segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Flamenco de España

 




                                              SELVA E SALVAÇÃO

 

ANTIGO LICEU MARANHENSE

 

Extraordinária biologia do animal racional chamado homem, que evoluiu de selvagem para um ser mental e espiritualmente civilizado e cristão. Ao deixar de ser nômade torna-se assentado nas cidades que se formam, aumenta em número de pessoas e é recenseado com a família. Há o exemplo da Sagrada Família,  semente da civilização ocidental. G. K. Chesterton no seu livro “O Que Há De Errado Com O Mundo” rechaça a ambição do homem por uma total liberdade, quando então as pessoas deixam de se apoiar, de serem justas, ou boas umas para com as outras. O filósofo católico a lastimar perda da“ instituição chamada ‘casa’’, ou ‘lar privado‘, concha e órgão da família”.

O antigo lar mudou sua rotina, na atualidade a família é vista diuturnamente diante da TV e dos computadores. Os aparelhos modernos instalados em todos os cômodos da casa. A selvageria levada de fora para dentro das casas. Temida de início, a internet, torna-se veículo a conduzir o mundo como jamais foi imaginado. E assim como o homem, a mulher torna-se livre para trabalhar fora, beber nos bares, também arrumarem parceiros sexuais. Uma “aventura selvática”.

A nova casa não mais o “lar, doce lar” de tempos atrás, quando na verdade já funcionava como fábrica, onde as mulheres ocupavam-se nos seus  ofícios domésticos, inclusive, produzindo renda. Na atualidade, dedicam-se ao trabalho também em casa, nos computadores. Domésticas, mas de forma diferente, pois elas deixaram de simplesmente pedalar a máquina de costura, ou assar doces e bolos no forno, mesmo que ainda o façam, e ganhem bom dinheiro com esses ofícios.

O mal que há na racionalidade que falseia a própria natureza humana. E hoje em dia a selva do socialismo, que permeia o mundo e vai contra o ideal humano e civilizado de pertencimento, essencial para a formação da família, para a vida social, para o mundo livre, como deve ser de verdade. A frustrante ideia de coletividade saída da cabeça daqueles que se imaginam donos da verdade. A desumana rejeição da livre iniciativa, igual ao casamento coletivo de uma única mulher com vários homens, em um compartilhamento abusivo. Sabe-se lá por quais conveniências, e já há casos de uniões assim. Verdade que sempre houve casamento de conveniência, mas não desse tipo.

 Tempo de selva e salvação.

 


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

КРАСИВЫЙ И ЗАЖИГАТЕЛЬНЫЙ ЛИНДИ-ХОП. Забавное видео.

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                                                 MÃE




A cidade de S. Luís, do tamanho certo como Maria vê hoje,  é a mesma do passado, nem maior nem menor, o tamanho certo para abrigar seus habitantes. Por ruas de pedra andava a mãe com sábios passos. As mãos macias da mãe amparando os cinco filhos. Não há registro em foto, só na lembrança, do olhar firme de quem sabe o que faz. Nada de falsear as coisas.  Não havia dúvida que  havíamos todos saído da prancheta do Arquiteto supremo. 

Tempestade alguma abalava os alicerces da família. Havia uma guerra lá fora, que logo acabaria. Todos nós merecedores da paz, que reinava na nossa cidade, que tem seus mistérios, contidos nas brincadeiras de boi e tudo o mais. Bom viver. No início e meio do ano ela ia fazer compras na Rua Grande, para a família estar bem vestida e calçada no decorrer dos 12 meses. E tinha ainda o dia das compras de Natal, os presentes aguardados com ansiedade pela criançada.

Todas as perguntas dos filhos a mãe respondia de acordo com a cabeça de cada um. Não havia fantasmas a temer, nem culpas a expiar, que a mãe seguia seu caminho sem duvidar da missão a cumprir. A escuridão e o silêncio da noite encontravam todos dormindo o sono reparador, para o dia amanhecer cada vez mais lindo. A mãe sabia que tudo ia dar certo, e só tinha medo da morte, irremediável, infelizmente.

Estar viva era o que havia de maior valor para minha mãe, que caprichava em fazer o melhor dos seus dias. Não há dúvida que o trabalho dignifica o homem, e a mulher também.  Mãe que trabalhava fora, o que era uma raridade na época, anteriormente fazendo doces para festas, atividade  herdada da mãe, um referencial para a família. Ultrapassou os cem anos. 

Mãe, história de eternidade.


 



O BELO E O TEMPO!



quarta-feira, 25 de outubro de 2023

 




            A EXISTÊNCIA   —   NOSSA ANTIGA CONHECIDA


PRAÇA ODORICO MENDES S. LUÍS MA


 

Elas encontram-se para o lanche na tarde de um escaldante outono, e como todo mundo, reclamam, em uníssono. São apenas quatro, falta sempre alguém, em viagem, ou por qualquer outro motivo. Já estão sentadas e prontas para fazerem seus pedido à simpática moça do café Mimo, que sempre as atende com simpatia. O escolhido entre tantos outros cafés do Shopping, por ter produtos especiais para alérgicos.

Marta pede café com leite de amêndoas para o cappuccino, acaba de descobrir que é alérgica a lactose. Laura também descobriu ser alérgica depois dos cinquenta anos, seu problema é com o glúten e escolhe salgados da casa para tomar com café puro e coado. Laís chegou depois, e como não tem problema algum, que ela saiba, afirma, pede torta de limão, sua preferida, e também quer o mesmo café de Laura. Maria escolhe a torta de nozes e o café coado.

Não é de agora que fazem parte de um grupo de mulheres aposentadas. Conhecidas de longas datas. E como de costume, aproveitam para colocar um assunto importante em pauta, mas que não seja polêmico. Laura inicia a conversa:

— O que temos a revelar sobre a existência, nossa antiga conhecida, já que estamos acima da média em idade? Todas nós, avançadas em anos bem vividos, que não deixaram de ser desafiadores.  

Marta confirma:

— Desafiadas que somos a ter boa-vontade e a melhor das intenções para com nossa vida. A começar por acolhermos com fé cada dia que inicia. E quem se lembra disso?

    Surpreendida com a pergunta, mas sem se fazer de rogada, Laís responde de pronto:

— Tolos são aqueles que não cuidam bem de si mesma, que desgostam da vida. E desde sempre o que devemos é acolher a vida em todos os seus estágios. E agora que chegamos perto do fim termos coisas para contar da nossa existência, ou da nossa passagem por aqui. E que sejam boas histórias, não apenas das conquistas, mas do ser quem somos, ou de que nos tornamos ao longo do tempo. 

Maria gosta de escutar primeiro o que as outras têm a dizer, antes de expor seu pensamento:

— Há um existir primário, que se expande à medida do crescimento pessoal de cada pessoa, com trabalho a realizar consigo mesma, até os derradeiros momentos. De minha parte, por último, tenho ainda que vencer minha impaciência, mas não se diga que sou antissocial,  caso de quem não têm empatia com os outros, a ponto de odiar. Não sou de muitos amores, sinto até mesmo desgosto com muita coisa, mas é indispensável o respeito à natureza de cada um, indiscriminadamente. Como vocês sabem, tenho um blog há mais de dez anos, onde escrevo quase diariamente, foi o modo que achei de me comunicar,  o que muita gente faz hoje em dia. Não trato de moda, maquiagem, ou coisas que o valha, o caso desses blogs famosos, que explodem em visitações. Tenho um número bom de acesso diário.

As quatro conheciam e gostavam, sim, o blog de Maria. Clara comentou da coragem da amiga expor suas ideias. Por sua vez, Marta confessa que com a leitura do blog Novo Espaço Maria tinha melhorado no questão religiosa, e confessa que estava quase esquecida da sua fé católica da infância e juventude, a mente assoberbada, inclusive com informações de outras crenças. Laís confessou que passou a ler mais, e treinar sua mente para escrita, o que estava amando fazer, e até já pensava em criar seu próprio blog.  Maria, que há tempos aguardava os comentários, agradeceu às amigas. E não demoram a se despedirem, até o próximo mês. Marta  designada para escolher a pauta do  encontro de novembro.


segunda-feira, 23 de outubro de 2023

 



                                             ANDOU MUITOS DIAS


S. LUÍS - MA


 

                 Atravessou o umbral da casa, partiu do lar onde viveu segura com seus pais e irmãos, principalmente onde aprendeu a amar a vida como poucos amam. Você, mãe, aluna aplicada, que via o bom e o ruim como parte da vida. A família seria um útero, habitado por Deus. Ao sair de casa já uma “menina crescida”, mas ainda não de todo pronta para enfrentar os embates do dia a dia, o que sua mãe achava. Mas importava amadurecer sem perder o prumo, não se entregar a um viver ordinário.

               Achar que Deus guarda o significado da vida, era a sua fé, a indicar-lhe o caminho a seguir com esperança. Como não crer em Deus, se Ele era misericordioso, se a colocara para viver no tempo certo e no lugar certo? Uma mãe entregue a esse especial viver, como é o viver de cada ser humano, basta a creditar. Cinco seus filhos, herdeiros da sua alegria de viver, mãe. Do pai sentíamos a presença de uma pessoa decente, os filhos homens de idênticas feições.

               Pela palavra começamos a viver de verdade como ser humano, e da boca da mãe saiam sempre boas palavras, as pessoas confiavam nela. Uma luz emanava do olhar daquela mulher que andou muitos dias por sobre as estreitas ruas de pedras da cidade de S. Luís. Nem lenta, nem apressada, o passo firme.  A suprir os filhos de confiança, regando os canteiros de flores para que não murchassem. Nos dias de calor, a água escassa. A mãe era a fonte, nunca  vazia. A avó materna um referencial da família.

           A mão macia da mãe para jamais esquecer. Com a idade perdera os dentes, mas jamais se deixava ficar como terra arrasada, quando havia reparação para todo desgaste, até o final. Nada havia do que se envergonhar na brancura do seu corpo, nunca profanado. Vocacionada para ser mãe, tivera os filhos que gerara no casamento por amor. Filhos que ela quis ter, sua recompensa, seu consolo. Sabia disso.


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

 



                                O SILÊNCIO  II

 


               

              É incontestável o valor do silêncio no mundo barulhento de hoje. Antes silenciosas, as coisas hoje fazem barulho como nunca, assim como as pessoas, que são por demais barulhentas. O silêncio ganha cada vez mais significado, o que se perde quando se trata da ausência da palavra. E falar é a forma do ser humano transmitir seus pensamentos, comunicar-se com os demais.

               Há muito deixou o homem de ser aquele selvagem, que se comunicava por sons guturais, ou através de sinais. O significado que ainda têm os sinais, mas é com a palavra falada e escrita que se aprende a  comunicar-nos uns com os outros, em primeiro lugar. Diz o ditado que “Para o bom entendedor meia palavra basta”. Ou até palavra nenhuma, pois quando a gente vê, ou toca uma pessoa alguma coisa é dita. E que bom André ter chegado, mesmo que estivesse ali ao lado dela em silêncio, a quietude dele em consonância com tudo em volta.

              A comunicação através das palavras, o que realiza o homem civilizado no seu dia a dia. Marta podia arriscar a pergunta ao seu noivo silencioso: “O que você está pensando?” Tinha, todavia, receio de ser atrevida, de querer invadir o pensamento do outro, e ele mesmo podia não estar pensando em nada, tem pessoas assim. Não era assustador, parecia natural aquele silêncio, como se não houvesse nada a fazer senão ficarem os dois calados um ao lado do outro. Falar não ia ter nenhuma consequência, tudo ia acontecer do mesmo jeito, já havia sido decidido anteriormente, predeterminado a ser assim.

                  O noivo silencioso e a noiva evitando o atrevimento em falar-lhe. Próximos, mas nunca  íntimos antes das núpcias, quando ficariam mais próximos. No dia das bodas ele ficou ao lado dela silencioso como sempre. À noite ela simplesmente ficou parada olhando para ele, até que o vê abre uma folha de papel e começar a declamar palavras de amor e fé.  Ela pensou: Um construtor de poemas é sempre confiável. 

                E por tudo aquilo que já foi e continua sendo, gratidão.


terça-feira, 17 de outubro de 2023

 



                                                          O SILÊNCIO


S. LUÍS- MA


 

                Muito se afirma que o silêncio é de ouro. Acontece do mesmo perder valor quando é negada a palavra a alguém, em vez de falar-lhe. E que se diga o quanto a pessoa vale uma para o outra. O bem que há em dizer a coisa certa no momento certo à pessoa certa. Não há dúvida que em certas ocasiões o melhor é ficar calado, não dizer nada.

                Esperar atenção de alguém e receber em troca apenas o silêncio é estranho, pensou Maria ao ser chamada para passar uns dias em casa de uma pessoa, que fica o tempo todo em silêncio. Ou a noiva do seu melhor amigo era sempre assim, o que não dava para saber já que acabara de conhecê-la. Parece aquele filme com Júlia Robert. Mas a história é bem diferente em essência. Maria então se pergunta: O que se passa na cabeça de alguém silenciosa?

               A gente sempre fala uma coisa ou outra, pensa  Maria, que tem esse costume. E mesmo constrangida não queria que a outra achasse que tinha má vontade, ou qualquer tipo de coisa ruim. Arriscou dizer alguma coisa, e o mais oportuno era dizer algo sobre o tempo, que o dia está bonito, diferente  da chuva do dia anterior, e concluiu:. "Não é mesmo, amiga?" Sem obter resposta, apenas recebe um olhar, como a dizer que era melhor ficar calada. Logo Maria, que gostava de opinar sobre quase tudo.

Sim, é preciso dizer alguma coisa a alguém ao seu lado, ou vai parecer que a gente não quer falar por orgulho, descaso, sabe-se lá o que mais. Só dava para Maria pensar que aquela noiva estava apreensiva em mudar de vida,  uma pessoa que não gosta de mudanças, soube depois. Ou que outra razão teria? Alguém que se vê de repente em uma situação, e não está feliz, como devia. A noiva a se sentir prisioneira aos 17 anos, enquanto a outra na mesma idade estava ali livre, leve e solta, inclusive pra viajar de férias. Solta não, diga-se.

Foi quando Maria abriu os olhos para saber que as duas nunca seriam as melhores amigas, mas que não fossem ruins uma com a outra. A noiva podia estar insegura, com medo de dizer algo que a comprometesse, mas que não houvesse qualquer tipo de mágoa. As coisas não muito claras, nem poderiam àquela altura da vida dos três: o noivo, a noiva, e a melhor amiga do noivo. Maria arriscou falar outra vez: "Os dias passam depressa". A outra confirmou com a cabeça. E continuaram a não se falar até o dia seguinte, da partida de Maria, que pensava o quanto a vida era boa de se viver apesar dos percalços, ela bem sabia disso. O futuro de impensáveis mudanças aguardando por todos.

 

 

 


terça-feira, 10 de outubro de 2023

                                                                

                                                               O CAFETINO

     








         

 

              O prêmio Nobel da paz de 2023 foi concedido a Narges Mohammadi ativista iraniana pelos direitos das mulheres. Mesmo na prisão foi uma das vozes  femininas que se levantou contra a recente morte de Masha Amini por ter deixado escapar os cabelos ao usar o véu obrigatório pelas leis repressora do seu país, onde as mulheres vivem sob leis rígidas quanto a sua autonomia e não podem nem estudar. No Ocidente não há essa  repressão, as mulheres, hoje, com maior liberdade que no passado recente, quando eram desrespeitadas, e mesmo  vilipendiadas pelo machismo reinante, o que ainda perdura, haja vista a grande quantidade de feminicídios. No passado as mulheres ou eram casadas ou putas, salvo as solteiras abrigadas nos conventos, ou que viviam agregadas na casa de parentes. Em S. Luís o Convento das Mercês, inaugurado em 1654, ficava ao lado da Zona do meretrício, quem sabe para facilitar a travessia de um lugar para o outro. O conto a seguir, baseado em fatos verídicos, é uma contribuição ao movimento de promoção das mulheres no mundo.

           Segunda metade do século XX, no salão uma mulher de cor indefinida, azinhavrada, conversava  com outras mulheres. Logo que o homem chega ela vem recebê-lo, com a garota ao lado dele. A dona da pensão toma um susto por estar diante de uma criança. Sim, Genoveva, o mesmo nome da santa padroeira de Paris, e acaba de completar 14 anos,  tinha ido para a capital morar numa casa de família, para brincar com duas crianças pequenas, foi o que lhe disseram. Ela havia perdido a mãe naquele ano e o pai deixou que uma amiga  levasse a filha para a cidade, devido à  seca rigorosa, ocorrida no ano anterior, a fome rondando o vilarejo, perdido no sertão.

                     Durante o caminho percorrido pelas pedras antigas, que já haviam visto de tudo, o patrão de Genoveva tentava convencê-la da necessidade de ir morar na pensão da sua amiga Dalva, já que não era mais virgem. Virgindade que ele lhe havia tirado na noite anterior, enquanto a esposa dormia, coisa que costumava fazer com as moças chegadas do interior para trabalhar. Pelo caminho fazia questão de dizer para Genoveva que aquele trabalho, que nem era um trabalho, mas diversão garantida, a dona da pensão seria como sua segunda mãe. Nenhuma das garotas que ele havia levado para a pensão da Dalva quis sair dali, afirmava.

                     Acontece que uma garota havia escapada da mão do cafetino, a pretinha Sulica, que tinha a mãe ao seu lado quando foi trabalhar  na casa da sogra do dito cujo, e quando percebeu o perigo que a filha corria, sumiu com ela, tratando de casá-la o mais rápido possível. A pobre Genoveva não teve a mesma sorte, ele a insistir, que não ia faltar cliente, era novinha e de uma beleza rara, com os cabelos negros, a pela alva, tal qual a Branca de Neve, história que a garota nunca ouvira falar, vinda lá dos cafundós. O cara dizendo ao pé do seu ouvido que ela ia ganhar bom dinheiro e ainda ter prazer garantido, o que ela já  experimentara, e gozara muito bem, estava aprovada. Havia escapado de morrer no aborto que ele pagou. E não se preocupasse, ele viria vê-la sempre.  O pavor estampado no rosto de Genoveva com essas últimas palavras, ditas por um homem a quem tomara aversão.  Mas estava perdida, tinha que aceitar esse destino. 

                    Na capital maranhense onde os fatos ocorreram, sabia-se de um padre que fazia um trabalho social com as “mulheres da vida”, e já havia avisara às freiras do Serviço Social para não querer convertê-las, pois muitas estavam naquela vida por gosto. Bastava oferecer o serviço de ajuda para elas cuidarem da saúde, da segurança, e tudo o mais que precisassem. Inclusive, deixar a prostituição, mas não era coisa a exigir delas.  Voltando ao cafetino, certa ocasião ele invadiu uma casa, onde havia uma bela jovem recém-chegada de Pindaré. Uma moça bonita e pobre se arrumasse um homem para casar, tinha de se prostituir. Mas a família, que abrigara Solange, já havia providenciado estudo para ela, que ia adentrar em um novo tempo para a mulher, livre para estudar e trabalhar. Depois do susto com a cruel investida, tratou de escorraçar o indigno aos gritos, sendo acudida por vizinho, enquanto o tal se dizia inocente e partiu sem dar explicação. O cara tinha conseguido levar ao altar uma bela e exemplar mulher, por ele estuprada dias antes do casamento, e ainda se orgulhava do feito.  Não merecia ninguém ao lado dele. Parece absurdo, mas é a realidade de tempos atrás. E será que a coisa acabou? Hoje a mulher felizmente pode contar com rígidas leis em sua defesa, e os agressores punidos.  

                 A premiação na Suécia é em razão do trabalho ainda a ser feito para consolidar a paz, que só existe se houver respeito aos seres humanos, indiscriminadamente.











 

segunda-feira, 9 de outubro de 2023



 


 


OREMOS!

 

AMÉM!




 



                 

                                                            EXECUÇÃO SUMÁRIA





 

                 Nos últimos dias o país foi grandemente abalado com a morte de quatro médicos no quiosque em frente ao hotel Windsor, na Barra. Uma execução sumária, que reflete os absurdos que ocorrem no mundo de hoje. Os médicos eram referência nas cidades de S. Paulo e Bahia, onde exerciam a profissão de forma exemplar, e estavam no Rio para participar de um congresso. Um dos médicos foi confundido com o miliciano marcado para morrer. A câmara do quiosque vizinho focaliza os quatro traficantes saindo de um carro branco, e com as armas em punho atravessam a pista sem serem interceptados, e chegam ao outro lado para realizarem o crime. Em poucos minutos disparam 19 vezes contra o grupo ali sentado. Em seguida correm de volta ao carro, não sem antes retornarem para verificar a obra realizada, e só então partem dali, ciente de terem cumprido a ordem superior. Erraram, e no dia seguinte foram eles também metralhados, pois o crime organizado não perdoa o erro.

                    O caso faz lembrar a profissão de matadores no passado, que eram contratados para o serviço de matar o desafeto de alguém. Mas antes do crime o matador se certificava da pessoa, até mesmo para não cometerem injustiça. Verificavam, inclusive, se a vítima era mesmo culpada do malfeito. Era a pena de morte vigente no sertão e adjacências. Teve o caso de uma nora que mandou matar a sogra. A matadora saiu em campo para encontrar a vítima, já com a metade do dinheiro no bolso. Aproxima-se  da senhora nos seus 70 anos, e inicia uma conversar para sondar sobre a pessoa descrita como a pior do mundo.  Pergunta o que ela achava da nora, se tinha alguma queixa, e por aí vai. Fica surpreendida com os bons sentimentos da pessoa a sua frente,  resolve então abortar a execução anteriormente programada, por quem merecia um tratamento, nem que fosse no terreiro, onde muita gente se curava da falta de amor, e mesmo ódio.






quarta-feira, 4 de outubro de 2023

 




 




                                       CORAÇÃO ARRUMADO




S. LUÍS- MA


 

                     Os pares dançam sem parar, animados pela orquestra de Valdir Pasa, cantor e compositor de músicas para dança de salão. A voz famosa ressoa no ar letras que tratam das relações afetivas, com os seus percalços, e tem o “coração desarrumado”, o “amor bagunçado”, sem faltar no mote do “amor eterno”. Uma alegre mas dura chamadas para as relações nem sempre fáceis entre os casais, sem deixar de acenar para a possível felicidade amorosas. Fato que nos remete à imaginação dos intelectuais, ateus em sua maioria, que dizem ser absurda a vida, e começou com Kafka. Mas não nos parece absurda essa alegria no salão de dança. Até mesmo uma afirmação da condição humana.

                 Gente de coração arrumado, ou que busca se arrumar, põe-se alegremente a dançar, numa espécie de catarse coletiva. A sensibilidade exercitada em busca da transcendência, mesmo elementar, no caso da dança. Certo que para a alma religiosa a verdadeira alegria está na profunda fé em Deus. Mas a alegria e respeito dos casais no salão a bailar, simplesmente querem afirmar o amor um pelo outro. E há os que buscam formar par para uma longa, ou breve união, o suficiente para serem felizes. Assim como é breve ou longa a passagem de cada ser humano pela face da terra. O suficiente para a fantástica experiência da Criação.