sábado, 26 de agosto de 2023

 


Pensando Thomas Merton

      Salvação é um descobrimento de nós e frequentemente acontece na abnegação. Não é apenas achar a “nós mesmos”, mas quando nossa pobre alma, limita e perplexa, transcende aquela pressuposta auto realização e encontra-se com Deus.


 


A MEMÓRIA  É LUGAR DE LIBERDADE!

Nélida Pinõn





sexta-feira, 25 de agosto de 2023

David Garrett Concierto en el antiguo teatro de Taormina Sicilia












PODIA SER FALA DO NEYMAR




 

 


CONVERTIDA

 

S. LUÍS DOS NOSSOS AVÓS

Ainda agora sinto em mim

os anseios primeiros da vida

e nada se faz sozinho

abrir caminho

catando os cacos

entre as cinzas

na paz aparente.

Ainda agora sinto em mim

os sonhos que me acalentaram

enquanto eu acariciava o tempo

com minha quase livre vontade

a pé e nos bondes

toda a vida para gastar

cofres a desenterrar.

Ainda agora sinto em mim

os caminhos já percorridos

projetos cumpridos

outros que ficaram no ar.

O mundo é tirano

tem que enfrentar na esperança.

Ainda agora sinto em mim

fé e caridade

que livram da loucura das quimeras

e não se perca o rumo

nem se enrugue a alma.

(bastam as rugas da idade)

Agora sinto em mim

quem eu sou

PLENAMENTE CONVERTIDA A MIM MESMA.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

 

 DUAS POESIAS DE WISLAVA SZYMBORSKA

             



 PORTA DA PEDRA

 Bato à porta da pedra.

—Sou eu, me deixa entrar.

Não busco em ti refúgio eterno.

Não sou infeliz.

Não sou uma sem-teto.

O meu mundo merece retorno.

Entro e saiu de mãos vazias.

E para provar que de fato estive presente,

não apresentarei senão palavras,

a que ninguém dará crédito.

 

Bato à porta da pedra.

—Sou eu, me deixa entrar.

Não posso esperar dois mil séculos

Para estar sob teu teto.

 

—Se não me acreditas—diz a pedra—

fala com a folha, ela dirá o mesmo que eu.

Como a gota d`água, ela dirá o mesmo que a folha.

Por fim pergunta ao cabelo da tua própria cabeça.

O riso se expande em mim, o riso, um riso enorme.

 

Bato à porta da pedra.

—Sou eu, me deixa entrar.

 

—Não tenho porta —diz a pedra.

 


ABC

Jamais saberei

o que A pensa de mim.

Se B acabou por me perdoar. 

Por que razão fingia C que tudo estava bem.

Qual a quota-parte de D no silêncio de E. 

O que espera F se acaso algo esperava.

Por que fingia G sabendo de tudo.

O que tinha H a esconder.

O que queria I acrescentar.

Se o fato de eu estar perto

teve algum significado

para J e K e para o resto do alfabeto.


E mais um pouco de Wislawa

.......

"Me desculpe tudo, por não estar em toda parte. 

Me desculpem todos por não saber de cada um e cada uma.

Não me julguem má por tomar emprestado palavras patéticas

e depois me esforçar para fazê-las parecer leves."


......


 Nota; W.S. nasceu na Polônia em1923. Em 1931 mudou-se com a família para a Croácia de onde não mais saiu. Em 1996 ganhou o Nobel de Literatura. Faleceu em 20 12.


quarta-feira, 16 de agosto de 2023





 

 



                                          A BOA CONVERSA DE SEMPRE

 


campo de girassóis




O tempo está seco em Brasília, quando a umidade do ar chega a menos de 30%. Faz frio, e o cafezinho é indispensável para dar mais calor à conversa das aposentadas, que têm um encontro na sexta-feira da última semana de cada mês. Sentem falta das amigas que perderam, inclusive, para o Alzheimer. Mas as quatro, ali reunidas, desfrutam de uma cabeça saudável, o que mais importa a essa altura da vida. A mesa repleta de iguarias para acompanhar o café, cada uma mantendo sua preferência, e não faltam as ofertas de todo tipo de café. Marta e Cibele pedem um capuchino cada uma, enquanto Selma não dispensa o café com leite. Maria, depois de solicitar seu café forte e coado, quer saber o que as outras têm a dizer sobre o mundo atual em que vivem.

Animadas pela questão levantada, todas se mostram dispostas a dizer algo. Selma, a primeira a falar, é breve:

— Vivemos um tempo soberbo!

Marta segue a amiga, diz que se vive hoje um tempo “magnífico”. Cibele pensa um pouco, e acha simplesmente “generoso” o momento atual em que vive. No mesmo diapasão otimista, Maria fala do seu sentimento particular,  que são “fantásticos” os dias atuais, mas replica:

— Devemos nos explicar melhor, sendo comuns as queixas sobre o mundo que estaria indo de mal a pior. Os fatos não mentem, há as catástrofes climáticas e outras mais, que nos são fornecidas diuturnamente pelos veículos de comunicação. Dói ver tanta miséria no mundo, e o quanto é absurda essa guerra na Ucrânia.

Antes de obedecer á solicitação de Maria, Cibele sorve o último gole da sua bebida e já pediu outra xícara à moça que as atende maravilhosamente bem como sempre:

— Apesar de tudo de ruim que acontece, acho que temos muito a comemorar, isso se olharmos para os tempos difíceis do passado, quando as crianças iam à escola de pés descalços, e ainda trabalhavam, e em precárias situações. E sem as vacinas, o que seria de nós. Verdade que hoje nem tudo são flores, embora continuemos a cultivar nossos jardins, a colher os frutos da terra. Os ucranianos, como os brasileiros, fornecem alimento aos quatro cantos do mundo. Mas outra é a realidade da guerra. No Brasil felizmente podemos plantar e colher em paz. Que seja sempre assim. E não nos falte os girassóis para a produção do precioso óleo, e tudo o mais, que nos alimenta e dá conforto nessa nossa dura existência.

Marta parece se retratar sobre o “tempo magnífico” que falou antes:

— Minhas amigas, pensando melhor, que tempo louco esse nosso! Vocês certamente acompanham no noticiário a loucura que acontece, tanto aqui, quanto mundo afora. Em se tratando de celebridades, no momento duas figuras nacionais, Xuxa e Larissa Manuela, acabam de vir a público chorar as mágoas das pessoas que as acompanharam no início da carreira até atingirem o sucesso perseguido por elas. Ricas e famosas lastimam, todavia, os sofrimentos por que passaram. A primeira teria passado horrores nas mãos da empresária, como se não tivesse nem mãe, nem pai. A outra foram os próprios pais quem a trataram sem dó nem piedade, na opinião da “sofrida” filha, alçada lá no alto. Confortáveis na posição que ocupam, na verdade, são duas pessoas que não se cansam mesmo é de aparecer, ou melhor, torrar a paciência de quem não é “baba ovos” (os fãs para a apresentadora). Lindas ricas e famosas, tudo que queriam da vida, veem a público pedir que sintam pena delas, pobrezinhas. Dá pena mesmo, tudo por conta do sucesso e do dinheiro  decorrente, e para isso a rainha dos baixinhos era tratada como fantoche. A outra mimada pelos pais, que tinham a filha como veio de ouro.

Maria é católica e segue com um discurso engajado:

— O século XXI chegou arrasando em todos os sentidos. Mas, ou retrocedemos em nosso desequilíbrio, ou não se sabe aonde tudo isso vai dar. Santo Inácio dizia preferir “ser como os pratos equilibrados de uma balança pronto para seguir o curso apropriado da vida para a salvação da sua alma”. A salvação que pode significar simplesmente evolução. Somos seres humanos, e como tal devemos evoluir em razão e manter a fé. Em vez de cultuar o corpo, por exemplo, que as pessoas cultivem bem sua alma, sua mente, sigam o íntimo do seu coração preenchido pelo amor de Deus.

Palavras que calam na alma, e assim se finda a tarde, tão bem compartilhada. Despedem-se, até o próximo encontro.

 

 

 

 

 

 

 


segunda-feira, 14 de agosto de 2023

 

                                                                     PENSAR


PRAÇA BENEDITO LEITE S. LUÍS -MA

                                               

                                                 

           Pensar, minha gente, pensar. Em outras palavras, raciocinar, ponderar,  argumentar, mesmo que não se chegue de imediato a uma conclusão sobre qualquer coisa.

            O homem, como ser racional, tem a capacidade de encadear o pensamento, ativar a imaginação. Pensar bem, refletir sobre o bem e o mal, e assim evitar a fatalidade de uma má consciência, que leva a uma má escolha. E escolhas é o que temos de fazer vida afora.

           A cultura do hedonismo persegue o homem atual e o faz buscar o prazer a qualquer custo. Queremos fugir da dor, tantas vezes inevitável. A dor, essa grande mestra, e não aprender suas lições resulta no medo. Nunca sentimos tanto medo quanto agora.  

         Saber que a alternativa ao raciocínio não é a emoção. Calcadas no medo emoções perigosas nos acossam.  Nos tempos de hoje temos medo da comida que comemos, do ar que respiramos, da água que bebemos, das ruas por onde caminhamos, dos lugares que frequentamos. Temos medo das pessoas que nos cercam.

         Mesmo que a vida atual seja mais favorável ao homem, parece que há uma trama diabólica contra sua saúde física e mental. Pior que é verdade, e temos de pensar sobre isso.

       
       Pensar e pensar, meditar sempre. E em nível mental e emocional elevado chegar a Deus, que significa responsabilidade, bondade, fé, amor.