JUVENTUDE 2014
Entramos no
século XXI com uma população numerosa, jovens em sua maioria, um enorme
bolsão, dizem as estatísticas. Habitantes da periferia das grandes cidades, eles procuram espaço para se divertir, o que mais os jovens gostam de fazer. O número é alto,
o gênero meio confuso, mas o grau é que está perto de zero, em educação e
cultura. Basta escutar o Funk, gênero musical dessa juventude, o nível musical baixíssimo, com letras ruins o mais que pode ser, com a aspiração de sucesso
relâmpago. Foram esses jovens alçados à classe média, não tão média assim, e
passaram a consumir, para serem conhecidos e admirados, em suas hostes. Amantes
das grifes e do exagero, possuem um palavreado inconfundível. Do gingado do samba ao rebolado do funk esses
jovens se destacam pela ousadia, Falam em superação, mas os grupos musicais
que os representam, demonstram em suas letras as péssimas intenções, o caso do
funk “Ostentação”. E do mesmo modo que um funk alça as alturas da fama, perde logo
para outro mais ousado e doidão. Há o “Pancadão”, comandado por Nego do Borel, nome do morro de origem, que
diz querer menos ostentação e mais favela, prima por doses cavalares de letras
obscenas. Não é raro o funk fazer referências ao tráfico, simpáticos aos
bandidos, o caso do “Proibidão”.
O Funk veio dos Estados Unidos, onde os músicos negros misturaram vários ritmos, dos espirituais, das canções do trabalho, dos gritos de louvor, do gospel, jazz e blues. De um acorde só, sincopado, em batidas repetidas, o funk aqui adotou o ritmo das batidas do terreiro da
Umbanda. Devido a conotação sexual inicial, a palavra funk era considerada
indecente, sentido que guarda até hoje. O processo que seria de
autoafirmação, na realidade, é uma demonstração da pouca instrução e formação desses novos meninos e meninas de rua, como se declaram, com a intensão de tomarem conta
das ruas, onde o funk nasceu. E no afã de
sucesso em algumas de suas letras o funk tece elogios à pátria, bajula a fé, de
uma forma que é só provocação. Tendem a um
moralismo à moda funk. De Valesca Popozuda
o funk onde ela grita: “Acredito em Deus e faço ele de escudo.” Ao mesmo tempo
lança farpas em si mesma: “Tá rachando a cara, tá querendo aparecer”. Seus
derivados são o rap e hip hop.
Só para terminar, o Brasil está em em oitavo lugar em número de analfabetos adultos e o penúltimo no ranking de qualidade de educação. Esse atraso pode explicar o fenômeno que arregimenta
grande parte da juventude brasileira, o funk e os rolezinhos nos
shoppings, onde esses jovens costumam frequentar, agora em protestos por terem sido impedidos de fazerem barulho nas ruas, por questão de sossego da vizinhança.
Nota: Texto extraído,
em parte, da reportagem especial de VEJA com o título A MARSELHESA DO SUBÚRBIO.
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