LEONOR E SEUS 93 ANOS
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| S. LUÍS - MA |
Aos sete anos Vivi foi com sua tia Aurora visitar uma antiga amiga da família. Era costume visitar as pessoas amigas, quando
não havia outro meio de se comunicar, sem o telefone para dar e receber
notícia, muito menos passar uma mensagem no whatsapp. Ao chegarem na casa de Leonor
e serem afetuosamente recebidas, a amenina
ficou curiosa por saber a idade da senhora avançada nos ano que tinha a sua
frente. De chofre perguntou-lhe a idade. Recebeu a tranquila resposta:
— 93
anos, minha querida! Eu a viver mais que meus detratores.
A tia de Vivi assustou-se com a inoportuna
interferência da sobrinha, tratando-se da boa educação não perguntar a idade
das pessoas, ainda mais a uma idosa. Vivi era uma criança, pensou, já com a
atenção voltada para o português da senhora, que disse “a viver” em vez de “vivendo”,
sinal que era maranhense de raiz ao falar como em Portugal, onde não se usa o
gerúndio. Emendou o pensamento, se essa pessoa tão cordata e educada foi vítima
da maldade humana, imagina ela própria, que não media as palavras, nem tinha um
comportamento tão exemplar, como devia, o que a
mortificava.
Foi quando Aurora lembrou que
estava ali para entregar a Leonor o convite do seu casamento, que ia acontecer dali
dois meses.

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