UM SHOPPING E SEUS QUATORZE CAFÉS
Quinta
– feira, e como de costume Edézio e Elisa estão no shopping para
passarem mais uma tarde, como sempre fazem nesse dia na semana. Pegam um cineminha e veem
as novidades. Não têm mais criança para estarem com eles, os filhos criados, os
netos crescidos, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Após assistirem ao filme, o
indispensável cafezinho, e iam experimentar o mais novo ponto de degustação da rubiácea,
situado há poucos passos do Kinoplex. Inauguração é com eles mesmos, mas quando
chegaram já não sobravam mesinhas, nem cadeiras, o local apertado no corredor.
Tiveram
sorte, uma mesa logo ficou desocupada. Para acompanhamento pediram a
especialidade da casa, os cookies: um de macadame e outro de chocolate amargo. “Por
algum tempo o café foi acusado de fazer mal, até que foi considerado bom para o
cérebro”, lembrou Elisa. Veio então a curiosidade de saberem quantos cafés havia
naquele Shopping — contaram quatorze. “Será que não dá para abrir mais um café,
o 15º”? O marido surpreendeu a mulher com a pergunta. A resposta veio rápida: “Não
é tempo de arriscar em negócios, com a crise que atinge o comércio”. “Menos os
Cafés”, Edézio retrucou.
A
atenção ainda voltada para o café quando eles se dirigiam para a loja da
Nespresso, iam comprar as cápsulas para o consumo em casa. Outros casais de
idosos (nome que Elisa detesta) faziam seu passeio semanal, em meio à moçada que
zanza nas quatro pontas do ParkShopping, distraídos dos problemas, que os mais
velhos não conseguem esquecer, o consumismo. ”Como as coisas estão caras!”,
Edézio reclamou, como de costume. “Sim”, disse Elisa, e continuou, “ainda bem
que há o cinema e os cafés, para as pessoas não saírem comprando por impulso,
seria um desastre financeiro para os bolsos da maioria dos presentes”.
As lojas já se engalanam para seduzir os fregueses, sendo o fim de ano a melhor época para comércio. “Que crise que nada, a inflação deu um fôlego, bom para essa gente que gosta tanto de consumir”, ela volta ao assunto. Oportuno o comentário de Edézio sobre a notícia, que daquele outro lado do mundo a criançada comunista trabalha parte do ano para que o Ocidente capitalista festeje o nascimento de Cristo. “Crítica pertinente”, meu caro, “mesmo que todos continuem a comprar os produtos made in China, roupas e, agora, os enfeites natalinos, que tem para todos os gostos e bolsos”. Mas Edézio e Elisa chegam ao acordo de que as compras de Natal ficariam para outra dia, hora de ir embora, e saem satisfeitos por mais uma tarde no shopping. Quem não gosta?
NOTA: A propósito, meu filho acaba de chegar de uma inspeção em Patrocínio, cidade do triângulo mineiro, atualmente a maior produtora de café do mundo, e trouxe amostra da produção em sache especial para coar o café diretamente na xícara, uma novidade. O avanço tecnológico brasileiro no ramo é uma realidade.
VISTA GERAL DE PATROCÍNIO- MG |
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