das aposentadorias que melhoram bastante, fazendo com que os idosos
possam viver mais e melhor. Esquecem essas jovens mães que elas também
envelhecerão, e certamente não vão querer ficar em casa fazendo croché,
principalmente as mulheres modernas acostumadas a deliberar e não ceder seus
direitos a ninguém.
Antes de tudo levemos em consideração
que o fracasso e o sucesso são coisas passageiras. A felicidade e infelicidade
também. Todos os pais querem ver os filhos se darem bem na vida, ter um
acarreia promissora, em suma, tenham sucesso e sejam felizes. Para começo de conversa, é importante não se
preocupar demais com isso, não se inquietar. Façam os pais a sua parte que é
dar boa educação e segurança afetiva, o suficiente para os filhos terem
recursos necessários para que se sintam confiantes e tenham determinação no
agir. Pessoas felizes, sérias, realizadas, que respeitam os direitos dos
outros, para que se sintam em segurança e bem realizados, em que se inclui o
respeito aos mais velhos. Afetividade, por exemplo, não significa cobrir os
filhos de elogios quanto à inteligência e talento da criança, ou do jovem, dizer
que são gênios para elevar sua autoestima, o que pode reverter no contrário. Em
vez disso, falar o quanto eles devem se esforçar para obter bons resultados,
sem se preocupar com os outro, o sucesso que pode ser frustrante, mesmo que se alcance
o intento por puro capricho, pois há tanta gente insatisfeita com o trabalho,
com a família, com a vida. Insatisfação que pode ser revertida com mais empenho
no que se faz, desde as escolhas.
Passar a
acreditar que já ganharam de antemão, pode enfraquecer a vontade, deixando de
fortalecer o caráter. Medo do fracasso, da frustação e da dor é experimentar de
antemão o que lhe reserva a vida, ou não. Se dar mal em algum momento vai
acontecer com todos, ensinar, pois, a superar as adversidades. Aprender os mais
moços como superar suas fraquezas, o respeito aos outros, e a terem paciência,
sem se deixarem humilhar, nem se submeterem a dores evitáveis. Como disse
Shopenhauer a felicidade é ausência de dor, mas ter paciência, o tanto que lhe facilite
a vida. Facilitar os pais a vida dos filhos tem limites, assim como nunca dificultar
sua evolução, o calvário que é ter pais cruéis, ou bondosos demais, de quem às
vezes os jovens têm necessidade de se afastar para preservar a própria
identidade como pessoa dona de si, com direitos e deveres. Quantos deixam de desenvolver
suas potencialidades, ou não cuidam de preservar a genialidade do açoite do
orgulho, consequentemente tornando-se vítima da inveja. Educar inclusive para a
felicidade que requer educação, esforço pessoal. Sempre o esforço e a paciência,
para aceitar as dores que evitam sofrimentos maiores e se possa gozar as
delícias de crescer e amadurecer para a vida. A dor existe, sem que a
busquemos, na doença na velhice, que um dia chegam, e não nos preguem uma peça.
A felicidade suprema não existe. Resguardar-se de maiores frustrações, ao conhecer
as qualidades para fortalecê-las, e lutar para
superar os defeitos. Desconhecer quem somos e o que queremos ser, de
verdade, é estar iludido sobre si mesmos, o que se torna um peso difícil de
carregar.
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