sexta-feira, 31 de dezembro de 2021


 



                                                      CRÉDITO E DÉBITO

 


S. LUIS - MA.


Peça fundamental na contabilidade é o balanço, onde são colocados os créditos de um lado e os débitos do outro, e que haja equilíbrio nas contas ao final de cada dia, mês, ano, pela vida afora. Haja saldo positivo e não prejuízo, o que importa numa empresa. Também no que diz respeito à vida pessoal quando contabilizamos nossas despesas, que devem estar em consonância com nossos ganhos. Não apenas no que diz respeito aos bens matérias, também quanto ao espiritual, emocional, e por aí vai.

Ter crédito é mil vezes melhor que estar em débito. E quase sempre estamos com nossas contas em desequilíbrio, inclusive, tem gente cujos débitos excedem em muito os créditos que possam ter. E nem se dá conta disso. Certo que um dia a pessoa tem que acertar o que deve e receber o crédito que lhe é devido. Lógico que muita coisa vai ficar a fundo perdido, sempre possível a compensação. Nem tudo deve ser levado a ferro e fogo.  




Neste fim de ano de muitas perdas, eis que falece Lya Luft, autora do Best-sellerPerdas e Ganhos”, entre outras obras, que fazem parte da nossa fundamental literatura. Grande perda, nos restando apenas os ganhos de um legado especial de leitura e formação.

Fim de ano, um bom momento para acertar intimamente nossas contas.  




domingo, 19 de dezembro de 2021

 


                                                     RECEITA DE FAMÍLIA

 

Imagem do Facebook



              Todos conhecem uma receita de família, na culinária, e tudo o mais, que diz respeito à vida. Tem aquela medicina familiar, remédios caseiros, de grande utilidade. Receitas para alimento e alívios das dores do corpo, que passam dos pais para os filhos, geração após geração, infalíveis para promover a saúde física. Em especial, há aquela magia familiar para alívio das aflições da alma.  Guardada no fundo do baú da memória, às vezes, esquecida, de repente, uma receita é lembrada, seus ingredientes e modo de fazer. E a especial receita de fé esperança e caridade, para sempre lembrada.  

           Fórmulas quase mágica de viver possuem as famílias. Aproveitar essa experiência de vida é pura sabedoria. Para fazer aquele prato especial temos que escolher produtos de qualidade, em quantidade e peso certos, que estejam dentro da validade. O forno aquecido na temperatura ideal. Trapacear, em qualquer dos itens necessários para o sucesso da receita compromete o resultado. Se a massa ficar espessa demais o bolo pode solar. Se mole demais, é sinal que o creme desandou. Com a vida não é diferente. 

         Colocar mais farinha ou fermento não resolve, nem adicionar algo a mais da conta, ou menos Os cuidados que se deve ter desde o início, tendo em mãos os ingredientes devidamente escolhidos, pesados, e atender ao tempo certo de preparo em cada etapa. Penso em minha avó, seu amor pela vida refletia-se em seus interesses e realizações no seio do lar. Além de afeita à culinária, tinha como hobby a leitura, sem deixar de cumprir suas obrigações para a religião professada. Reservava especial consideração a todos, sem discriminar as pessoas, e penso que nem lhe passava pela mente tal atitude do capeta, ter preconceito. Sempre atenta ao que acontecia a sua volta dona Carmem Dias era antenada, como se diz atualmente. 

           A sorte de se ter uma boa receita de família, herança para não ser desperdiçada, mas aproveitada nessa nossa empreitada de vida. Com possibilidade de ainda melhorar a receita. E haja todo empenho no cumprimento da nossa missão na família, e onde quer que estejamos presente.  Depois de um longo tempo de pandemia, ainda em curso, tenhamos esperança de dias melhores. A experiência da dor sirva para termos mais e mais respeito pela vida.

 RENOVO VOTOS 

DE FELIZ NATAL 

E BOM ANO NOVO!


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

 FELIZ NATAL !

 BOM ANO NOVO !



                                                        HAJA BOM TEMPO

                    



                       “Na juventude eu brigava por igualdade, queria participar do jogo dos homens, mas na maturidade compreendi que esse jogo é insano, está destruindo o planeta e o tecido moral da humanidade”. Palavras de Isabel Allende, no início do seu livro Mulheres de Minha Alma, que tem o subtítulo Sobre o Amor Impaciente, a Vida Longa e as Boas Bruxas, escrito e publicado em 2020, em plena pandemia do coronavírus.  A escritora chilena não deixa, todavia, de conclamar em seu texto as mulheres a se “conectarem entre si”, e cita Adrianne Rich, poeta americana feminista, segundo a qual “as conexões entre as mulheres são as mais temidas, as mais problemáticas, e a força potencialmente mais transformadora do planeta”. Atitude que “deixa os homens desconfortáveis” confessa Allende. 

                             Certo que os homens fiquem desconfortáveis com as mulheres reunidas para a guerra, quando a paz seria a real vocação feminina. Penso que é uma questão de educação, ou melhor, de formação, certo que as mulheres já conseguiram espaço fora do lar, por sinal o lugar onde eram consideradas rainhas. Ainda que houvesse dramas familiares de violência contra a mulher, elas  geralmente tinham uma vida boa de viver. Hoje competem com os homens em todos os campos, como profissionais, o que é normal, mesmo que as feminista, bem como os machistas se vejam como inimigos. Mas há possibilidade de maior união entre os dois gêneros, sem a qual será cada vez mais difícil o almejado sucesso pessoal e social. 

                         Verdade que as atuais feministas ainda querem se igualar aos homens nos seu machismo. Mas Allende, na altura dos seus mais de setenta anos, despida da capa feminista, diz nas derradeiras páginas do seu livro que as mulheres o que querem é "um mundo amável, onde impere a paz, a empatia, a decência, a verdade e a compaixão". Justamente o que prega a fé cristã, que moldou uma civilização, com base no respeito entre as pessoas, que devem também respeito para com as demais espécies e para com a natureza. A mulher com o direito, e especial dever  de cultivar sua fé em Deus e também no seu companheiro de jornada. Converta-os, e se convertam, se for preciso. 

                     Que as mulheres aceitem seu real papel na sociedade, ou seja, ao lado dos homens, não no lugar deles, nem eles no lugar delas. Lutem por si e por todos, como souberam defender e lutar pela família no passado. Cabe ao ser humano o exercício de sua humanidade. Nem machismo, nem feminismo, nem esquerdismo, nem ateísmo, e por aí vai. Humanismo sempre. Os dias valham a pena serem vividos, sem tanta pressa, insegurança, e sem desejos absurdos. Haja bom tempo, e possamos ver o mundo menos enfarruscado que o da atualidade. 


quarta-feira, 8 de dezembro de 2021


 

 


                                               A ÁRVORE DE NATAL                 

 



                  Idade do Bronze, civilização Minoica, religião matriarcal, início da civilização, que vai se desenvolver lentamente. A partir de 1400 a. C. os minoicos foram assimilados pelos micênicos, seres mitológicos, a produção agrícola integrada à arte. Mitológica civilização grega, e em Creta dão-se os primeiros embates dos baixos instintos frente ao comportamento civilizado. Shakespeare em Sonho de uma Noite de Verão busca a tradição greco-romana, que é cristã,   interpreta o que se passa na Inglaterra em transição para os novos tempos. Em Creta, Teseu, heroico fundador de cidades, contrata casamento com a cobiçada Hipólita, rainha das guerreiras amazonas.   Outras bodas devem acontecer conforme desejo do noivo. Os dois casais, Hérmia e Lisandro e Helena e Demétrio, vão se desentender no processo.

                   É o auge dos preparativos para as comemorações das bodas em Atenas, e as duas personagens femininas tornam-se inimigas por algum tempo, quando os  eleitos deixam de corresponder aos seus apelos. O amor de Hérmia é correspondido pelo eleito Lisandro. Já Helena  tem que lutar por Demétrio. Acontece que Demétrio ama Hérmia em vez de Helena, amor de Lisandro.  A dionisíaca paixão que antecede a visão apolínea e sóbria da vida. As personagens femininas estão seguras do seu amor, ao contrário das masculinas, que são levianas. A hegemonia é masculina, e Egeu, pai de Hérmia, quer o casamento da filha com Demétrio em vez de Lisandro a quem a filha ama, e é correspondida. O casal resolve fugir para a floresta após o veredito da obediência, ou a morte para Hérmia. 

                    Na floresta do mitológico duque de Atenas, ou seja, no reino da fantasia, com intuito de participar dos festejos das bodas reais, um grupo de simples artífices ensaia uma peça que é uma versão sobre o amor romano de Píramo e Tisbe. A tradição é romana, e é de propósito que a representação seja ali, ao pé do carvalho do duque de Atenas. Por sua vez, Puck vai interferir com sua magia para que se resolva o impasse amoroso. Será grande a confusão  que o espírito natural vai fazer. A poção mágica não vai ser colocada no olho de Demétrio, mas no de Lisandro, que, ao acordar enfeitiçado, deixa de amar Hérmia, e cai de amores por Helena.  

                 Primórdios do helenismo, dos impasses histórico, antes do advento da civilização cristã.   E bem longe estamos hoje dos rituais pagãos que aconteciam embaixo das árvores. Sabe-se que antigos sacrifícios humanos aos deuses pagãos eram realizados ao pé de uma árvore. Antes dos  cristãos chegarem para erguer mosteiros e catedrais no lugar dos sacrifícios humanos Hoje as crianças,  em vez de sacrificadas, alegram-se com os presentes deixados para elas embaixo da árvore de Natal.

FELIZ NATAL !


domingo, 21 de novembro de 2021

Paso Doble, sur "El Hijo de Dolores" (La Chance aux Chansons)

 



                  NÃO SOMOS DESVALIDOS

 



Cá estamos, chegados de pouco nesse mundo de espetacular progresso, também de grandes tragédias. Ainda em meados do século XX, época da minha juventude, contávamos com alguns benefícios, e já achávamos ótimo o rádio, e os remédios para amenizar as dores. Diante de tão grandes avanços na saúde, da fantásticas descobertas científicas e tecnológicas, podemos hoje gozara uma vida bem mais confortável e longa. A natureza sempre pródiga, de onde tiramos tudo para nossa sobrevivência, e até do ar que respiramos são captadas as ondas para essa fantástica comunicação da qual nos valemos na atualidade. Modernidade boa essa de agora, sem esquecer que nem tudo é essa maravilha, que a gente pensa que é.

Somos hoje quase dois dígitos de bilhões de habitantes ocupando um terço da terra, o resto é mar e gelo. E faz tempo que o planeta sofre a ação do homem, que suga o que pode  também o que não devia explorar. E não seria exagero dizer que chegamos ao século XX encurralados, a exemplo dos desastres ambientais, que tornaram-se mais e mais frequentes, a maioria provocada pelo homem, com seu poder de destruição. Deitado em berço esplendido, relaxado, para gozar, tanto quanto para tripudiar.  Ora parecemos gênios, ora loucos, desvairados. Ou simplesmente somos irresponsáveis, mal educados, folgados, frustrados e etc. A irracionalidade prestes a tomar as rédeas de nossa vidas. E vamos em frente com nossos breves prazeres e as mais duradouras penas.

Pensar e agir como desvalidos é uma contradição, já que somos dotados da razão. Mas dos bens ao nosso dispor, para que sejam consumidos com responsabilidade, o que fazemos? Desperdiçamos sem parar. A moda agora é se queixar de tudo, até mesmo se desesperar quando as coisas não andam como se quer, por exemplo, quando o celular deixa de funcionar porque a carga acabou. E tudo acaba como sabemos. No caso, porque deixamos de carregar a bateria. E se nos descuidarmos do essencial pode acontecer até mesmo uma tragédia. Enquanto isso corrermos desvairados em busca de mais e mais prazeres, que amamos mais que a própria vida. Mas será que estamos aqui para o simples gozo? Vai entender esse ser, que somos nós, os humanos! 

No mínimo por precaução, devíamos estar atento em sentir a vida, como deve ser sentida, e ela tem um sentido. Tem gente que se declara ser isso e aquilo, menos gente de verdade. Na realidade carentes criaturas, sem consciência de suas próprias vidas, nem da realidade da vida terrena. Simplesmente não avaliam nada, acham melhor gozar os restos desse nosso mundo de excessos. O auge, e já a decadência. E a moçada o que devia era aprender que tem que se educar, e, em especial, cultivar a boa vontade. Digo boa, porque hoje o que há é má vontade, ou falta de respeito, desonestidade. Os jovens reclamam de serem pressionados por todos os lados, mas o mundo é para estar ao seu lado, e não contra eles, como acontece atualmente. 

Saudade de quando havia esperança e boa vontade de fazer a vida valer a pena. E fizemos. Mas como aceitar umas tantas coisas que se propagam por aí? Tripudiamos contra nós mesmos, enquanto nos mimamos desse jeito. Há uma saída para o suicídio da humanidade, que ora se esboça? Lógico que sim. A começar pela esperança. Lembram da caixa de Pandora? A esperança ficou no fundo da caixa quando os males fora espalhados pelo mundo!  

A vida clama por nosso particular comprometimento.


domingo, 14 de novembro de 2021

 


                                                  DEUS NOS ACUDA!

 



      Houve um tempo em que “ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore” era o que todo mundo sonhava realizar na vida. O sentido era de preservação da espécie, da inteligência e da natureza. O bom senso como água de uma nascente, pura e cristalina - água de beber. As fontes preservadas de contaminação. A vida não era fácil, mas havia confiança no futuro, pensado com otimismo, na medida certa. Aprendíamos o que era certo e errado, e ponto.

      Hoje a procriação foi parar nas clínicas de inseminação artificial, a educação não tem mais o merecido respeito, e o que se faz é deseducar as crianças, com tudo que grassa por aí. O nós, seres humano, em vez de conservar a riqueza natural desse lar primordial, que nos abriga, virou um predador do planeta. Não há dúvida que nossa atuação extrapolou o devido. Embora a vida moderna seja confortável, como um sofá na sala, e nós, passivos e impotentes diante da televisão, que nos dita modos de vida.

      O muito que se perde, ao deixar de lado o saber, ao destruir os bens naturais e culturais existentes. O saldo já está no negativo. Há urgência em repensarmos esse novo viver atual. Sonhos, que estão mais para pesadelos. A dita pós-modernidade e seu laicismo, propondo jogar no lixo o que existe de civilização. Para começar o que, caras pálidas? Gente sem noção, que se perde, se afoga, nesse mundo do “super” e do “mega”, ou dos excessos.

     No princípio era o caos, que teria ficado para trás, na ordem divina. Acontece que essa desordem atual, em vez de nos fazer retornar ao caos, nos remete ao nada.

       Deus nos acuda!


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

 



                              QUE OS REMORSOS NÃO SEJAM MAIORES QUE AS ALEGRIAS

 

FINAL DA TARDE EM S. LUÍS - MA. 


            Há pessoas que olham para traz e sentem remorso por tudo que deviam ter feito e deixaram de fazer. As mulheres por não terem atendido a família em suas expectativas, principalmente quanto aos filhos, a quem acham que deviam ter dado mais atenção e carinho. Os filhos e demais pessoas ao seu redor tiveram que cuidar de si mesmos enquanto elas estavam na correria para dar conta dos compromissos fora de casa. O consolo é que tornaram os familiares mais auto suficientes e independentes. Interferir de menos, ou de mais na vida dos filhos pode não ser a melhor forma de agir de uma boa e corajosa mãe. Não calar quando deve falar, saber  escutar. Normal que as mães não tenham todas as respostas para dar aos filhos, e acreditar que muita coisa se resolve por si mesmo, e com o tempo. Conquanto seja  mais seguro uma mãe ter em mãos as rédeas da sua vida e da família. 

                Parece incrível, mas há mulheres temerosas quanto ao olhar inquiridor pousado sobre elas, que as façam se sentir inadequadas para a vida profissional, até mesmo para a função de mãe. Outras, ao contrário, querem ser sempre o foco das atenções, e procuram agir conforme esperam delas, cumprindo à risca o que “dita o figurino”, inclusive o figurino mesmo. Melhor assumir seu o papel na sociedade com  responsabilidade, e menos covardia. Responsabilidade, que não é a mesma coisa que maldade. Existe, sim, as malvadas, que só pensam em ser as queridinhas, deixando os filhos fazer o que  querem. Ficam no maior padecimento para atenderem as cobranças, e acabam por achar que os outros são uns ingratos.  E há aquela a mulher digna de inveja, por sua fórmula infalível de conduzir a família. Acontece que as supermulheres nem sempre se dão bem ao término da empreitada. 

               O que se vê hoje é uma moçada já com certa idade e ainda dependente dos pais para tudo. Pior são os filhos soltos por aí, nesse mundo tão perigoso em que se vive. Alguns filhos atualmente casam e acabam voltando ao antigo lar. Não aguentam as responsabilidades? As pessoas hoje mais complicadas, as relações idem. Poucos os fáceis de gostar. Pairar sobre as ondas e surfar em mar agitado é difícil para todos.  Ser boa gente. Certo que tudo corre melhor para o bom estrategistas, não apenas nas finanças, também no que diz respeito à família e na vida social. Um ponto nevrálgico, o dinheiro, de grande peso para uma suposta felicidade, que seja na medida certa para suprir as necessidades, e um pouco mais. Contar com a religião é fundamental. E como é importante ter o porto seguro de uma boa família. Não tem nada que substitua a a família e o amor que ela inspira. O mundo cada vez mais difícil de se viver. 

                 O sonho de fazer parte de uma sociedade mais amigável. A mulher aceita  nas suas atividades fora de casa, e bem preparada para exercer sua função na sociedade. A procriação faça parte de suas cogitações, assim como sua realização profissional. A natureza é sábia, e a mulher foi criada para a função de mãe, sendo importante evitar as falsas expectativas, e essa mãe moderna não seja pior que as antigas mães de chinelo na mão. Cuidado, que hoje em dia é crime bater nos filhos! Traumas e inseguranças todos têm, e mesmo que a mulher esteja quase sempre certa, ela não é a dona da verdade. E homens e mulheres falem claro e tenham firmeza em suas decisões, os pais ensinando seus filhos agir de igual maneira. Esconder o jogo, acovardar-se, não ajuda em nada. Mulheres, assumam-se, e deixem de reclamar da vida. Homens cumpram seu papel. Que os remorsos não sejam maiores que as alegrias.   


Relembrando os bons tempos do passinho.

Concerto de Nelson Freire em Brasília - Completo (17.01.2019)

 

                               MADURA AFINAL

 

RUA GRANDE - S. LUÍS MA.


              Anunciado o fim da segunda guerra, comemorava-se a paz a as mudanças que viriam. O melhor de tudo, as liberdades individuais, a reboque do extraordinário avanço em todas as áreas do conhecimento. As garotas no comando de suas bicicletas vivenciavam o início desse mundo em transformação. E ainda que sonhassem com sua festa de 15 anos e o baile de debutantes, era certo que entrariam para a faculdade, para seguir carreira em alguma profissão. Bom acreditar que ia valer a pena experimentar o que vinha pela frente.

              Estudar, trabalhar, casar, a última opção ainda em detrimento das demais. Daí para frente era lutar para que tudo desse certo nesse novo tempo, as mulheres na conquista do seu espaço fora de casa. Elas ainda não queriam ser iguais aos homens, mas sabiam dos seus direitos de crescer confiantes no futuro. Sem essa de padecer no paraíso, nem tampouco no inferno, que seria um mundo despreparado para receber tão importantes colaboradoras. Na década de cinquenta e sessenta poucas as mulheres pensavam em planejar a natalidade, mas as mudanças caminhavam em direção ao bem estar da pessoa em particular, numa bem constituída sociedade.  A procriação que nunca esteve fora de suas cogitações, mesmo que não se realize. As mulheres com receio de ter filhos em um mundo tão difícil de se viver como o atual. As mães de hoje não se sabe se melhores que as antigas de chinelo na mão. Cuidado, que hoje em dia é crime bater nos filhos!    

            Madura afinal, tanto a mulher quanto a sociedade, com a efetiva ajuda do homem, claro. Século XXI, aceitar as diferenças, e se houver intolerância, que seja contra o erro, contra o que é falso. Os avanços sendo bem avaliados. E não seja conflituosa a relação entre o ser humano, constituído de corpo e alma e o progresso material. E para que haja sucesso na relação, não basta o desejo, a paixão, mas que se reflita bem sobre o que realizar juntos. Assim como acontece com o casal de nubentes.  O amor, a vida, preservada de todo mal. Amém!

         Como costuma dizer o padre celebrante do casamento aos presentes, antes de dar a bênção aos noivos: “Se houver algum impedimento que falem agora, ou calem-se para sempre.”  

terça-feira, 9 de novembro de 2021

 


 

 

                                                                LUTO

 



 

Examinemos o objetivo primordial da arte, que seria o de transmitir os mais elevados sentimentos, o que a humanidade atingiu em sua consciência religiosa, a exemplo das extraordinárias composições de Johan Sebastian Bach. O conteúdo infinitamente diversificado e profundo da arte clássica, da beleza artística em todas as suas formas. A arte tornou-se extravagante e pouco clara, deixou  de ser sincera, ficou artificial, cerebral, de conteúdo empobrecido, para fins de produto de consumo. Tudo isso para atingir mais facilmente as pessoas, que passam a  experimentar sentimentos deturpados. Modo pelo qual muitas crianças e adolescentes vivenciam fortes sentimentos, de forma distorcida.  

A busca por um sentimento inteiramente novo tem efeito forte  em todas as faixas de idade. Mas nem tão novas são as emoções que transmitem  as atuais músicas, e seus autores, na busca por atingir o público jovem, cantam dores que na verdade desconhecem. Marília Mendonça, uma jovem mulher, “mal saída dos cueiros”, como se dizia tempos atrás, era conhecida como Rainha da Sofrência. Sua morte prematura deixa uma legião de fãs na dor do abandono. E ainda que desconhecida por parte considerável da população, a cantora e compositora fez o país sofrer de verdade após a divulgação da queda do avião, que a levava para uma apresentação na cidade mineira de Caratinga. Aos 26 anos Maria Mendonça dava continuidade a um talento musical, que iniciou aos 12 anos. Inacreditável ver o pequeno avião caído sobre as pedras de uma cachoeira, próxima da pista de aterrissagem.  

Deus guarde a alma de Marília Mendonça.

 


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

 


                                 MEU TIO JÕAO





 

Meu tio João era engraçado, tinha sempre alguma história para contar, e acho que rir para ele seria uma saída para as horas de tédio, ou algo assim. Década de cinquenta, os habitantes de S. Luís, na quase totalidade, estavam nas ruas para acompanhar em procissão a imagem de N. Senhora de Fátima, vinda de Portugal, que visitava o Brasil pela primeira vez e estava na capital maranhense, um grande acontecimento.  Findo o evento, todos em casa reunidos comentavam o sucesso do acontecimento religioso que emocionou a cidade, encheu os corações de fé e esperança, só comparável à visita do papa João Paulo II, décadas depois. O tio  era um católico relapso, como o mesmo dizia, mas estava presente naquele dia memorável, assim com os demais membros da família. Contou então que ao seu lado iam duas senhoras contrita acompanhando a reza, até que começaram a reclamar dos empurrões, da falta de educação dos presentes àquele acontecimento especial de devoção, merecedor de maior respeito dos maranhenses. De repente, uma das senhoras foi empurrada e caiu sobre a outra, que revidou revoltada: “Você também, Camélia,...que tal, que bruta!”

A gargalhada foi geral.  


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Katarzyna i Mateusz Pierwszy taniec

 


                                      TEMPO DE NOS SALVAR

 




         No mundo contemporâneo há uma inusitada obsessão por qualquer coisa, “causa”, certamente para suprir o vazio, que já faz parte da atual vida estressante, de busca insensata.  Não chegamos ao paraíso, perdido faz tempo, ao contrário, estamos em um estágio de abandono e tédio. Um materialismo arrogante suga tudo, em troca de grande insatisfação. Esse dito homem moderno, ambicioso e ansioso, já ultrapassou os limites do bom senso, mesmo tendo alcançado alto nível de progresso material, e frustrações, nunca antes experimentadas.

        No momento, os líderes das nações desenvolvidas estão reunidos para o G20 em Roma. As tratativas sobre o aquecimento global e a destruição do planeta, com vista a salvá-lo, e a nós humanos, enquanto é tempo. As promessas são pífias, e nem sempre cumpridas. O Vaticano, sede de uma religião milenar, ali perto, aponta um sentido para a vida, uma versão benigna do estado de bem-estar de felicidade, com pessoas em busca de alento na família e na profundidade religiosa. Diferente da superficialidade e intensidade contemporâneas. O mundo hoje superpovoado, com gente dedicada ao consumo de coisas e mais coisas, numa compulsão. A espiritualidade consumida modernamente como um produto qualquer, comercializado com má-fé. 

       Bem verdade que as mulheres são hoje mais valorizadas, diga-se, mais como profissionais competentes, e menos como mães. E o que se vê é uma gente frustrada, as mulheres no desejo de terem ao menos um filho, para que não esqueçam quem são, e já esquecidas. Os homens sem muito empenho em fecundar as mulheres, para não se comprometerem, nem tirá-las do mercado de trabalho. A vida instável e estéril. E apesar das feministas, ou por conta delas, o mundo continua machista. A culpa  vem lá de trás, quando a mulher era mantida em casa, procriando sem parar, em vez de fértil na medida certa, o que disse o papa Francisco em sua visita a Tailândia.

          O tanto que a mulher se empenhou para povoar o mundo, e havia chegado o momento de libertação. A visão real diferente da visão ideológica, inclusive no sentido da procriação. Os futuros pais convictos dos filhos que querem ter, em vez de tratarem da simples sobrevivência da espécie. Reduzir a prole a níveis compatíveis com a oferta de bens disponíveis na natureza para serem consumidos. Mas aceitar a realidade requer maturidade. Rapazes de tão boa compleição física, adquirida à custa de muita vitamina e também nas academias, e o há é uma certa desconfiança pelo que são de verdade, acrescidos do preconceito que têm para com os mais velhos.

         Foi nos anos 60 que surgiu a ideia de que os jovens iam inventar um mundo melhor, mas o que surgiu foi uma geração de retardados mentais em termos morais. Hoje um grande contingente de jovens, que não tiram os olhos da tela do celular, onde o que mais se vê é uma exposição de vaidade. Homens e mulheres pouco dispostos a contribuírem de verdade para um mundo melhor  - ou seja, o mundo possível segundo Leibniz.

          A formação é que nos define. Não nascemos prontos, em cada pessoa um potencial evolutivo, e o livre arbítrio, para seguir em direção ao conhecimento, à sabedoria, e não se tornem retardados mentais. E sejam todos cumpridores dos claros desígnios de Deus, gravada na alma imortal a consciência humana do que é certo e errado. E em sua honra o mundo possa gozar da almejada paz e prosperidade para todos, na harmonia pessoal e social. Com respeito e sem preconceito.     


terça-feira, 2 de novembro de 2021

 

FINADOS

                                                           

 

                                   
                                    RELIGIOSIDADE

 





        Há mistérios no universo sondáveis, e também os que não se pode de todo desvendar. Pulsa a vida no planeta terra, com o fascinante ser humano, de tão vasta e complexa biologia e psicologia. E mesmo que seja audaz essa   sua mente, dita racional, pouco o homem conhece o que há por trás de tudo que vê diante dos olhos, que sente, e ainda mais o que está fora desse sua limitada percepção. Benigna e maldosa racionalidade, que através dos sentidos tem desvendado muita coisa. E muito ignora o homem com suas limitações sensoriais, até mesmo o confunde com sua astúcia mental. Confuso seu inconsciente, e pouco adianta querer invadi-lo, os resultados são pífios, até mesmo desastrosos.

         O ser diferenciado que somos,  possuidor de uma mente, que se instrui pelo conhecimento, e também dono de uma alma, que se forma ao longo da vida. Bom demais contarmos com a fé religiosa, que tem Deus como autoridade suprema, atualmente, com a missão de preservar o homem dos ataques da sua razão materialista.   Benigna e santa religião que nos faz vivenciar da melhor forma os anseios da alma, e se curem as dores do coração. E não se perca a inocência aos avanços da racionalidade, que procura dominar por completo a mente. E pior, tenta dar sentido à vida através da satisfação dos desejos.

        O maior bem da criação somos nós, a depender de como cada um se  conduz. Até a plena realização da condição humana, no que ela tem de sutil, de imperceptível, além da vida material. Há descobertas científicas com a pretensão de ignorar tempos férteis da inteligência, com foco na espiritualidade. Uma feliz infância, quando éramos mais felizes, o que agora sabemos, com uma fé que acompanhou o homem até aqui, mostrou-lhe a verdadeira humanidade, civilizou-o, para que atravessasse a existência com dignidade.

        Carta de navegação, bússola, farol, para guiar o navegante nesse mar de complexidade que é o mundo, assim é a religião. Oferece instrumentos para que se tenha consciência da maravilha que é o plano de Deus, ou seja, a realização plena do ser. Amar incondicionalmente tudo que lhe cerca, em especial, ir ao encontro de si mesmo, na certeza de que o sentido da vida é único.  Da maior importância, manter-se o homem atento, ligado, “conectado”, não apenas no sentido moderno da palavra. Verdade que as melhores condições de uma vida feliz têm os que perseveraram na fé, que aprenderam em criança com a família e em colégios religiosos. No respeito para com a Vida, tendo fé, esperança e caridade. Deus no comando.

 

 



domingo, 31 de outubro de 2021

 


   
                                          DOIS BRUXOS MARAVILHOSOS!

RITA LEE SÓ DE VOCÊ

    

BRUXA DO BEM!

 

                    SEMPRE MEMÓRIA

 

 


 

                 Na época de Ilza, tia de Maria, o gosto das moças para leitura estava focado nos romances de M. Delly, pseudônimo de um casal de irmãos, livros encontrados na estante dessa tia, assim como outras obras de igual teor. Em maior destaque as obras de José de Alencar. O tio João repudiava  leituras melodramáticas, e dizia para a sobrinha, aos  onze anos: "Nem ‘Escrava...ou Rainha?’ NemO Tronco do Ipê’, viu mocinha?” Tais leituras seriam propiciadores de amores inadequados. Ele tinha um pequena biblioteca, com obras de maior peso literário. Aos quinze anos, quando Maria convalescia de uma tardia catapora e leu Crime e Castigo de Dostoievski e Anna Karenina de Tolstoi. Tentou ler Nietzsche, Assim Falava Zaratustra, e esforçou-se para entender Platão em O Banquete e a obra Pensamentos de Pascal. Quanto aos livros de autoajuda, Napoleon Hill e Dale Carnegie, não obtiveram seu interesse.

        Do pequeno acervo do tio João guarda a sobrinha, Maria, uma relíquia: Ética, de Espinosa, que hoje faz parte da biblioteca, sua e do marido, bem mais cheia de livros. Desse mesmo tio lembra ainda da vitrola que  ele trouxe de uma viagem de trabalho no Rio, onde rodavam os discos vinis. Caruso com seu vozeirão, que diziam ser capaz de quebra cristais, também a empolgante Polonaise de Chopin, e para jamais esquecer, a canção La Mer, que Maria acompanhava com seu francês arrevesado. Esse tio João esperou a vida toda ficar rico para casar, sem precisar auxílio da família da moça, o que ele falava, e  acabou solteiro. Tentou negócios que não deram certo, deixando um bom emprego para trás, e ótimas pretendentes. Vestia-se bem, seus ternos de tecidos de algodão da melhor qualidade e de cor clara,  sendo engomados por uma profissional de alta competência, apelidada de Sua Graça, palavras da mesma pessoa, que perguntou elegantemente ao chegar para o primeiro dia de trabalho: “Qual a sua graça?” Ela indagava o nome da avó branca de Maria, que ficou feliz de ter em casa uma pessoa tão elegante no falar e tudo o mais digno de destaque.  A engomadeira da "cor de azeviche", conforme a poética.   

 

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Em quatro cadernos escolares Maria fez seu aprendizado para o exame de admissão ao curso ginasial, que tinha a dureza de um vestibular. Aprendeu ali a gostar de resolver problemas matemáticos. Exemplo: A distância entre duas cidades é de 800 km. Um trem com velocidade constante percorre em 3 horas os primeiros 120 km. Quanto tempo levará o trem para percorrer os quilômetros restantes? Era fácil. Difícil era ir ao colégio Marista, assistir a representação dos rapazes, o convite feito por Leila para verem seu irmão no papel de Hamlet. A religião menos mística e mais artística, a arte como a “manifestação desenvolvida do amor e da verdade que se busca na face da eternidade”, o que o padre disse na ocasião.

 

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                      Procurar trevo de quatro folhas no jardim da mãe Carmem era uma diversão para Maria nas tardes ensolaradas da capital maranhense. Algumas  tardes ocupada nessa tarefa, enquanto cantarolava: “Eu vivo esperando e procurando um trevo no meu jardim. / Quatro folhinhas nascidas ao léu / E me levariam pertinho do céu. A meia-morada da família transformada em bangalô, com um pequeno jardim cuidado com esmero por essa avó. S. Luís sendo modernizada, quando ainda não tinha sido elevada a  Monumento Universal de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio da Humanidade.

 

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                 A feminilidade em épocas passadas considerada um bem, apenas pela procriação, mas tinha outro lado, fragilizar as mulheres. Os órgãos reprodutores benfeitores, ao mesmo tempo algozes. Qualquer mal-estar que tivessem as filhas de dona Florinda, ela dizia que era por conta dos ovários. Não só essa mãe culpava os ovários por tudo, mas as mulheres estariam sujeitas, por sua condição, por seus ovários, a uma vida de dores e sofrimentos, e a um passo da santidade preconizada pelo catolicismo mal interpretado. A filha mais velha dessa senhora, inteligente, estudiosa, acusada de “podre dos ovários”. Os ovários e o útero ligados às doenças da alma, aos distúrbios emocionais. O cérebro fazia o contraponto, do qual a mulher não podia se valer, por ser considerado um inimigo poderoso para quem devia cultivar a bonomia. Algumas mulheres realmente possuidoras de uma placidez bovina, de grandes ancas, mas por conta da inatividade, da gordura acumulada, ou de doença endócrina, mas consideradas perfeitas representantes femininas. Em futuro não muito distante, as mulheres seriam colocadas no outro extremo, cultoras da magreza, em um contexto de mulheres estressadas, anoréxicas.

 

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         Por convenção, modismo, houve a geração de mulheres que jamais admitiu ter saúde. Gabavam-se de ter a vida por um fio. Obrigadas à inatividade, se faziam de doentes para legitimar sua fraqueza, para ser interessantes, até para se livrarem dos assédios dos maridos e só assim evitar sucessivas gestações. Elas escondiam a fortaleza nos desmaios. Geração após geração de mulheres sem vontade própria, nem disposição para enfrentar a vida fora de casa, o que não seria nada fácil naquela época. Discriminadas, aceitavam tudo pacificamente, ou passivamente,  antes da emancipação feminina. O que não mais se vê nos dias atuais, apregoar como real vocação da mulher cuidar apenas da casa e dos filhos. O certo é que as mulheres das gerações passadas eram uma fortaleza em todos os sentidos. Só não podiam se orgulhar da capacidade mental que tinham.

 

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               Telefonia e telegrafia precárias, e quando pessoas conhecidas faleciam em outro local, aconteciam mensagens telepáticas, consideradas normais, nada do outro mundo. E uma maneira simples de se livrar das dores era através da homeopatia, na casa de Maria os incipientes medicamentos tirados de uma preciosa maletinha de doutor do homeopata amigo da família. Não muitas as dores da infância, e as mulheres até inventavam alguns "achaques" para impressionar e serem tratadas com mimos, o que sempre importa em caso de doença. A ciência sendo aperfeiçoada para combater mais efetivamente os males do corpo e da mente, que da alma, o que se fazia era recorrer a Deus, e com sucesso. Alvissareira promessa da ciência de uma vida humana prolongada, quase sem sofrimento.

 

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                Na condição de racionais, o que as pessoas sabiam era que seus atos deviam ser pautados na reflexão. Decisões tomadas conscientemente sobre o que se queria da vida, não obstante muitas coisas aconteçam independentes da vontade de cada um. Trabalhar a favor e não contra, ter responsabilidade para consigo mesmo e olhar pelos outros seres, principalmente, os semelhantes. Seria uma resposta sobre o sentido da vida humana. Vida que tem grandes mistérios, a serem desvendados, ou não. Maria escuta uma voz cristalina que lhe fala, vinda do passado, ou até mesmo do futuro. Faz algum tempo, e é bom pensar que essa voz reflete todas as vozes do bem que lhe falaram durante sua vida real, também na ficção, e mais ainda na oração. O tanto que esperam dela como pessoa, no que acredita.

 

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Naquele tempo não havia Dia das Bruxas...

Feliz Dia das Bruxas! Para quem festeja a data!

 

 


 

 

 

 


domingo, 24 de outubro de 2021

Patinador e sua parceira deram um show extraordinário.

  
extraordinário que  e patinador seja cego

 DIA MUNDIAL DAS MISSÕES

24  de outubro - instituída a data pelo papa Pio XI, em 1926


                           O MOVIMENTO DAS MISSÕES

 


 

 

 

 O quadro Mulher com a Jarra de Água seduz o observador de modo especial por se tratar da representação de uma possível candidata ao trabalho missionário. Representação do humanismo da fé no mundo medieval. Saía a Europa das trevas das superstições e perseguições religiosas, e vendo possibilidades no mundo em expansão.  Oportunidade de realização feminina fora do ambiente fechado do lar, ou de algum mosteiro onde muitas mulheres se abrigavam na época, por força das circunstâncias. A mulher e a civilização numa renovação pela riqueza das terras além-mar, e pela fé missionária. A Igreja assume então a missão de preservar a fé e educar os colonizadores, dever que se estendia aos povos nativos, de convertê-los e livrá-los da exploração.  

A jarra de prata para água, o que a difere dos vasos fechados de cerâmica vistas em outros quadros de Vermeer, contendo produto destilado, ou oculto. A água do batismo cristão, a pureza da água, onde a vida se origina, sem água e sem luz não haveria vida. O mesmo se pode dizer da fé, que alimenta o espírito, a ponto de não haver bem estar sem ela. A água pura do batismo espiritual, próxima da abstração pela transparência, metáfora para a fé missionária, tridentina, contrarreformista. A mulher segura a jarra mantem o olhar posto no pálido vitral da janela semiaberta de algum mosteiro, de onde irá partir, na esperança que a fé católica lhe transmite. Ela está feliz por pertencer a algo que lhe proporciona  segurança material e esperança de uma boa consciência, compromissada com o mundo em que vive. Importa a realidade que vai além da simples vontade e liberdade, tanto para a fé, quanto para o gênero feminino, que goza da felicidade de ter uma missão a desempenhar, fruto da ação católica, que passa a atuar fora dos muros erguidos para limitar seus anseios. 

Há um caminho novo aberto pelas Missões em todo o mundo, o que diz o mapa pendurado na parede. A fé renovada, em ação social, após a ruptura protestante e lutas religiosas. Luminoso despertar para quem tem uma fé que a protege, com a qual pode ver o mundo, as outras pessoas, as coisas, como são de verdade. Conjurado o fantasma da angústia, da dúvida, do medo, emerge uma nova mulher, que vai ter consciência de si mesma, e que verá o mundo de modo mais límpido, transparente. Os valores cristãos contrapõem-se ao fogo das guerras, das ambições terrenas, que exacerbam as paixões na alma. Heroico o trabalho das Missões. Em vez de ideias sombrias, de fogos-fátuos, surgem as obras missionárias ancoradas na fonte viva da espiritualidade cristã. A trajetória do espírito em missão evangelizadora aliada à mente em busca do conhecimento racional, científico. As velhas certezas e incertezas se veem diante de novas esperanças, que chegam com a descoberta  da natureza pura e exuberante do Novo Mundo. O mundo mágico da América, decantada por Pero Vaz de Caminha em sua carta, sobre as riquezas da terra brasílica, recém-descoberta, “em que se plantando tudo dá”. Já no século XVI o missionário espanhol Bartolomeu De las Casas, ao saber das ações cometidas pelos espanhóis contra os nativos nas Américas, declara: “Todos os homens são iguais no que diz respeito a sua criação.” Os missionários da Companhia de Jesus acusados de irem longe demais ao condescenderem com os povos do Oriente e suas filosofia, que se veem às voltas com as crenças dos nativos do Novo Mundo. Acusação feita pelos jansenistas contra os jesuítas que teriam adotado as superstições com uma boa vontade suspeita. 

 Vermeer teria absorvido ensinamentos dos jesuíta, vizinhos de sua casa em Delft, que lhe encomendaram um quadro sobre a fé. Fez dois: “Alegoria da Fé” e “Moça com Jarra de Prata”. Heroica a trajetória humana, suas paixões a par de um conhecimento que se quer racional, científico.  No limiar dos tempos modernos encontram-se razão e fé. A busca é por uma vida interior rica, ao lado do também rico existir cotidiano, mundano, transoceânico. Grande parte das mulheres europeias boas religiosas, prontas para prestar serviço à Igreja como missionárias, também no exercício de outras funções sociais. O grande missionário jesuíta Antônio Vieira acreditava na conversão universal a cargo da Coroa lusitana, em sua aventura pelo mundo afora, seguindo o desiderato de um destino venturoso, após a derrota na batalha na África em que morreu o rei de Portugal, dom Sebastião, fato que se tornou uma lenda. Em sua “História do Futuro” Vieira, considerado “apóstolo das navegações”, abençoa o trabalho missionário,  diz aos maranhenses: “Os homens de quem aqui fala Davi são aqueles que estão nos dois últimos extremos da terra onde nasce o dia e a noite; uns nos confins do Oriente, que são as Índias Orientais, outros nos confins do Ocidente, que são as Índias Ocidentais.” Lá “no fim do mundo”, de onde teriam buscado o papa Francisco para Roma, conforme suas próprias palavras.

 Motivo de otimismo os europeus tinham com tanto ouro, prata e pedras preciosas, exploradas na América espanhola, depois no Brasil português, a partir de 1700. “Um Eldorado achado nos trópicos”, como se dizia. A fé caminhando ao lado do poder temporal, onde são travadas lutas tenebrosas na disputa das almas e das riquezas, no mar, na terra e no “céu”. A Europa seduzida pela filosofia oriental. Para o confucionismo, a principal meta da existência é o desenvolvimento do caráter. Na doutrina de Confúcio (600-500 a.C.) o pessoal é o social. O taoísmo de Lao-tsé (VI-V a.C.) prega que o “pessoal é a relação com a cultura”. O caminho do Tao é para que se forme uma sociedade harmoniosa com fé na natureza humana e tolerância para com os homens sem instrução e cultura, pois o que importa é a sintonia com o ritmo da vida, de acordo com o que lhe é próprio. Todavia, o taoísmo discorda da ideia da bondade inerente ao ser humano. Há que distinguir a filosofia oriental e a cultura primitiva dos nativos da Américas. Assimilação houve dos povos nativos; no Brasil, do deus Tupã, tem Iemanjá, já no México a divindade feminina é chamada de Pachamama. Para os católicos é fundamental crer em Nossa Senhora, perfeita e superior manifestação do feminino dentro da religião católica. 

Aos grandes educadores jesuítas no seu trabalho missionário devemos o bom costume da leitura, padre Vieira sendo o pioneiro, ao fazer chegar ao Brasil as primeiras publicações. Grande propagador da fé católica, defensor dos nativos, contra o massacre cultural e o trabalho escravo. No nosso país imenso é o legado das Missões, tendo os missionários fundado o primeiro colégio em São Paulo, dedicado ao “ensino dos rudimentos”, ou elementar, de ler, escrever e contar, justamente por onde tudo começa. A evangelização efetiva feita através da educação.