VIVA SÃO JOÃO!
S. LUÍS - MA |
Havia
ocorrido outras vezes, Alice sentir o coração bater mais forte, e ter o pressentimento de que algo está
prestes a acontecer. Há dois meses hospedada na casa dos tios no Rio aguardando
o trabalho prometido. Antes de dormir, começa a escrever para a mãe, pega no
sono, por poucos minutos. Ao abrir os olhos vê diante de si o irmão Joaquim, tal
qual um fantasma substancial.
Tantas
vezes imaginou que ele já vinha, promessa feita antes de se separarem. E ele
chega com uma surpresa, foi o que disse, após efusivos abraços. Já na sala de visitas
Alice é apresentada à jovem ao lado dos tios. O irmão casara duas semanas
atrás. Explicou que não quis deixar a amada para trás ao ser transferido do BB
em Barra do Corda para a agência de S. Paulo capital. Noivado e casamento ao
mesmo tempo. Passou para ver a irmã.
Alice deixa escapar:
— Que
mais de terrível pretendes fazer, meu irmão, depois de nos assustar desse
jeito?
Um
sorriso característico foi esboçado pelo recém-casado que já está de mãos dadas
com a esposa. Findo o jantar, Mariana é convidada a subir com a tia para olhar o
aposento que fora reservado ao casal. Joaquim aproveita para sentar-se ao lado
da irmã e ter com ela uma conversa amigável:
— Pareço
um homem casado e chefe de família?
— Não
muito. Estás é mais cheinho de corpo, mas continuas o mesmo, sempre aprontando.
— Ora
Alice, fracamente, precisas me tratar com mais respeito – disse Joaquim, que não
deixava de ter algum receio do que vinha pela frente, mas o que estava feito,
estava feito. E continuou:
—
Casei para ter minha própria família, da qual irei cuidar. Não tive a menor
dificuldade em dizer para Helena: “Vamos nos casar agora mesmo, e sermos responsáveis
pelo nosso destino”. Era o que ela também queria.
— Não
acredito que estejas casado. Amadureceste cedo, e como adulto, nada melhor que ser responsável pela própria vida, e já tens
teu ganha pão e uma família para cuidar, logo virão os filhos. Nada é fácil na
vida, mesmo com todo o amor envolvido casamento não é coisa para amadores. Tens
consciência disso? Espero que as coisas não mudem muito entre nós, tu podes ser
mais velho, mas sendo homem, és menos sentimental. Sinto-me sozinha às vezes, mas ouso dizer que é até bom que seja assim, a gente se fortalece.
— Podes
acreditar que o meu sentimento é ainda maior para com meus entes queridos, os
familiares. E quanto a ti, querida irmã, sempre serei teu amigo. Certo ajudarmos
uns aos outros, aos que precisem de nós. Juro que nunca ficarás sem o meu
apoio. Sei que estás de namoro firme, e nossos parceiros não nos julguem mal, pensando
que somos crianças mimadas. Mas é o que queremos ser, mimados. Agora é esperar
que minha irmã e minha esposa sejam boas amigas. Podemos visitar-nos com
assiduidade, morando em cidades vizinhas.
— Posso
soltar foguete nesse São João. Viva São João!
—Viva
São João!
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