sexta-feira, 31 de outubro de 2014




                                        GLÓRIA PIRES



           Sou fã, acompanhei sua trajetória desde o início, desde ela ainda criança fazendo papeis na TV até que surgiu bela e fagueira na novela Cabocla. O país ligado naquela figura pequenina, mas toda doçura e talento, que ia se perpetuar nas telas. O nome de batismo já lhe previa algo mais além de uma simples mortal, o sucesso, a que todo mundo almeja. Eis então a pergunta: Como se forma uma estrela, como se atinge o patamar da glória? Não se trata apenas de beleza exterior, tem a interior, que transborda na pessoa que “tem estrela”, como se diz. Glória Pires nasceu numa família de artistas onde desenvolveu o talento para representar. Foi perseverante e humilde.
      
        Por sorte Glória Pires não era uma beldade qualquer, não tinha a sedução que tem as possuidoras de um físico para ser considerada gostosa, a ponto de se perder deixando que explorem seus atributos físicos. O tempo era outro, diferente do atual em que a sedução sexual é a norma para atingir o sucesso, a começar por seduzir um famoso jogador de futebol, que pode ser o começo do sucesso, ou seu fim. Veja o caso da então famosa modelo que se casou em um castelo na França com Ronaldo, o fenômeno, e se transformou num fiasco. Bruna Marquezine que se cuide, pode estragar uma bela carreira, se expondo do jeito que faz. Xuxa teve Pelé que a promoveu ao estrelato, beleza e talento só então revelados para os brasileiros, os seus baixinhos. Não esqueçamos Lucélia Santos que tanto sucesso fez na televisão com a novela Escrava Isaura, mas afastou-se da Globo, e por ocasião da ECO 92 no Rio de Janeiro, arrecadou dois milhões de dólares para produzir “Sonho de Uma Noite de Verão” no teatro, quando assistimos sua interpretação de Puky, o gênio trapalhão. Depois disso Lucélia andou sumida, sabendo-se que por um tempo ela trabalhou no Japão, e só agora reapareceu na Dança dos Famosos na rede Globo.
      
      Na época de Glória e Lucélia havia o cuidado com a tramas televisivas, toda a família reunida diante da telinha, para acompanhar as novelas, que tinham sentido e tão bem interpretadas, como ainda são, mas com enredos que são quase um acinte às famílias, daí a queda nos índices de audiência que as novelas sofrem atualmente. A arte e também a decência estavam presentes, o caso da novela Cabocla, na qual Glória Pires começou sua carreira, quando então se casou com Fábio Junior seu par romântico na trama, e com ele teve uma filha, Cléo, outra famosa, diferente em tudo da mãe, mas boa artista, o que está no seu DNA. Já separada, como a própria Glória conta, aproximou-se do músico  Orlando Morais para conquistá-lo com seu jeito sincero e meigo. Casou-se pela segunda vez, com ele tendo três filhos, já adultos.

       
         Além da televisão Glória Pires também faz cinema. Ao lado de Tony Ramos fez dois filmes, sucesso de público e crítica “Se Eu Fosse Você 1” e “Se Eu Fosse Você 2”. A tranquila felicidade familiar e profissional que hoje goza a artista global teve seus percalços, inclusive a calúnia de que a filha teria um caso com o padrasto, o que a Glória teve que superar, para seguir em frente ,com a certeza de que vale a pena ser bom no que se faz, ter fé na vida, e serenidade para entender que com amor no coração tudo se pode vencer. A prova está diante dos nossos olhos e se chama Glória Pires.      

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

  


                                                   

                            CONVIVÊNCIA 








                                                                   
       Tem uma pessoa especial, que acompanho seus escritos e postagens no Facebook, sempre inteligente e de muito bom gosto. Por último ele tratou do assunto instigante que é a Convivência, principalmente, entre casais que se aposentam e passam a dividir o dia a dia, muitas vezes com interesses díspares e a se apoquentarem. Tempo que devia ser de paz, mas o casal entra em crise, difícil o entendimento, a convivência, entre as pessoas em todas as idades. Enfartar ou ficar com Alzheimer, em vez de partir para uma solução mais inteligente, viver? Quantas vezes um casal tem tudo para dar certo e não dá, enquanto pessoas diferentes em tudo se dão bem. Pode ser o sexo que compensa tudo o mais, ou simplesmente boa vontade. 
     
   A certa altura se descobrir que um é para o outro não um doce fardo, mas pesado lenho, é frustrante, às vezes tanto quanto foi empolgante a paixão de quando se casaram. Tem os que não querem ver a situação de frente, insistem em ficar junto, e tem quem, simplesmente, resolve dar adeus e ir embora, pensando que é melhor do que se acabar de remorso por não fazer nada para ter uma vida mais útil, quiçá, mais feliz. Pode quebrar a cara, ou não. O mais certo é não ficar preso aos caprichos do outro, como se fosse obrigado a isso, o que deixou de ser faz tempo, daí tantas separações. 

               Alguém tem que ceder na relação. Ceder até certo ponto. A mulher escolhida pode ser uma gracinha e muito diligente, mas ele descobre um dia que tem ao lado uma dominadora. O que fazer, meu amigo? Por sua vez, o homem é o suprassumo da inteligência, mas dá pouca tenção a sua mulher, atitude nada benfazeja, não é mesmo? Acontece que a vida não resulta só de encontros e desencontros, não é só aquela mulher, ou aquele homem. Pode até ser, mas a vida é, principalmente, para a gente encontrar-se e reencontrar-se. Só no fim é que se entende melhor o que a vida representa, qual o seu sentido.

             Minha irmã acaba de me contar que uma amiga viúva mantém um relacionamento de anos com um senhor também viúvo, ambos quase da mesma idade e conservadíssimos, os filhos criados e independentes. Ela doida para casar outra vez, ele fugindo de tal compromisso, concluindo-se que a razão de tal resistência é que ela deseja prendê-lo em casa, que ele pare de trabalhar e de ter tantos amigos. Festas e viagens não faltam para o casal curtir juntos, que saúde e dinheiro ambos têm para findar o milênio aproveitando a vida numa boa. 
             
              Quem por felicidade tem ao lado o companheiro ou a companheira de tantas anos deve valorizar o ditoso fato, e procurar dar seu melhor para continuarem a ser felizes juntos, sem desgastarem a relação com queixas mútuas. Deixar que cada um viva do seu jeito, não é coisa impossível de se fazer. Melhor ainda é a união de interesses. Quando necessário, apelar para a paciência. E o confronto só para beijos, abraços e outras coisinhas mais... 
               
              


quarta-feira, 29 de outubro de 2014



                                                                   


                                                    COISAS DA VIDA                            
                  

             
                  Crescer e mudar, perder e ganhar, reencontrar-se, ao se perder, achar uma saída, são coisas da vida. E que se tenha coragem para enfrentar  com serenidade e sabedoria os desafios, sejam eles grandes ou pequenos. Em primeiro lugar, vencer a si mesmo, seu egoísmo, sua soberba e ainda falar de humildade. Uma fase difícil para quem vive no Brasil, quando forças se unem, não para ajudar, mas para o tudo, ou o nada, pessoal, partidário. Justo quando vivemos um tempo memorável, de progresso e avanços sociais, famílias saindo da miséria, com motivos para comemorar, e o que se vê, ouve, lê e pura beligerância.
                
             O ser humano parece que não tem mesmo jeito. E sabemos que tudo isso é fruto da falta de amadurecimento das nações, das instituições, das pessoas, que se encontram plenas de empáfia e nada mais, vazias de dar dó. Mas chios de agressividade, de medo, que transborda do plano inferior para o superior, ou vice-versa. Resquícios de muita coisa ruim, inclusive da ditadura militar, que lutou contra uma suposta invasão comunista no país, uns poucos revolucionários, coitados, mas o medo a perdurar até hoje, infundado, ou não.
            
        Outros pobres coitados são os autointitulados atues, que esbravejam por um estado laico, e instigam os religiosos com a defesa do casamento gay, do aborto e de outras insanidades. E a recém eleita presidente Dilma Rousseff tendo grandes desafio pela frente. Em primeiro lugar, conciliar o país, que parece dividido, mas só até o próximo carnaval, o que dizem os entendidos no assunto. Brincadeiras à parte, foi brabo o enfrentamento dos dois ilustres mineiros pela conquista de votos. Guerra feroz, como nunca se viu antes no país, deixando o ranço do ódio, que percorreu todo o pleito.  
        
          Absurdo dos absurdos os nordestinos serem odiados pelos votos dados à vencedora, insultados de ignorantes, preguiçosos, até bovinos, como expressou Mainardi, em seu odiento discurso contra o resultado das urnas. Quando foi Minas que decidiu a eleição, descontente com o ex-governador Aécio Neves, candidato do PSDB. Enquanto o Nordeste votou em peso na candidata do PT, contente com o governo que seria o único responsável de grande número de brasileiros ter saído da extrema pobreza, enquanto outros tantos puderam ascenderam na escala social, o que tinha de acontecer com PT e sem PT. Não sou aecista nem dilmista, certo?
        
         “Vocês têm que me engolir” podia ter dito a presidente recém-eleita para um segundo mandato, que fez, todavia, um discurso conciliador logo após a vitória. Mas que não pode dizer que “tudo será como dantes no quartelo de Abrantes”.  O mundo mudou e muita coisa também se modificou em nosso país. Menos ideologia, discriminação, ódio, e mais dedicação dos brasileiros para que nosso Brasil possa mostrar ao mundo a grande nação que é de verdade. 

         
        Situação e oposição devem estar ciente que a governabilidade depende de acordos mútuos, os votos divididos meio a meio. A maioria talvez não quisesse nenhum dos dois candidatos, mas era o que tinha. Bom perguntar  a quem interessa, a guerra vai continuar? Para os petistas ceder ao outro lado é  quase como acender uma vela para Deus (os pobres) e outra para o diabo (o poder econômico). Heréticos petistas que encheram os próprios bolsos. Só que não há anjos e demônios, e não se venha dizer da presidente Dilma que ela “ganhou mais não levou”. 

sábado, 25 de outubro de 2014



                                           


                    
                        A GRANDE VIRADA









 Dilma Rousseff e Aécio Neves, os dois candidatos à presidência, até poucos dias atrás estavam empatados nas intenções de votos, numa eleição com muitas reviravoltas, até que finalmente, neste domingo, 26 de outubro de 2014, será definido o pleito e se possa ver quem governará o país nos próximos quatro anos. A eleição é parte importante da nossa história recente, decisiva para o futuro do povo brasileiro, que ao longo da campanha viu a polarização das candidaturas em suas posturas e propostas, inclusive o feminismo versus machismo. Toda a atenção e respeito que o eleito deve dar à democracia no país e suas instituições.

Mas tratarei aqui de outra virada, que tem tudo a ver. A virada que se deu nos primórdios da nossa existência, quando o homo sapiens passou a ter consciência de si. (Do que se pode ter ideia ao observarmos a evolução física e mental do ser humano a partir do feto.) Evoluiu o ser humano da consciência individual para a grupal, ainda sem história, e assim atravessaria eras. Até que se formou uma consciência universal, com uma história para contar.

Quando começamos, então, a fazer história? Os homens primitivos comunicavam-se por sinais, eram caçadores coletores, e ao adquirirem uma linguagem, diversificou-a em várias formas de comunicação, ou línguas, importante para a união, mas também a divisão em grupos, e muita confusão, a tal babel de que fala a Bíblia. À medida que avançou no tempo, e o comércio se intensificou surgiu a necessidade da palavra escrita, dos registros. Foi quando se deu a grande virada, da oralidade para a escrita.

Avançou, pois, o homem, de simples dono da caça e da pesca, para senhor das terras e colheitas, sendo também guerreiros e conquistador de grandes feitos, que se tornaram históricos. Mas lá bem atrás aquele ser, meio homem meio bicho, gozou da experiência extra sensorial, ou a comunicação com o além, fenômeno inexplicável, que deu origem às crenças primitivas. Fora o aspecto cultural, foi ali que se teria formado a consciência moral,  base para as crenças,  com que os povos primitivos demarcaram seus domínios no campo cultural, também territorial.

Depois de muita história de conquistas, de muitas guerras, a humanidade teria por fim atingido um estágio elevado de cultura e civilização. Hoje vivenciamos a época da ciência e tecnologia, com o que se tenta e tem conseguido, na medida do possível, desvendar os mistérios da natureza, também do universo. Não seria por simples ambição e vaidade que se passou a dominar o campo do conhecimento, que deve se traduzir em bem estar ao ser humano, para que sofra menos nesse “vale de lágrimas”.

 Voltando à eleição, já no 2º turno, quem ganhar deve estar atento ao que acontece no nosso país para melhorar a vida dos brasileiros, também observar o que vai pelo mundo, para colaborar com alguma coisa, ajudar quem precisa de nós, sem nos prejudicar, diga-se a bem da verdade. O governante escutando o clamor do seu povo. Sendo assim, o eleito deve favorecer a paz e prosperidade do país, trabalhar para que todos tenham educação de qualidade e a melhor saúde. É promovendo o bem estar para todos que as democracias se fortalecem.  

  (Considerada uma tragédia para a humanidade as ditaduras do terror, como acontece com alguns grupos de formação primitiva, ou malformados, adeptos da tortura e do estupro de mulheres e crianças, o caso do autointitulado Estado Islâmico, lá para as bandas do Oriente, mas repercute em todo o mundo, como um tapa na cara. Na África é a doença decorrente da miséria que constrange os povos, dito civilizados.  Escutamos o grito dos sofredores por socorro, socorro, socorro!)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014




                          SÃO LUÍS E SEUS BONDES










Na minha São Luís, capital do Maranhão, nos idos anos cinquenta, os bondes serviam à população com precisão de horário e muita segurança, o que acontecia desde 1924, quando foi inaugurado o sistema de transporte de bondes elétricos na cidade, extinto na década de sessenta. Nunca se soube de algum descarrilhar. Íamos de bonde  para a escola, para o trabalho. Nos bondes a gente passeava, namorava para casar, lógico. E até mesmo tinha quem aproveitasse para ler, o caso do padre João Mohana, também psiquiatra e escritor, recém- chegado do sul, de imediato uma celebridade na cidade, e víamos absorto em sua leitura no bonde Gonçalves Dias.



Alguns nomes das nossas mais conhecidas linhas de bonde: Gonçalves Dias, São Pantaleão, Beiramar, Anil, apenas uma lembrança que ficou, e uma saudade grande daqueles bons tempos, o trânsito tranquilo, como a vida, coisa bem diferente hoje em dia. Muita gente a reclamar da falta que os bondes fazem na cidade, como que talhada para eles. Mas com a invasão  de carros e ônibus, tornou-se  impossível a convivência deles com os bondes, e houve até um grave acidente com o bonde S.Pantaleão, a última linha a ser extinta em 1966.





Transporte seguro, ecológico, sustentável, agradável e principalmente turístico, os bondes podiam voltar às ruas de S.Luís e serem muito úteis. Não há mais tráfego de carros em grande parte da cidade antiga, incompatível com ruas tão estreitas. A nova S. Luís cresceu para além da pontes sobre o rio Anil e Bacanga. Os bondes serviriam à população e ao turismo da linda cidade, eleita Patrimônio da Humanidade, e que acaba de completar quatrocentos e dois anos. Os turistas levados ao Centro Histórico, à região Beiramar e o Reviver. Os trilhos ainda permanecem no mesmo lugar, com todo mundo na rua, indo e vindo a pé, pessoas que podiam perfeitamente se valer do bonde.



domingo, 12 de outubro de 2014

Malala Yousafzai addresses United Nations Youth Assembly



                                          MALALA    

            O Nobel da Paz de 2014 coube como uma luva à paquistanesa Malala Yousafzai, de apenas 17 anos, honra que ela divide com o hindu Kailash Satyarthi, de 60 anos. Duas pessoas exemplares na defesa dos direitos das crianças por educação e pela liberdade do trabalho escravo. Na região dominada pelo fundamentalismo do Islã, as meninas são constantemente abusadas sexualmente e casadas ainda criança, proibidas de estudar, ambos os sexos sem direito a ter a educação e condições ao bom desenvolvimento pessoal. Na Índia Satyarthi já libertou 80.000 crianças e luta para integrá-las à sociedade. No Paquistão, Malaia enfrentou o poder maléfico do Talibã que domina a região. Queria estudar, o que lhe foi proibido, e ainda teve a coragem de criar um blog na internet, onde defendia seus direitos, por conta disso o ônibus em que se dirigia para a escola foi invadido e ela baleada na cabeça, escapando por milagre da morte. 
         
           Os dois laureados vão receber juntos o prêmio em Oslo, sede do Nobel, prêmio com o nome do inventor da dinamite, que antes de morrer quis de alguma forma reparar as consequências danosas do seu invento. Disse o chefe do comitê para a escolha dos laureados, o norueguês Thobjorn Jagland: “Em áreas devastadas por conflitos, o abuso contra crianças leva a continuação da violência de geração à geração”. Malala vive hoje na Inglaterra, para onde foi levada após o atentado contra sua vida, onde faz tratamento, estuda e continua em sua militância mundo afora pelo direito de todos à educação.

              





                               
                           
                       DÚVIDA EM VIENA                                  


Texto refeito
         
         Quando em Viena chegamos em frente ao museu com a exposição de Carl Chagall, lancei olhar de desânimo para o grande número de pessoas aguardando na imensa fila que parecia não sair do lugar. Comentei com meu marido sobre a boa disposição dos turistas em viagens, inclusive nós, ainda bem distantes do portão, e com uma ponta de inveja de quem já se encontrava perto do guichê para pagar a entrada ao recinto sagrado da arte.  
         
         Os jovens não estavam nem aí para a fila, que dava oportunidade de interagirem uns com os outros, um casal aos beijos e abraços. Os mais velhos sempre alegres e bem dispostas a tudo quererem ver e festejar. Um grupo de japoneses, exemplos de educação em locais públicos, aproveitavam para degustar algo que lhes adoçasse a boca, que a alma era pura festa, o que transpareciam. E com certeza havia gente a se interrogar quando todo aquele suplício acabaria. 

            Nossos companheiros de viagem, o filho com a esposa, passaram batidos, mais focados nos belos palácios, circundados pelos esplendorosos jardins vienenses, e já iam lá adiante. Dei uma última olhada para a aglomeração, antes de desistir da visita ao museu, ainda em dúvida se seria melhor apreciar arquitetura e natureza tão exuberantes, ou ficar siderada diante das obras pós-impressionismo, mesmo com a visão dificultada pelos demais visitantes, o que sempre acontece nos museus do mundo todo, os europeus em especial. 

            O problema é se arrepender depois por não ter ido ver Chagall, e o que poderia ter acontecido lá dentro do museu sem a nossa presença. No exato momento em que a fila começou a andar mais rapidamente, a nossa intenção já era outra, alcançar o casal que se distanciava de nós. Ficava para depois os museus e o "tropel" que íamos participar nos antigos assoalhos do Louvre em Paris, local onde meu filho apreciaria à vontade o melhor da pintura mundial, o que ele mais queria visitar, depois da Sorbonne. Gente que estuda, filósofo, é assim mesmo, uma tarde inteira na Sorbonne.

           Vamos que vamos, incentivei o marido ao lado, e não era para retornar, coisa que não me incomodaria muito, sempre vale a pena enfrentar uma boa fila em certas ocasiões. Pior são as filas no Brasil, em total desrespeito para com os doentes nos hospitais e os clientes nos bancos. Nem avaliamos as distâncias que teríamos pela frente para percorrer aquela imensidão de jardins. Os belos palácios apenas vistos de longe, com suas imensas escadarias, que para enfrentá-las só se fosse à cavalo, com no passado faziam os reis e membros da nobreza.             
       


                       
              

sábado, 11 de outubro de 2014





                                  CORAGEM, BRASIL






                   O interesse em seguir os bons exemplos não mais existe, grande parte da juventude aflita por aparecer, fora de foco, que não mais valoriza as pessoas que cresceram e prosperaram, o caso de seus pais e avós, que tiveram coragem para superar adversidades e enfrentar os desafios da vida. No mundo imediatista em que vivemos os estímulos são outros, perigosos, desagregadores. O futuro que se descortina à frente do jovem, onde as coisas boas só vão acontecer, em particular, para aqueles que têm paciência e determinação em suas vidas, sem ilusões. Acima de tudo há a realidade, e certo seria o jovem lutar por ser parte importante de uma sociedade promissora, membro de uma família feliz. O trabalho que deve ser a favor da vida humana, e do planeta como um todo a ser preservado. A vida na indiferença torna-se difícil, mais penosa ainda para aqueles que optam por destruir, em vez de construir, reformar. A coragem que devem ter os jovens para tornar o mundo em que vivem melhor para eles e as gerações futuras.
                  
                  Mas o assunto principal aqui é mais uma vez a eleição. Findo o primeiro turno, ficaram os dois candidatos mais votados: Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Surpreendente a ascensão de Marina Silva, mais ainda sua honrosa derrota. A ex-candidata que ainda pode ter grande influência no resultado da eleição de 2014. Assim, já que temos de escolher entre o tucano e a petista quem vai governar o país nos próximos quatro anos, a pergunta que não quer calar é qual o melhor, ou o “menos ruim”, com o se diz? Tempos atrás Dilma fez história, assim como Marina, duas jovens mulheres, engajadas, corajosas, que lutaram por mudanças sociais, mas de modos diferentes. A primeira, pertencente à classe média alta pegou em arma ao lado de guerrilheiros; a outra muito pobre participou de movimentos sociais pela melhoria de vida dos trabalhadores rurais e em defesa do meio ambiente, bandeiras com as quais se elegeu senadora e foi ministra.
               
              Estamos vivendo uma eleição muito disputada, também de muita discórdia, calúnia, difamação, pois o que não falta hoje em dia são meios para disseminar a discórdia. Apesar de tudo, deve ser festejada a ida às urnas, o quanto representa as eleições para a democracia. No presente momento, já no segundo turno, a presidente Dilma Rousseff vê sua reeleição ameaçada por Aécio Neves, herdeiro político de Tancredo Neves, mestre em fazer conciliações que, inclusive, participou do movimento de redemocratização, pós ditadura militar. Como o avô, o neto, seria a pessoa indicada para, no mínimo, colocar para fora uma quase ditadura petista, que almeja se perpetuar no poder. Resta salvar os ideais democráticos que estão sendo ameaçados por mentes e mãos viciadas.
               
             Umas palavrinhas mais sobre a ignorância dos que dizem que “estado laico” significa ser proibida qualquer manifestação de crença ou religião no país. Enquanto isso os muçulmanos recrudescem na sua fé, e com a violência tantas vezes já demonstrada querem se impor ao mundo civilizado e cristão, os tais terroristas. Entre nós há os que pregam o ateísmo e o anarquismo, como fazem atualmente certos grupos, pode ser o nosso fim como civilização. No século XIX os anarquistas decretaram morte às cabeças coroadas e, já no século XX, acabaram por provocar a Grande Guerra, consequência da morte do herdeiro do Império austríaco, assassinado por um fanático pertencente a um tal grupo. Atualmente, há os que se exibem como anarquistas, ou violentos ativistas, os tais Black Blocs, que agem como se estivessem no palco, artistas trapalhões, mesmo assim perigosos, querendo destruir o que veem pela frente, um inferno, onde pensam queimar os problemas do país. Com o quebra-quebra e o fogaréu, esses revoltados e odientos, que não têm nada a perder, pensam queimar e destruir a ambição dos poderosos e o descaso do governo. Mas, com os bens materiais, queimam também nossa educação, cultura, progresso.

          
             Que a vitória nas urnas em 26 de outubro próximo seja daquela pessoa que vá atender a população de forma justa, progressista. Os pobres bem assistidos, principalmente para ascender na escala social, com educação e saúde necessárias. Também sejam atendidos os anseios da classe média e média alta que esteve nas ruas em 2013, protestando pacificamente. Ninguém esquece, muito menos deve ser esquecida a missão para a qual o presidente vai ser eleito, como já aconteceu com os deputados e governadores. 
                 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Nem tudo é fácil - Cecília Meireles.wmv



                       VIENA, FRANÇA E BRASÍLIA
          





          Iniciamos por Viena um passeio ao Velho Mundo: meu marido, eu, nosso filho e esposa. Quatro viageiros tomados pelo afã em ver de perto todos aqueles palácios, hoje museus; percorrer de ponta a ponta os belos jardins vienenses, que se perpetuam no tempo; andar por ruas tão bem arrumadas apesar da idade. E saber que desse cenário esplendoroso os Habsburgos comandaram por longo tempo toda a Europa é de causar espanto, no mínimo. Guerras não faltaram, duas grandes guerras, na história recente da humanidade, e não há prova melhor da fé e resistência do povo austríaco que a bela Catedral de Viena, salva dos bombardeios, quando tudo a sua volta desmoronou, a fé que sobrevive à destruição do próprio homem, que ergue civilizações, mas também não mede esforços para destruir o que cria de bom e de belo. Nem tudo, felizmente, e pudemos admirar a estátua em homenagem a Mozart, nesse berço dos mais extraordinários músicos de que se tem notícia que é a Áustria. Sem esquecer que ao pé do gênio da música clássica um porta voz da música baiana, como o argentino se dizia ser, tocou para nós seu tamborim, o que vinha fazendo pela Europa. Tais apresentações proibidas nas ruas de Viena, queixou-se o artista ambulante. Por fim, quão emocionante a visita que fizemos aos aposentos da bela rainha Isabel, conhecida mundialmente como Sissi, que todos pensam ter ela apenas conhecido o lado bom da vida, e saber, sim, da sua extrema vaidade, também do seu sofrimento, até ser morta por um fanático anarquista, que queria acabar a punhaladas com a nobreza existente no mundo, e não se intimidou diante de tanta encanto e beleza.    
       

          Seguimos para Munique de carro, desejo do nosso filho dirigir pelas estradas europeias. Uma parada em Salzburg, imperdível de se ver, e constatar o que acontece no interior das cidades europeias interessa tanto quanto o seu exterior, e que se saiba de antemão sobre os espetáculos e eventos, entre os quais o famoso festival de Salzburg, em setembro, ao qual Ângela Merckel sempre comparece ao lado do marido. E não haveríamos de chegar na capital cultural da Alemanha sem antes nos perder na estrada, o GPS que deixou de funcionar. Mas ao chegarmos eu pude dizer logo na entrada: “É a cara da riqueza!” O tempo logo ficou nublado e algo estranho pairou no ar, talvez a lembrança do passado nazista, que ainda faz sombra àqueles prédios do centro antigo, com uma praça em homenagem aos mortos no holocausto. Notório, todavia, o bem estar e progresso do povo alemão, a começar pelos táxis tão bem equipados, que promovem segurança e conforta a passageiros e motoristas, e como eles são honestos. Já os franceses!... Em viagem anterior, havia conhecido a encantadora cidade alemã de Heidelberg, especialmente famosa pela secular universidade, onde a filosofia reina soberana, e no século XX contou com a inteligência de Anna Arendt e Heidegger. Pretendia revê-la, mas ficou para outra vez
      

          Apenas dois dias na impecável cidade de Barcelona, capital da comunidade autônoma da Catalunha, local dos Jogos Olímpicos de 1992, e constatar as transformações que aconteceram na cidade para o evento tornando-a referência de modernidade urbana. Ocorreu-me então o pensamento que se eu fosse bem mais nova ia querer participar ali de algum intercâmbio cultural. Mas dizem que sempre é tempo...De Barcelona a Madri menos de três horas de viagem, nem sentimos o tempo passar no confortável trem-bala, transporte que seria ideal para a travessia entre Rio e S. Paulo, promessa da presidente Dilma Rousseff, que ela pode ou não concretizar, ameaçada que está de perder a reeleição para  Marina Silva, ou mesmo Aécio Neves, numa possível reviravolta... Em Madri parecia nossa  primeira vez, agora apreciando a cidade do sightseeing tour, com guia eletrônico na língua de cada turista, facilidade e luxo que não contamos anteriormente e faz as delícias dos que visitam a Europa, multidões vindas do mundo tudo. Quarenta anos depois, rever a bela capital da Espanha foi de uma felicidade indescritível, principalmente por estarmos, meu marido e eu, vivos e com saúde. No museu do Prado lembranças ainda vivas, apenas algumas mudanças que acontecem com o passar dos anos, lógico, mas lá estavam os mesmos e eternos Velasquez, Murillo, e tantos outros expoentes da pintura mundial.
       
         Inacreditável Toledo, onde passamos apenas um dia, cidade que no passado foi considerada glória da Espanha e capital da civilização, imortalizada por Cervantes, também o local que El Greco escolheu para viver no final da vida e tema de muitas de suas pinturas. Na época importante centro cultural, conhecido por sua tolerância religiosa onde coexistiam na santa paz comunidades de judeus e mulçumanos. Localizada no topo da montanha, Toledo é cercado de ruelas íngreme, onde artesãos se dedicam ainda hoje a seu ofício, e compramos um Quixote esculpido em madeira para enfeitar a estante do escritório, também uma pulseira com detalhes em ouro, por pouco mais de cem euros. Tudo uma carestia para nosso real, e o turista tem que evitar despesas supérfluas, o quanto possível, sem deixar de satisfazer certos caprichos, a oportunidade pode ser única. Avistamos de longe a cidade nova que cresceu do outro lado do rio Tejo.      
      

          Enfim Paris, e uma frase que escutei na infância nunca saiu da memória, o tanto que me impressionou: “Paris é bela, meretriz devassa, que estrebucha e dança sobre a latina raça. Alemanha burguesa honesta!” Comparação entre França e Alemanha feita em plena Segunda Guerra, causa perplexidade a forma como foi feita, quando sabemos hoje das atrocidades nazistas, antes ignoradas. A antiga fantasia teutônica, a falsa glória, tão ambicionada, e que não mais existe, na moderna Alemanha que adota a democráticas liberdade e justiça, e muito trabalho, que o anglo-saxão não pensam mais em dominar ninguém, além de si mesmo. A latinidade é que sofre problemas financeiros, fácil de resolver quando há paz. Assim é que Paris nos encantou num belo fim de verão e começo de primavera, o sol a brilhar sobre aquilo tudo, os prédios em impressionante unidade de estilo e beleza. E sentir o esplendor do Rei Sol Luís XIV, que ainda brilha por lá, mesmo que os franceses nesse século XXI sofram com sua economia, assim como os espanhóis, os portugueses e quase toda a Europa do euro, pedindo reformas econômicas. Na década de setenta houve mudanças pós-ditaduras de direita, oportunidade que tiveram os socialistas de assumir o poder, e o tanto que decepcionaram. Com moderna União Europeia foi adotado o liberalismo econômico, quando aconteceu o espetacular progresso dos países pertencente ao bloco, atualmente em crise. Por ironia do destino, a maior fonte de renda passou a ser o turismo, ao qual os europeus concedem regalias, antes impossível, por exemplo, uma turista ser medicada por um solícito atendente de plantão na farmácia, o meu caso, coisa proibitiva no passado...
     

          A grande novidade para nós foi a bela pirâmide de cristal que serve de antessala para o Louvre, tendo eu escolhido por acaso iniciar a visita ao museu pela ala em que estavam dois quadros de Vermeer: “A Rendilheira” e “O Geógrafo”. Pintor das minhas pesquisas, e seus quadros tão pequenos em tamanho, mas contendo extraordinária arte. Os quadros disponíveis para serem fotografados pelos visitantes devido à moderna proteção. A Mona Lisa de Leonardo Da Vince em uma sala imensa repleta de curiosos, é um espetáculo à parte. Alta temporada, e gente de todos as raças, de todos os cantos do planeta estavam de férias em Paris. Nos Champs Èlysées as mulheres asiáticas em seus trajes de luxo, ou cobertas pela burca passeiam e compram, compram, inclusive roupas íntimas, fascinadas pelo luxo ocidental, o que dizem delas. A cultura é para todos, indiscriminadamente, e na pequena igreja San Julian Le Pauvre, ao lado da rica Nôtre Dame, assistimos um concerto de piano, mas no auge da performance do pianista, inesperadamente, um casal atravessa sem cerimônia o recinto, passa em frente ao artista interrompendo sua apresentação. É o caso de ter cuidado sobre o lugar onde se pisa, ou melhor, informar-se antes de adentrar  um recinto!... Em Saint Michell os turistas matam a fome de cultura, e a fome propriamente dita, nos muitos restaurantes existentes, ou compram panquecas nos puxadinhos para degustarem andando de um lado para outro, sem perder tempo e mais barato. Paris é tudo isso e muito, muito mais.
       
          Apenas dezoito dias na Europa, e estávamos de volta ao nosso Brasil. Chegar em casa é uma boa sensação, melhor ainda ao sentir que nossa bagagem está bem maior do que ao partirmos, e não devido a produtos de consumo. Trata-se de cultura. E já começamos a pensar em novos roteiros. Estados Unidos, ou Inglaterra e Bélgica? Quem sabe os dois? É nos dispormos a viajar, que o tempo urge.