quinta-feira, 9 de outubro de 2025

 


 

 

                                         LEONOR E SEUS 93 ANOS

 

S. LUÍS - MA


         Aos sete anos Vivi foi com sua tia Aurora visitar uma antiga amiga da família. Era costume visitar as pessoas amigas, quando não havia outro meio de se comunicar, sem o telefone para dar e receber notícia, muito menos passar uma mensagem no whatsapp. Ao chegarem na casa de Leonor  e serem afetuosamente recebidas, a amenina ficou curiosa por saber a idade da senhora avançada nos ano que tinha a sua frente. De chofre perguntou-lhe a idade. Recebeu a tranquila resposta:

          — 93 anos, minha querida! Eu a viver mais que meus detratores.

          A tia de Vivi assustou-se com a inoportuna interferência da sobrinha, tratando-se da boa educação não perguntar a idade das pessoas, ainda mais a uma idosa. Vivi era uma criança, pensou, já com a atenção voltada para o português da senhora, que disse “a viver” em vez de “vivendo”, sinal que era maranhense de raiz ao falar como em Portugal, onde não se usa o gerúndio. Emendou o pensamento, se essa pessoa tão cordata e educada foi vítima da maldade humana, imagina ela própria, que não media as palavras, nem tinha um comportamento tão exemplar, como devia, o que a  mortificava.

            Foi quando Aurora lembrou que estava ali para entregar a Leonor o convite do seu casamento, que ia acontecer dali dois meses.

 


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