NÃO MAIS DO QUE ISSO, INFELIZMENTE!
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S. LUÍS - MA - ANTIGA PRAÇA JOÃO LISBOA |
Em
correria pela rua do Egito, Maria foi repreendida pela prima, que a esperava na parada do ponde, e acusou-a de estar desatinada.
Pensou então que desatinada mesmo ia ficar se perdesse alguma pessoa
da sua família. No dia anterior havia ficado muito riste com a morte de um jovem por
afogamento na praia do Olho D´água. Imaginou a dor que ia sentir se fosse seu
irmão. Mesmo mais tarde qando ficaram separados pelas circunstâncias, sabia que
ele sempre estaria bem, a salvo, trabalhando, e prestes a se casar. Achou
cedo para ele ter essa responsabilidade, ainda mais que ia voltar para o Norte, indo ao encontro da noiva. Na ocasião por
sorte estavam morando bem perto, ele trabalhando em S. Paulo e ela ia
assumir o BB no Rio. Poderiam se ver constantemente. O destino quis diferente, que
caminhassem por caminhos abertos por vontade própria e também à revelia. Mas o
certo é que estavam a salvo pela graça de Deus, o que era mais importante. Tornaram-se
outras pessoas, melhores, quem sabe? Sem se perderem encontraram a razão de
viver, que na verdade está em cada um, aonde quer que se esteja.
LIÇÃO
DE VIDA
S.LUÍS -MA - IGREJA DOS REMEDIOS
Maria chegou correndo à parada do bonde depois da aula, e foi repreendida pela prima mais
velha preocupada que perdesse a condução, que ia dar a volta na cidade e só
chegaria de volta meia hora depois:
— Você é meio desatinada,
Maria.
Ela
estava atrasada porque foi espiar a madre preparar o palco para a apresentação
do fim de semana, onde tinha uma breve participação. Quando chegou a casa Maria
perguntou para a tia:
—O que é “desatinada”, tia?
—Você
vê a chuva, útil para molhar a terra, refrescar o ambiente, o que favorece a
vida de um modo geral. Mas há as tempestades, que assustam. Você é jovem, cheia de energia, e sendo assim,
às vezes, perde o controle. Entendeu? Estou precisando de alguém para colocar
essa massa de doce nas forminhas, venha me ajudar.
O SAPATEIRO DA RUA DAS HORTAS
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S. LUÍS - MA |
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SI LUÍS - MA |
MINHA TIA II
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S. LUÍS - MA- FUNDADA PELOS FRANCESES |
Quando minha tia conversou
comigo pela primeira vez algo havia dado errado para ela, e daí para frente não seria nada
fácil, haveria grandes dificuldades a vencer. E sempre
acontecia de escutá-la se expressar nesse
mesmo sentido e também como uma advertência.
Eu escutava e fingia entender, mas realmente não entendia nada do que ela
queria dizer, afinal era sobre sua própria vida, do que ela tinha a maior
reserva, eu sabia disso. Só penso que ela, na ocasião, achava que eu teria a
oportunidade que ela não teve. Seguia sua vida sabendo
que ia vencer os infortúnios. Mas comigo podia ser diferente, o mundo era
outro, começavam a surgir oportunidades para a mulher sair do sufoco de um casamento infeliz, que o sexo não era tudo. Uma vida forjada na traição, que nunca prescreve, o que ela devia sentir no
fundo da alma.
Claro que minha
tia detestava tudo aquilo que a mulher era obrigada a viver, para ela um filme
de quinta categoria, como costumava falar. Amava a tranquilidade e a paz, mesmo
com a sobrinha no seu calcanhar, amava aquele tempo de antes. E lembro o primeiro nascimento que assisti, e
foi do primogênito de minha tia, quando escutava da sala a parteira falando no
quarto trancado:
—Força, força. Hora de empurrar com toda força que o
bebê está chegando. Daí seguiu uma produção em série. Pondo fim ao sonho da tia
estudar na Suíça como fez o tio, e era admirado por esse feito, o primeiro
doutor da família e nesse alto nível. Teria lhe faltado coragem, inclusive de
por fim àquele casamento. O que aconteceu como a tia seria consequência do destino
da irmã, que fugiu de casa para casar. A morte entrando por uma porta e ela
saindo por outra. A irmã mais velha estaria apaixonada, ou mais que isso,
queria se libertar, o medo de ficar chorando
a morte do pai, com fazia sua mãe, que trancou todas as janelas da casa e proibida
a saída dos filhos, a tia ainda criança. Passado os anos a vida para a jovem a
vida tranquila, inclusive, vestida pela melhor modista da cidade, o que lhe
realçava a beleza.
Casada, minha tia seguiu seu destino, afastando o medo, e
tudo o mais que impedisse seu sucesso pessoal como esposa e mãe. A barra pesada
que carregou, refletida nos seus últimos
anos de vida, mentalmente distante de tudo por conta do Alzaimer.
MINHA
TIA
A lembrança que eu tenho da minha tia é que ela era de poucas palavras,
assim como minha avó, que estava sempre ocupada com suas encomendas
de docinhos para festas, e era viúva. Parcimoniosas em tudo e as frases que
diziam eram avisos “hora de dormir”, “faça suas lições”, “não se esqueça de
tomar banho antes de dormir”. Sempre às mesmas horas do dia. A casa era de um silêncio monástico, e eu como uma aluna interna, vivendo longe de mãe e pai. Absorvia o tempo fora das obrigações
rotineiras a cismar vendo a chuva, que caia quase todos os dias no mesmo
horário, no fim da tarde. Era isso que a vida na ocasião tinha para me
oferecer, inclusive, ver a tia maquiar-se diante de um espelho, ou pintar as
unhas semanalmente com Carmelitinha. Uma tia que casou com um o ficial da
marinha e foi mora na Suécia, país do marido, de onde mandava notícia apavorada
de ter uma filha onde as crianças obrigatoriamente passavam o dia no escolha, e
meninos e meninas tomavam banho junto, e todos nus. Mas estava feliz com tão inusitado
destino. E melhor ainda foi a escolha dele, ao ter uma esposa como minha tia, uma mulher tão especial.
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ANTIGA IGREJA DO CARMO - S. LUÍS - MA |
Há
uma época em que a vida nos parece tão leve, os dias a correrem sem termos
consciência de nós mesmos, sem sentir o peso da existência. É o tempo da infância, tempo mágico da inocência, mesmo que
haja alguns momentos de aflição. Lembro-me em estado de aflição com coisas que
não me diziam respeito diretamente, mas revelavam a pisciana que sou. E jamais
me vi uma a bela adormecida, sem avaliar meu nível de beleza, seguia em frente. Vencia meus medos, superava dificuldades, realiza sonhos,
que eram mais da família, talvez os melhores. Ter sucesso em tudo, por exemplo,
é o que os pais desejam para seus filhos, mas na verdade bastam apenas umas
poucas e decisivas vitórias para que se tenha uma vida boa de viver. Verdade
que só se aprende vivendo cada dia, conquistando o que é possível, superando
frustração. E o mais que puder aprender.
Vai
ter hora em que o mundo nos aborrece, restando tornar cuidado para não nos tornarmos
frios, dormentes. No barco da vida tratar de não ficar à deriva, com uma imagem
deturpada da pessoa que deveria ser. É muito ruim ver a vida passar e não ter
coragem de enfrentar seus desafios. Não
deixar de estender a mão para sentir a vida, para tocá-la, nela se envolver com
amor, confiança e determinação. Certo é
se doar de corpo e alma nesse projeto de Deus que é a vida, em especial, o ser humano e seus dons. Somos microcosmos, pulsamos, como
pulsam todos os seres vivos, também como pulsa o cosmo no geral. E saber que essa
chocante diversidade de pessoas, revela algo maior que simples mortais.
LEONOR E SEUS 93 ANOS
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S. LUÍS - MA |
Aos sete anos Vivi foi com sua tia Aurora visitar uma antiga amiga da família. Era costume visitar as pessoas amigas, quando
não havia outro meio de se comunicar, sem o telefone para dar e receber
notícia, muito menos passar uma mensagem no whatsapp. Ao chegarem na casa de Leonor
e serem afetuosamente recebidas, a amenina
ficou curiosa por saber a idade da senhora avançada nos ano que tinha a sua
frente. De chofre perguntou-lhe a idade. Recebeu a tranquila resposta:
— 93
anos, minha querida! Eu a viver mais que meus detratores.
A tia de Vivi assustou-se com a inoportuna
interferência da sobrinha, tratando-se da boa educação não perguntar a idade
das pessoas, ainda mais a uma idosa. Vivi era uma criança, pensou, já com a
atenção voltada para o português da senhora, que disse “a viver” em vez de “vivendo”,
sinal que era maranhense de raiz ao falar como em Portugal, onde não se usa o
gerúndio. Emendou o pensamento, se essa pessoa tão cordata e educada foi vítima
da maldade humana, imagina ela própria, que não media as palavras, nem tinha um
comportamento tão exemplar, como devia, o que a
mortificava.
Foi quando Aurora lembrou que
estava ali para entregar a Leonor o convite do seu casamento, que ia acontecer dali
dois meses.
NÃO PARE!
Ela
vivia um período de “deixa a vida me levar”, ou “seja o que Deus quiser”, o que
não era do seu temperamento, mas o necessário naquele momento. Acabara de
receber a ajuda financeira no cumprimento das horas de trabalho como estagiária,
a conta certa para o transporte. Como de costume passa na padaria para comprar pão-rosa, lembrança da velha madrinha, que assim procedia quando recebia o
pagamento pelos ternos que passava com o ferro à brasa. Morava perto do local do trabalho e podia ir e
voltar andando, apenas alguns quarteirões de onde morava. Com o pacote quentinho
nas mãos vê passar alguém que lhe faz lembrar alguém, ambos algum
tempo fora da cidade natal por motivos diversos. Dois anos passados e ela
estava de volta, mas por onde ele andará? O que estará fazendo agora? Tinha um
endereço, e escreveu a carta, que o trouxe também de volta, e juntos partirAm, não para uma
vida simplesmente de aventuras. Certo que não mais pararam.
Não pare! É o conselho de pessoas que caminharam firme até chegar aonde
queriam. NÃO pare!
10 LIVROS CATÓLICOS PARA LER ANTES DE
MORRER
1- 1- O QUE HÁ DE ERRADO COM O MUNDO- G.K.CHERTERTON
2- 2 - HISTÓRIA
DA IGREJA DE CRISTO – DANIEL ROPS (10 volumes)
3- 3 - O MUNDO E EU - JOÃO MOHANA
4- 4 - OCÉREBRO ESPIRITUAL – MARIO BEAUREGARD & DENISE O´LEARY
5- 5 - ÉTICA
nos CONFLITOS da MODERNIDADE – ALASDAIR MACLNTYRE
6- 6 - POR
QUE SOMOS CATÓLICOS – TRENT HORN
7- 7 - SÃO
CARLOS ACUTIS – JESUS MARIA SILVEYRA
8- 8 - IDEIA
DE UNIVERSALIDADE – CARDEAL NEWMAN
9- 9 - PENSAMENTOS
DESORDENADOS SOBRE O AMOR DE DEUS – SIMONE WEIL
10IO - ITINERÁRIO DE MARX A CRISTO – IGNACE LEPP