SOBREVIVÊNCIA NA SELVA
Diminui
a cada dia a alegria e prazer de viver nesse nosso mundo, tanto que nos
sentimos estressados. De onde vem esse desânimo, esse estresse? Principalmente
da violência que faz vítimas como se estivéssemos na selva, as pessoas agindo e
reagindo aos perigos de ataques das feras. E podemos estar mesmo numa selva, igual
aos ancestrais, que sobreviveram mais
pelo instinto que pela razão. Em nós o instinto de preservação atiçado, a
racionalidade quase nula. A história humana é de luta pela sobrevivência, para
salvar a própria vida e assim preservar a espécie, contando muitas vezes com a
sorte.
Somos como qualquer outro animal, mas bem
diferentes, pois, se a natureza nos dotou do instinto, também nos fez possuir a
razão. Às alternativas de lutar ou fugir, própria dos animais e mesmo dos
nossos ancestrais, foi acrescida a de agir com lógica, refletir sobre tais e quais
situações em busca da melhor solução. A nossa psicologia equipada para viver no
mundo moderno. Mas até que ponto as coisas vão além das nossas forças? Vence o
mais forte — é a lei da natureza, sob a qual viveram os seres humanos mais primitivos. A mesma lei que rege o mundo, na atualidade, que
parece mesmo é não ter lei.
Agimos, ou reagimos como seres não civilizados, resquícios que carregamos conosco. Se não somos mais selvagens, e sim educados, instruídos,
espiritualizados, com o que domamos nossos instintos, significa que devíamos
ter uma vida menos estressante que nossos ancestrais, que não tinham
esses recursos. Reunidos em
comunidades, em cidades, onde a cooperação das pessoas possibilita uma vida
mais confortável, mais segura. Mas não é o que acontece, continuamos estressados.
Onde estamos parece que a selva está
junto. Que pior selva que a do trânsito? Um instrumento maravilhoso que é o
carro, para dar o maior prazer, e se tornou arma mortífera no trânsito caótico
das grandes cidades. Sem ter como fugir, parece que soçobramos. O olhar de fera
dos carros, verdadeiros tanques de guerra, dos caminhões, dos ônibus, como
dinossauros, que temos de conviver quando saímos de casa. Verdadeiras feras, só
que domadas, ou mesmo simplesmente feras quando há um selvagem dirigindo. E acontece as
batidas com morte, os atropelamentos, além de outros imprevistos como os
assaltos. Estamos ainda na selva, outra selva, mas selva. Ruas e estradas
esburacadas e mal sinalizadas, praças abandonadas, que coisa mais selvagem! E a
tudo sobrevivemos, mas nos esgotamos a cada dia, perdendo muito do prazer e da
afeição pela vida. Não há coisa mais triste!
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