DEMOCRACIA E TECNOLOGIA
As redes
sociais provocam um frisson,
principalmente no início, os egos que despertam com a possibilidade de tornar
pública a imagem, a facilidade da comunicação, quase sem limites. A imensa quantidade de gente que se mantém diante do computador, postando e recebendo e-mail, curtindo
as mensagens recebidas e enviadas pelo Facebook, Twitter, e afins. Parece que o
céu se abriu e os internautas em gozo infinito, a partilhar ideias, trocar
conhecimento, experiências. Há os que perdem noção das coisas, o humor, em
raivosas postagens, que nos faz rir para não chorar. O salutar exercício democrático
da cidadania nas redes, o que lhe seria negado fora. A futilidade inicial
evoluiu para a abordagem de todas as questões, com ou sem conhecimento de
causa, o que não importa, vale a boa, ou má, intenção. Mas como é feio é
polarização das opiniões, que se radicalizam à medida que o tempo passa. O ser racional
e seus excessos. Quanto mais melhor. E não adianta tentar, não há conversão do
outro lado da tela. Não adianta gritaria, palavrão, nada vai convencer o
oponente. Continuamos na mesma. O máximo são as redes arregimentar pessoas para
protestos nas ruas, e quando acaba o movimento, todo mundo vai para casa e tudo
continua na mesma. Alguns presos ou feridos, afinal é preciso manter a ordem,
dizem as autoridades...
Estar
conectado o tempo todo, ter atividade uma atrás da outra é o que acontece na
vida hoje em dia. Quando paramos caímos
em depressão, o mal do século XXI. A antropóloga Françoise Hèritier, na
entrevista feita à revista Isto É
desta semana, critica as pessoas que vivem o tempo todo diante da tela do
computador, ou no trabalho estressante. Ela faz ver que o excesso de tecnologia
tira de nós o que a vida tem de mais prazeroso. Esquecemos o fundamental que é
a emancipação do espírito, o que só gera ansiedade, e faz sofrer o ser humano
prisioneiro do mundo on-line, atado a tantas
coisas sem a menor importância, o que seria o progresso. Como disse a
professora substituta de Lévi-Strauss no Collège de France, “querer curar o
tédio, as frustrações, com auxílio das tecnologias modernas é um erro. Logo se
fica saciado e a frustrado”. Nesta mesma semana, na entrevista da revista Veja, o presidente do Twitter, o americano
Dick Costelo, disse que “quando eventos ocorrem em nossa vida off-line, há reflexos na on-line. Somos compelidos a escrever no Twitter e em outras redes sociais sobre
o momento que nos fascinas, o caso da visita do papa, do sorteio dos grupos
para a Copa...” Também através das redes são arregimentadas grande número de
pessoas para os movimentos de protesto nas ruas, e os rolês nos shoppings. O
otimismo do profissional da internet faz contraponto ao pessimismo da
antropóloga. Ambos os entrevistados falam do futuro da internet e das redes
sociais, da tecnologia, em suma.
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