segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

 



 

 

                             MORAL, RESPEITO E ORAÇÃO.


S. LUÍS - MA - ANO 1938


 

Música caipira é viral no Facebook, e tem uma do Teixerinha do Lins que surge a cada busca pelo gênero. Merece reflexão.  Na letra dessa música um rapaz fala da sua volta ao interior para casar com a  moça que ele havia deixado quando foi se aventurar na cidade grande. Inicia dando adeus aos amigos: “Adeus amigos, companheiros de serestas...” Fala que a amada é a “primavera” de sua vida, e por aí vai. Até que enfeixa suas juras de amor dizendo o que  espera que se cumpra no casamento: “Quero moral, quero respeito e oração”. 

Três coisas que teriam perdido a validade nos tempos modernos: moral, respeito e oração. A mulher abandonada à própria sorte, cujo resgate vai estar a cargo desse caipira que um dia a abandonou por uma outra vida de prazeres e ilusões. Ou se trata de um retorno ao passado machista? Tempo em que a mulher era submissa, sujeita a muitos preconceitos? Por fim o cantor declara: “Eu só quero é ser feliz.” Disse e repetiu. Afinal, se o amor é tudo, e ele tem amor para dar para ela...  

   

 


sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

 




 

                                                       SER FELIZ





 

Com o olhar amplo que tem agora. Maria revê  o passado, que foi esquecendo aos pouquinhos. Dos bons momentos lembra com carinho,  dos ruins sem mágoa, ou rancor. Na juventude deixou passar uma boa oportunidade, e pensa se sua vida teria dado tão certo, como deu, caso contrário. A resposta é que se tenha uma meta e as mudanças não nos intimidem, e venham a calar. Tenham todos  boas chances pelo caminho e as aproveite, se for o caso. Maria só lastima não ter começado a trabalhar bem antes, quando mais precisava, enquanto o casamento aconteceu em momento certo. Sem se lamentar, nem vangloriar, preocupada na medida certa com o que vinha pela frente. Seguiu sua vida com determinação.  

Por longe que tenham chegado as coisas, e com tão grande intensidade e rapidez, não foram capazes de abalar as convicções de quem as tem e lhe fazem o maior bem . Diante da ideia corrente que tudo seria possível, toda novidade plausível, em muitos casos o que imperava era a curiosidade,  o desejo de tudo experimentar. Era normal achar que a conquista da liberdade irrestrita resolveria todas as questões, principalmente para as mulheres. O mundo não mais distante delas, e a vida menos difícil de viver. A linguagem mais solta,  as vozes libertas. Só não valia a pena perder a paz e a harmonia, perder sua alma.

Eis que naquele janeiro de 2003 o país acompanhou na TV a posse do candidato do PT eleito pela primeira vez como presidente da República, permanecendo no cargo até 2011. O país tinha estado por 20 anos sob o governo dos militares, e havia um sentimento generalizado de rancor, pelos anos sem o direito ao voto. Com a abertura, dois presidentes civis haviam ocupado o Planalto Central, embora ainda não eleitos democraticamente. O certo para Maria é que, após o regime militar, os brasileiros se reconciliassem com a sua história, e podiam seguir em frente sem medo de ser feliz. O que vem acontecendo,  no presente momento com o retorno de Lula pela terceira vez ao poder. O extremismo tupiniquim de direita e esquerda não tem nada a ver com nossa história. É não dixar que desequilibrem a política, consequentemente o país afunde. E se consolide de verdade a democracia no Brasil. 


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

 



 

 

                             ONTEM E HOJE

 

 

LENÇÓIS MARANHENSES 



 

Como vivem hoje as mulheres? Pergunta que Maria fez para si mesma depois que uma jovem demostrou curiosidade sobre a vida das idosas, quando eram elas também jovens. A filha de Dedê Dias pensa sobre a situação atual das mulheres, que trabalham para se manter, e não mais tuteladas pelos pais, ou parentes, cargo transferido aos  maridos ao se casavam.  Casar e procriar na década de 50 fazia sentido para as mulheres. As moças sendo educadas para o casamento e a maternidade, vocação que algumas tinham, casando e engravidando com gosto. Outras a contragosto viam-se na condição de mamães, sem os contraceptivos, os partos acontecendo um após o outro, e em alguns casos estupradas pelo parceiro.  Era da maior importância que elas conquistassem a independência, e pudessem fazer suas escolhas, inclusive sobre os filhos, se os queria ter ou não, lógico que em concordância com o parceiro. E sem um homem, mesmo assim, ter filhos solos. Foi o que as mulheres conquistaram a duras penas.

O instinto sexual tão forte na juventude, quando então se dá o encontro do espermatozoide com o óvulo, o que acaba por acelerar a saga dos indivíduos, e fazer o mundo avançar. Dar credibilidade a união matrimonial do jovem casal, que não questionava se queria ter filhos, ou não, por esse ou aquele motivo. Da noite para o dia ele tinha virado adulto, com um emprego regular, que era motivo de orgulho,  e o fez querer avançar no tempo, ter a própria família. Apaixonar-se com visível determinação era característica da época, e com espantosa rapidez ele resolveu casar e com a eleita formar seu hermético círculo familiar. Logo com ela, que não tinha como meta casar e procriar, seus planos eram outros, inclusive, nas artes cênicas. Mas se dispôs a aceitar o desafio, afinal ele era o cara, que a escolhera entre tantas outras. Deixou para trás seu projeto de vida para cumprir o romântico preceito de “padecer no paraíso” pela vida afora. E assim aconteceu, o que levou aquela mãe a olhar com certo desencanto para a filha recém-nascida em seus braços, a primogênita. Sente pena, não só do serzinho que acabara dar a luz, também  de si própria, como mãe. A paternidade fazendo sentido para aquele romântico rapaz. Época do baby boom e do espantoso crescimento populacional.

Experimentar o trabalho solitário de cuidar dos filhos pequenos, que logo entrariam para a escola, em vez da outra solidão que ela tanto amava e a vida de casada acabou por eclipsar. Em determinada hora do dia, a jovem mulher senta-se no banco da  praça, vigiando as crianças no parquinho da igreja perto de casa. Parecia tão distante do mundo adulto, já frequentado por algumas outras mulheres avançadas no tempo. Ela conformada da situação, em vez de aborrecida, mas que se via “embrutecida”. Livrar-se daquele estado só iria acontecer anos depois, as voltas que a vida dá, e há tempo para tudo,  inclusive conviver mais com os filhos pequenos. E o maior prazer de receber os pais em casa e mostrar que estava bem instalada, que tinham vida melhor que outros casais.

Pairava ainda a discussão se a mulher devia trabalhar fora ou ficar em casa,  o que seria mais rentável para a família.  A inteligência e integridade da mulher não estavam em pauta. Parecia um desvairo feminino sair daquela situação cômoda para enfrentar um mundo masculino dos escritórios e repartições públicas. A ladainha dos mais velhos era que as mulheres se realizassem no trabalho feito em casa, que lhes proporcionava bom ganho financeiro. Lógico que era válido esse trabalho, como também o trabalho fora de casa, e a mulher pudesse realizar sua vocação, dar vazão à competência intelectual que possuía. Maria não se furtou a cumprir esse destino, como o anterior.

Como em qualquer parte do mundo globalizado, hoje no Brasil quase não se vê mulheres cuidando exclusivamente da casa, pois elas entraram para valer na competição por um trabalho que lhe dê retorno financeiro, o que mais pesa na escolha. E estudam sem parar para melhorar sua posição. Mesmo que ainda possa haver dúvida se é o melhor para a família, se os filhos são deixados a cargo das trabalhadoras domésticas, com pouca instrução, mas que devem estar munidas do essencial, que é a responsabilidade pelo  ofício de cuidar das crianças, como babás, também cuidadoras de idosos. A ascensão social que acontece pelo estudo e trabalho, não tem como ser diferente no nosso país, como em qualquer outro lugar do mundo.

Ser esposa e mãe não deixa de ser um ofício, e o mais importante de todos os ofícios. Numa oficina há que seguir as instruções, que se aprende e ensina, e não acontece por osmose. Ter em mãos as ferramentas adequadas, o que para a mulher no ofício de mãe é o coração para amar e a vocação para educar. Há segredo no ofício de escritor, por exemplo, também na fabricação de um objeto raro. Descobrir o segredo da formação de um lar abençoado. As questões do ofício tratadas por quem tem convicção. Acreditar nas verdades religiosas, e nas lições que a vida dá, e não seguir regras provisórias e instáveis. Saber dos limites humanos. Estar o marido e a mulher na casa, no lar, que é o lugar adequado para encontrar-se com a família, e não longe, nos bares da vida. Sem querer tomar os ofícios como um fim em si mesmo, quando nada mais importa. Na igreja ir ao encontro de Deus. 

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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

                                  
                             

                     AO RITMO DO CORAÇÃO





              A prática religiosa precisa das repetições para que se tornem convincentes. Os rituais da fé repetidos inúmeras vezes, o que constitui um habito de elevada importância. E quem não almeja transcender dessa vida material em que se vive? Mas tem que se habilitar. Como o musicista, que se habilita para tocar um instrumento musical, e tem comprometimento com o ofício. 
             
             Boa prática de quem assume o compromisso com a arte, também com a fé. E avaliar se a atividade merece o tempo que lhe é dedicado, o que também tem a ver com a vocação, ou com o talento de cada pessoa. Perda de tempo se dedicar a algo para o qual não haja boa vontade em exercer. A decisão seguida da obrigação, e entender a recompensa emocional que há no que se propõe fazer. 
           
           A religião conta com as orações, com as missas, em exercícios repetitivos, contínuos, que se assemelha ao ritmo do coração. A experiência de fazer de novo, e de novo, o que constitui um santo ritual que transcende a vida real, às vezes, infernal. E não se trata de fuga da realidade.

domingo, 14 de janeiro de 2024

 



 

 

CONSELHOS PARA O NOVO ANO

 


"Todos os dias devíamos simplesmente dizer algumas palavras                            sensatas.”

Goethe

 

 “Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência.”

Santo Agostinho


quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

 



                         NAQUELE DOMINGO


S. LUÍS - MA

 







                 Boa a situação do casal às vésperas do terceiro filho, moradores de uma casa recém-construída, que desejavam ampliar. Início de noite, a mesa já vazia após o jantar, os dois estavam com a atenção voltada para a TV à espera do programa semanal de variedades que ninguém é de ferro, basta de notícias ruins. Maria estava preocupada com a revolução militar que o dia todo o rádio não parava de noticiar. Os acontecimentos políticos simples detalhe na vida das pessoas, mas com sérias consequências. As crianças no quarto dormiam o sono abençoado dos inocentes. Ela pensou no molho do macarrão que dera trabalho, mas não saíra como ela queria. De repente fica assustada de estar ali naquele lugar provisório, e fala ao marido na possibilidade de voltarem para a cidade natal. Naquele domingo, dia da cervejinha, que ele acabara de tomar, concordou com a mulher, sem imaginar o que viria pela frente. Quantas mudanças iam ocorrer  em suas vidas!
                
               O medo do comunismo tinha levado o Exercito a tomar o poder de Jango Gullar e fechado o Congresso, após uma multidão ter ido às ruas de mãos dadas em protesto contra a posse do presidente que ia substituir Jânio Quadros. Ficou claro que a coisa não era brincadeira de um louco, como parecia. Não dava para ignorar os dois mundos com que os brasileiros iam conviver dali para frente: o dos fardados e dos paisanos. Os militares até então merecedores da admiração de todos, passaram a intimidar, até mesmo apavorar. Mesmo que houvesse os revolucionários radicais, os “comunistas” em sua maioria eram jovens, em especial, os que faziam parte dos movimentos sociais da igreja católica. Alguns estavam presos, outros haviam fugido do país. Havia tortura e até morte, o que iam saber mais tarde.
               
               Mas a mensagem revolucionária da direita é que as pessoas iam deixar de pensar de forma ingênua sobre o comunismo, que fechava as igrejas, tirava o direito à propriedade e à liberdade. E se devia pensar em ser coletivos. A vitória do comunismo na Rússia acontecia justo quando a liberdade era o que mais se buscava no Ocidente, isto é, que homens as mulheres gozassem da liberdade de ser o que quisessem, rapazes e moças estudassem juntos, confraternizando-se em todos os lugares. Todos com o direito de falar e ser escutado, quer fosse intelectual, funcionário público, ou um simples trabalhador. Mas o mundo acabara de ser dividido, de um lado o promotor da liberdade total e o do outra repressão idem, ambos a se armarem até os dentes para derrubar o outro. Qual iria sobreviver? Décadas depois, sem derramamento de sangue caiu o muro de Berlim. Findou-se o regime comunista soviético, sem choro nem vela.
               
                E chega o ano 2000, já com duas décadas vencidas, mas com a sensação de ter ficado para trás aquela sensação de segurança em áreas fundamentais, para a paz e prosperidade, acrescida da segurança climática. Para o antigo casal as coisas parecem fora dos eixos, desde quando a realidade da família, da religiosidade, da educação e tudo o mais foi posta à prova. E para onde caminha a humanidade a essa altura da vida sobre a face da terra? A desumanidade das guerras a grassar no mundo todo. Liberdade para que, afinal? Necessário metas sábias a cumprir, para que se possa livremente seguir uma política séria, com objetivos claros e democráticos visando a dignidade da vida humana. E seja a terra um lugar definitivo de paz e prosperidade.














sábado, 6 de janeiro de 2024

 

DIA DE REIS.

DIA DE DOARMOS  A JESUS

O OURO DA NOSSA

A MIRRA DA NOSSA ESPERANÇA 

E INCENSO DO NOSSO AMOR .




terça-feira, 2 de janeiro de 2024

 



           EU MEREÇO!



 


De ums forma ou de outra a pessoa sempre merece o que lhe acontece, seja de bom, ou de ruim, essa é a verdade. Certo que, direta ou indiretamente, haja responsáveis pelo que acontece de bom, como de ruim. Compete  a cada um receber de braços abertos, ou livrar-se de um, ou do outro. Agir como um antigo artífice em sua oficina, em seu trabalho artesanal, que avaliava com precisão o que pretendia fazer, tornava-se um perito no que fazia, tendo como meta atingir um resultado de altíssima qualidade, a exemplo de violino stradivarius. Certo que o mestre sempre terá que administrar medidas conflitantes entre o calculado e a experiência prática.
Maria não esquece as lições da avó, que era a melhor da cidade confeiteira de doces para festas,  também mestre na vida, e que costumava dizer em determinadas situações: Eu mereço. E Maria podia ter dito o mesmo quando, por exemplo, recebeu de presente  aquela garrafa de cachaça. Era jovem, e ficou confusa, mas hoje acha que mereceu, pois teve na infância um pai que bebia, mas que deixou o mau hábito, e teve uma longa e feliz vida, ao lado da excelente esposa e seus bons filhos. Mereceu. Maria também pode dizer que mereceu o privilégio de ter estudado toda a infância e mocidade em um colégio católico, graças à ação benéfica de uma parenta,  sua madrinha, e lhe é grata.
A família, a escola, a religião impulsionam as pessoas, pois todos merecem as melhores instituições para trilhar um caminho feliz, de fé, esperança e amor. E o mais importante de tudo, evitar a deterioração mental, tanta coisa ruim que anda solta por aí para causar estrago. Também nunca perder a noção do certo e o errado. Sim, Maria mereceu esse seu caminho, às vezes, duro e cansativo. Mas ao fim da sua auspiciosa jornada pode dizer: “Eu mereço”!