LEMBRANÇAS
S. LUÍS - MA |
Maria
estava debaixo do guarda-sol a observar filhos e netos irem de um lado para
outro no gramado da casa no Lago Sul. A filha mais velha ensinava a sobrinha a nadar,
assim como fizera com seus próprios filhos. A criança com apenas dois anos causara
um susto ao se jogar na água, onde os mais crescidos brincavam com uma bola. Muito
esperta, ela não queria ficar de fora.
“Acho
que jamais tornarei a me sentir tão feliz quanto agora”, pensou Maria, olhando
para o marido, que observava a algazarra, certamente a imaginar um poema para escrever, inspirado
naquele dia festivo em família, o que acontecia todos os domingos. Falou-lhe:
— Faz
bem ao meu coração vê-los felizes.
O
marido, de imediato, responde-lhe:
— No
entanto nossa vida hoje é bem diferente da que nós dois imaginávamos tempos atrás. Queríamos abrir uma
escola, construir uma biblioteca para incentivar a leitura, e tudo o mais nas
alturas. Estava pensando sobre isso.
— Sim,
meu querido, a vida que temos hoje pode parecer mais egoísta, menos ativa, felizmente,
sem esse ativismo, tão em voga. Foi o que nos coube realizar, e estamos bem,
obrigados. Só não desistimos das letras, e
escrever é o que mais se aproxima do meu modo de ser atual.
— O
sonho do passado de mudar o mundo não mais nos cabe, e sim ajudar as pessoas a pensarem
mais conscientemente. Sem interferir demais na vida dos outros, seja filho,
neto, ou quem for.
E
enquanto o esposo falava, Maria acariciava os cabelos dourados da criança que
adormecia em seu colo. “O amor e a dor se entrelaçam”, pensou. Certo que toda a
beleza, juventude e amor não podem evitar o sofrimento, mesmo entre os mais
abençoados. Os jovens pais mais vivazes agora, e sem se angustiarem, sorriem
para vida.
A filha
de Maria chega para medir a glicemia do filho. Um inseto estava deixando o neto
descontente e a avó trata de espantá-lo, e fala para a mãe, que tranquilamente
cuidava do filho:
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